Fraude de milhões no Iraque
Milhares de milhões de dólares podem ter sido desviados dos fundos de «reconstrução» do Iraque por altas patentes militares. As autoridades dos EUA estão a investigar o caso.
As autoridades estimam que o valor supera o esquema Madoff
O alegado esquema está a ser alvo de apreciação por parte do Inspector-Geral Especial dos Estados Unidos para a Reconstrução do Iraque e pode ascender a 128 mil milhões de dólares cujo paradeiro ninguém é capaz de indicar, relata o jornal norte-americano The Independent, citado pela Lusa.
A confirmarem-se as informações avançadas pelo periódico, esta fraude de milhões mais que duplica a que tem sido considerada como a maior burla (desvendada e assumida) da história dos EUA, o caso envolvendo o ex-presidente da Nasdaq, Bernard Madoff, que terá lesado em cerca de 50 mil milhões de dólares os respectivos clientes.
«Eu acredito que o verdadeiro saque do Iraque após a invasão foi realizado por responsáveis norte-americanos e empresas contratadas, não pelas pessoas dos bairros pobres de Bagdad», disse ao Independent um empresário norte-americano com negócios no Iraque há seis anos. Obras e infra-estruturas orçadas em milhões de dólares nunca saíram do papel ou a sua conclusão foi adiada até melhores dias.
Um esquema desta natureza e dimensão não poderá ter ocorrido sem o envolvimento de altas patentes militares dos EUA, acreditam as autoridades norte-americanas, uma vez que a chamada reconstrução do Iraque ficou sob a dependência directa do Pentágono. Conivências políticas e tráfico de influências estão igualmente por apurar. Segundo o The New York Times, que cita documentos oficiais, os primeiros suspeitos da investigação são um coronel e um tenente-coronel.
Casos conhecido
O diário nova-iorquino revela ainda que desde o início da ocupação do Iraque, figuras afectas ao Partido Republicano granjearam cargos bem remunerados na «reconstrução» do país. Um desses casos, divulgado na peça da Lusa, é o do antigo responsável pelo mercado de valores de Bagdad, um jovem de 24 anos, oriundo de uma família republicana, que encerrou a bolsa de transacções iraquiana. Supostamente esqueceu-se de pagar a renda do edifício.
Já o caso descrito pelo Público, na sua edição de terça-feira, reporta-se ao ex-responsável dos EUA para o Centro e Sul do Iraque, Robert J. Stein Jr.
Condenado por fraude e lavagem de dinheiro, Stein terá dado sumiço a quase 58 milhões de dólares durante o período em que esteve no Iraque. O responsável chegou a tirar fotografias junto das pilhas de notas de 200 dólares.
Ainda no que a episódios já conhecidos diz respeito, em 2004 e 2005 o orçamento do Ministério da Defesa iraquiano, 1,3 mil milhões de dólares, foi gasto na aquisição de helicópteros com quase 30 anos que nunca chegaram a voar e carros blindados facilmente penetráveis por um tiro de espingarda.
Os iraquianos que à época estavam à frente do departamento governamental foram considerados culpados pela fraude, mas era o exército dos EUA quem na prática controlava o ministério, faltando, por isso, apurar os demais envolvidos e os responsáveis políticos.
Blackwater muda nome
A maior empresa de segurança privada a operar no Iraque anunciou, a semana passada, que deixou de se chamar Blackwater passando a designar-se por Xe, noticiou o Wall Street Journal que cita informações baseadas numa circular interna da empresa.
A alteração, ainda não assumida publicamente pelos responsáveis da companhia, foi conhecida após o Ministério do Interior iraquiano ter anunciado que não renovaria os contratos de segurança com a Blackwater. Na base da renúncia dos serviços por parte do governo do Iraque está o assassinato de 17 civis, em Setembro de 2007, em Bagdad.
A Blackwater garante a segurança da embaixada norte-americana na capital iraquiana.
No total, estima-se que as empresas privadas de segurança sejam responsáveis por 100 mil mercenários a operarem no território.
A confirmarem-se as informações avançadas pelo periódico, esta fraude de milhões mais que duplica a que tem sido considerada como a maior burla (desvendada e assumida) da história dos EUA, o caso envolvendo o ex-presidente da Nasdaq, Bernard Madoff, que terá lesado em cerca de 50 mil milhões de dólares os respectivos clientes.
«Eu acredito que o verdadeiro saque do Iraque após a invasão foi realizado por responsáveis norte-americanos e empresas contratadas, não pelas pessoas dos bairros pobres de Bagdad», disse ao Independent um empresário norte-americano com negócios no Iraque há seis anos. Obras e infra-estruturas orçadas em milhões de dólares nunca saíram do papel ou a sua conclusão foi adiada até melhores dias.
Um esquema desta natureza e dimensão não poderá ter ocorrido sem o envolvimento de altas patentes militares dos EUA, acreditam as autoridades norte-americanas, uma vez que a chamada reconstrução do Iraque ficou sob a dependência directa do Pentágono. Conivências políticas e tráfico de influências estão igualmente por apurar. Segundo o The New York Times, que cita documentos oficiais, os primeiros suspeitos da investigação são um coronel e um tenente-coronel.
Casos conhecido
O diário nova-iorquino revela ainda que desde o início da ocupação do Iraque, figuras afectas ao Partido Republicano granjearam cargos bem remunerados na «reconstrução» do país. Um desses casos, divulgado na peça da Lusa, é o do antigo responsável pelo mercado de valores de Bagdad, um jovem de 24 anos, oriundo de uma família republicana, que encerrou a bolsa de transacções iraquiana. Supostamente esqueceu-se de pagar a renda do edifício.
Já o caso descrito pelo Público, na sua edição de terça-feira, reporta-se ao ex-responsável dos EUA para o Centro e Sul do Iraque, Robert J. Stein Jr.
Condenado por fraude e lavagem de dinheiro, Stein terá dado sumiço a quase 58 milhões de dólares durante o período em que esteve no Iraque. O responsável chegou a tirar fotografias junto das pilhas de notas de 200 dólares.
Ainda no que a episódios já conhecidos diz respeito, em 2004 e 2005 o orçamento do Ministério da Defesa iraquiano, 1,3 mil milhões de dólares, foi gasto na aquisição de helicópteros com quase 30 anos que nunca chegaram a voar e carros blindados facilmente penetráveis por um tiro de espingarda.
Os iraquianos que à época estavam à frente do departamento governamental foram considerados culpados pela fraude, mas era o exército dos EUA quem na prática controlava o ministério, faltando, por isso, apurar os demais envolvidos e os responsáveis políticos.
Blackwater muda nome
A maior empresa de segurança privada a operar no Iraque anunciou, a semana passada, que deixou de se chamar Blackwater passando a designar-se por Xe, noticiou o Wall Street Journal que cita informações baseadas numa circular interna da empresa.
A alteração, ainda não assumida publicamente pelos responsáveis da companhia, foi conhecida após o Ministério do Interior iraquiano ter anunciado que não renovaria os contratos de segurança com a Blackwater. Na base da renúncia dos serviços por parte do governo do Iraque está o assassinato de 17 civis, em Setembro de 2007, em Bagdad.
A Blackwater garante a segurança da embaixada norte-americana na capital iraquiana.
No total, estima-se que as empresas privadas de segurança sejam responsáveis por 100 mil mercenários a operarem no território.