Patronato reduz salários na Grã-Bretanha

O patronato britânico está a aproveitar o aprofundamento da crise económica e o disparo do desemprego para reduzir os salários dos trabalhadores. No dia 6 de Fevereiro, a conhecida empresa de serviços profissionais (auditorias, consultadorias) KPMG, anunciou que 69 por cento dos seus trabalhadores teriam«optado» por trabalhar apenas quatro dias por semana ou, em alternativa, «gozar» três meses de férias, sendo penalizados com a correspondente redução de salário.
Pretendendo dar o exemplo em tempos de dificuldades, a estação pública de televisão BBC decidiu reduzir em 12 por cento os salários dos seus dirigentes. Noutro ramo de actividade, o famoso escritório de advogados Freshfields Bruckhaus Deringer, fez saber, no dia 9, que não só congelará os salários até 2010, mas também passará a pagar menos aos jovens estagiários. Em vez de 66 mil libras anuais (73 500 euros), estes passarão a receber apenas 59 mil libras.
O facto de a redução de salários atingir em particular os jovens trabalhadores (18-25 anos) decorre da elevada taxa de desemprego que atinge esta camada etária (11,2%), em particular aqueles que possuem formação superior.
Segundo um estudo realizado por uma associação britânica (Association of Graduate Recruiters) junto de 250 empresas, a oferta de empregos para os jovens licenciados deverá diminuir 5,4 por cento no ano em curso. Na banca de investimento, essa queda será de 28 por cento.
A pressão sobre os salários é ainda visível no facto de a taxa de emprego dos nacionais britânicos ser inferior à dos trabalhadores imigrantes, designadamente do Leste europeu, que auferem remunerações inferiores.
A contratação em massa de imigrantes por parte de grandes empresas tem provocado nas últimas semanas protestos e greves espontâneas em vários pontos do país. Durante varios dias, os trabalhadores britânicos da petrolífera francesa Total desencadearem um movimento de greve em protesto contra a subcontratação de operários italianos e portugueses para as obras de ampliação das suas instalações. Acção semelhante ocorreu na passada semana contra a administração da Alstom que subcontratou empresas espanholas.
O agravamento da situação económica e social na Grã-Bretanha foi confirmado, no dia 11, pelo Banco de Inglaterra, que prevê uma contracção da actividade económica entre quatro e seis por cento até meados do ano.
O desemprego, que já afecta 1,97 milhões de pessoas, deverá igualmente continuar a agravar-se, podendo atingir os três milhões de pessoas até final do ano.


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