Faixa de Gaza

Israel volta a atacar

O Hamas reiterou a vontade de estabelecer uma trégua na Faixa de Gaza. A proposta mantém-se apesar de Israel ter voltado a bombardear o território e da ajuda humanitária ser bloqueada por Telavive.

Toneladas de ajuda humanitária estão retidos na fronteira

Segundo o porta-voz do movimento, Fawzi Barhum, citado pela Lusa, o acordo de cessar-fogo poderia ser estabelecido por um período até um ano e meio, e teria como contrapartidas a abertura de todas as passagens fronteiriças o levantamento do bloqueio imposto ao território.
O Hamas acolhe, desta forma, a proposta egípcia para o fim dos combates na região, isto apesar de Israel ter voltado a bombardear a Faixa de Gaza matando um palestiniano e ferindo outros quatro, informaram fontes médicas palestinianas.
Os alvos foram um edifício policial e cinco túneis que ligam a Faixa ao vizinho Egipto, os quais, alega Israel, servem para o contrabando de armas e munições. Acresce que o exército norte-americano, com a concordância do Egipto, está a instalar radares na fronteira com o objectivo de controlar o suposto fluxo de armamento nas passagens subterrâneas.
Rejeitando o início de uma nova campanha militar em larga escala contra a Faixa de Gaza, as autoridades de Telavive justificam estas operações com o lançamento de rockets artesanais por parte da resistência palestiniana. O primeiro-ministro Ehud Olmert anunciou mesmo uma resposta «severa e desproporcionada» aos disparos feitos a partir de Gaza «no momento, lugar e forma que escolhermos». Mas da Cisjordânia não têm sido lançados quaisquer foguetes e o exército israelita abateu um palestiniano na cidade de Hebron, segunda-feira.
No mesmo dia, o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmoud Abbas, esteve no Cairo para negociar com responsáveis locais o plano de trégua duradoura e as conversações de reconciliação entre as facções palestinianas . À margem da visita, Abbas acusou o Hamas de fornecer pretextos a Israel para voltar a atacar Gaza ao continuar o lançamento de rockets. Alguns dos projécteis disparados durante o fim-de-semana foram reivindicados pelas Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, grupo ligado à Fatah. O Hamas não reivindicou qualquer disparo.
Da capital egípcia, o presidente da ANP partiu para um périplo pela Europa e Turquia – cujo primeiro-ministro, Recep Erdogan, se envolveu, a semana passada, numa acesa troca de palavras com o presidente israelita, Shimon Peres, durante um debate sobre a situação no Médio Oriente ocorrido no Fórum Económico de Davos.

Ajuda bloqueada

Entretanto, o exército israelita mantém bloqueadas as passagens para a Faixa de Gaza, impedindo que a maior parte da ajuda humanitária chegue à depauperada população palestiniana. De acordo com informações fornecidas pelas Nações Unidas, são precisos no mínimo 600 camiões de bens alimentares e medicamentos por dia, mas o governo sionista só tem permitido a entrada no território de cerca de uma centena.
É uma vergonha que centenas de toneladas permaneçam retidas por Israel por alegadas medidas de segurança, disse John Ging, da Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, em cujas instalações, lembrou ainda, permanecem mais de 10 mil pessoas cujas habitações ficaram em escombros.
No mesmo sentido pronunciou-se a organização OXFAM, que exemplificou a situação com o que se passa na fronteira de Kerem Shalon. Em Junho de 2007, por ali passavam 1320 camiões todas as semanas. Agora, passam pouco mais de 90 quando a sua capacidade máxima está estimada em 750 veículos diários.
Também a FAO se pronunciou sobre as consequências da ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza. Para a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, quase todas as 13 mil famílias de Gaza dependentes da agricultura, da pecuária e da pesca sofreram graves danos, agravando as carências já existentes em resultado de um ano e meio de bloqueio.

Campanha contra o fascismo

Tendo em vista as eleições legislativas em Israel, no próximo dia 10, a Frente Democrática para a Paz e a Igualdade (Hadash) e o Partido Comunista de Israel têm em curso uma campanha cujo foco é o combate ao fascismo e ao racismo no país. O lema é «Judeus e Árabes recusam ser inimigos. Hadash, o oposto de Lieberman».
Lieberman é o líder do partido racista israelita e por isso é visado pela campanha, mas para o responsável do Hadash, Mohammad Barakeh, infelizmente o fundamental das suas ideias penetrara em toda a sociedade israelita, levando a um crescente achincalhamento da população árabe israelita. Decisões como a proibição de dois partidos árabes por parte da Comissão Eleitoral - posteriormente revogada pelo Supremo Tribunal -, elucidam a campanha de demonização dos cidadãos israelitas de origem árabe e enquadra-se numa campanha mais vasta de apresentação de um falso inimigo interno cujo fim é a fascização do país e divisão da sua população, lembrou.


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