Convulsões sociais preocupam UE

A onda de protestos dos trabalhadores que varre a Europa está a deixar muito preocupados os dirigentes da União Europeia e governantes dos Estados membros. Os 27 terão mesmo aumentado o grau de vigilância sobre o risco de convulsões sociais e preparam-se para abordar a questão numa reunião dedicada ao tema.
De acordo com o diário basco Gara, que cita informações divulgadas na página de Internet eu­ob­server, as movimentações populares na Lituânia, Letónia, Bulgária e Grécia, e as mobilizações crescentes em França, Espanha, Grã-Bretanha e Alemanha, entre outros países, desencadearam o alerta sobre as consequências sociais e políticas que delas podem resultar. O caso da Islândia, uma nação na bancarrota cujo governo perdeu toda a credibilidade perante o povo e por este foi obrigado a renunciar, é um exemplo que os dirigentes europeus não pretendem ver repetido.
Nos países bálticos – e de igual modo na Bulgária – , as manifestações de descontentamento assumiram um cariz de revolta antigovernamental. Os executivos lituano e letão convocaram uma reunião conjunta para analisar a situação, particularmente grave nas respectivas capitais. Em Riga 26 pessoas ficaram feridas e mais de uma centena foi detida após confrontos com a polícia. Em Vilnius, nos últimos 15 dias de Janeiro, realizaram-se mais de uma dezena de marchas promovidas pelo movimento sindical.
Segundo o Gara, os funcionários da UE reconhecem em privado que a apreensão é grande e que os Estados membros estão a adoptar medidas de monitorização do descontentamento. Os embaixadores permanentes em Bruxelas já se reuniram e partilham informação pedida com carácter de urgência aos respectivos serviços secretos. O Conselho Europeu informal da próxima Primavera deverá digerir mais aprofundadamente a questão.
Recorde-se que o presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, classificou a situação como «muito, muito séria» e indicou a Letónia, a Hungria e a Bulgária como países de maior risco no que a convulsões sociais diz respeito. Mas estas podem ocorrer «em qualquer lugar da Europa», advertiu.


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