Greve «extraordinária» e 70 mil assinaturas

Outra lição dos professores

Com a greve nacional de dia 19, que teve uma adesão média de 91 por cento, e a entrega de um novo abaixo-assinado, apoiado por mais de 70 mil subscritores, os docentes deram «uma grande lição» ao Governo, disse Mário Nogueira.

A estabilidade nas escolas está nas mãos do Governo

A greve, convocada pela Fenprof e demais estruturas da Plataforma Sindical dos Professores, ocorreu no dia em que passaram dois anos desde a publicação do Estatuto da Carreira Docente. Da posição que o Ministério da Educação venha a tomar nas negociações para a revisão deste ECD, as quais começam dia 28, dependerá a decisão concreta dos sindicatos quanto a novas lutas.
Isto foi sublinhado nas declarações do porta-voz da Plataforma e secretário-geral da Fenprof, aos jornalistas que acompanharam a entrega do abaixo-assinado, segunda-feira à tarde. Ficou bem patente na repetição do número recorde de assinaturas deste documento, precisamente a apoiar as posições sindicais quanto ao ECD. E está inscrito na última nota que a Plataforma divulgou à comunicação social, ao início da noite de segunda-feira: «Está, agora, nas mãos do Governo contribuir para que este conflito possa ser solucionado. Da parte dos professores a determinação para a luta continua a ser a que hoje, mais uma vez, revelaram, na certeza de que a razão está do seu lado e tudo farão para que esta se imponha à prepotência governativa, levando a uma profunda mudança no rumo da actual política educativa.»
Nesta nota, a Plataforma informa que «cerca de 91 por cento» dos professores e educadores estiveram em greve, a nível nacional, «numa extraordinária resposta de luta, face à intransigência, à teimosia e à obstinação de um Ministério e de um Governo que não desistem de levar por diante uma política desastrosa que está a degradar a Escola Pública e a dificultar o exercício profissional dos docentes, com graves repercussões nas aprendizagens dos alunos».

E vão seis!

Recorda a Plataforma que esta foi a sexta «fortíssima luta» dos professores, em menos de um ano. A jornada de 19 de Janeiro seguiu-se à «marcha da indignação», a 8 de Março de 2008, com mais de cem mil docentes; à manifestação nacional de 8 de Novembro, que reuniu mais de 120 mil; à greve nacional de 3 de Dezembro, com 94 por cento de adesão; à entrega, dia 22 de Dezembro, de um abaixo-assinado com cerca de 70 mil assinaturas, recolhidas em pouco mais de uma semana, a reiterar as exigências de suspensão do modelo de avaliação do ME e de revisão do Estatuto da Carreira Docente.
Novo abaixo-assinado foi entregue no dia da greve, na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, por uma delegação da Plataforma, acto que se repetiu nos governos civis. Esta entrega foi acompanhada por várias centenas de professores, em manifestações, como sucedeu em Viseu (750 docentes, segundo o SPRC, que desfilaram do Rossio até à representação distrital do Governo), na Guarda e em Braga.
Com «este riquíssimo património de luta, construído pelos professores e educadores portugueses e hoje reforçado com mais uma inesquecível jornada», ficou reafirmada «a exigência de suspensão do actual modelo de avaliação, bem como de uma revisão do ECD que permita eliminar os seus aspectos mais negativos, designadamente, a divisão da carreira em categorias e o actual modelo de avaliação, incluindo a abolição das quotas» para as classificações máximas - conclui a Plataforma.
Os números detalhados da adesão à greve e as extensas listas de escolas encerradas estão publicados na Internet, nos sítios da Fenprof e dos seus sindicatos.
Anteontem, começou a vigorar o pré-aviso de greve às aulas assistidas, apresentado para que, até 20 de Fevereiro, os professores avaliadores possam recusar-se a assistir a aulas de colegas avaliados.
Por outro lado, continua a aumentar o número de escolas onde se reafirma a decisão de suspender o processo de avaliação, enquanto «são milhares os professores que decidem não entregar os objectivos individuais», recordou a Fenprof, na sexta-feira.


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