Lisboa

Combater a ineficácia e a propaganda do PS

Modesto Navarro
Em Lisboa não há plano estratégico para a cidade e a prometida revisão e actualização do PDM (Plano Director Municipal) também não aparece.
Nas Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2009 não há orientações para uma governação do município. Há propaganda e propostas que não vão ser realizadas em 2009.
Em 2007 e 2008 era a dívida, foi a dívida, continuou a dívida a ocultar a ineficácia. Agora é o eleitoralismo, embora encapotado; fazer crer que há projectos, que há ideias… Tudo ao molho e fé na confusão eleitoralista que aí vem.
Projectos e propostas estruturantes não existem. Não há ataque sério ao problema da falta de rejuvenescimento da cidade. Pelo contrário, quer-se alienar património; existe uma previsão elevada de venda de terrenos e do que faz falta para planificar, urbanizar e construir para os mais novos, para atrair gente jovem à cidade. A reabilitação urbana ficará para os especuladores e para novos condomínios fechados.
Sempre falámos de «custos da capitalidade», exigindo dos governos respostas coordenadas com o município para construir a cidade. Só agora vêm as respostas, pela mão de António Costa, com José Sócrates, mas são de alienação de espaços importantes, para ajudar o Governo a fazer negócios com o património de Lisboa.
Perde-se emprego, não há política de atracção de investimento e de criação de empresas. Para António Costa isso não interessa nada. Ficam as oportunidades para outros concelhos da área metropolitana e a população continuará a sair de Lisboa.
Humanização da cidade, onde fica? Não há projectos culturais e desportivos para os espaços e colectividades, nem a participação dos lisboetas na definição de novos projectos. Na acção social, a dotação do orçamento baixa 1,2 milhões de euros, num ano difícil como será o de 2009.
Na cultura, o grosso da dotação da acção cultural é para a EGEAC. Teremos festas e festinhas preparatórias das eleições, para além de resolução de problemas financeiros da empresa.
O Orçamento do desporto passa para metade. Não ficam condições para o lançamento dos Jogos de Lisboa e de actividades a sério. António Costa é cúmplice no sacrifício do Complexo Desportivo da Lapa e dá o Pavilhão Carlos Lopes e as verbas do casino para ajudar o Governo a avançar na especulação com 10 mil metros quadrados de terrenos da Lapa que ficam à venda.

Populações discriminadas

Diversas ajudas e terrenos municipais vão para o Estado, para o IPO, que sairá da Praça de Espanha (abrindo a porta à especulação imobiliária) e para a construção do Hospital de Marvila à custa da destruição de cinco hospitais na zona central e identitária de Lisboa – Desterro, S. José, Capuchos, Santa Marta e D. Estefânia. Duas mil camas irão desaparecer, contra 800 camas do novo hospital, que terá gestão público-privada e fica longe do centro de Lisboa. As populações das muitas freguesias lisboetas que os cinco hospitais ainda servem terão de deslocar-se a Chelas. Foi isto que o PS no Governo e na CML acordaram num protocolo assinado por António Costa e o Ministério da Saúde. Nós queremos o Hospital da Zona Oriental de Lisboa, mas não à custa da destruição de cinco hospitais que são profundamente importantes para a nossa cidade, que não pode ficar ainda mais pobre na área da saúde.
António Costa não gosta do poder local.
Tudo vai continuar no marasmo da «formiguinha» que canta promessas e joga na preparação de altos negócios e na politiquice barata, mais do que trabalha.
É o sinal dos tempos. Crise nas vocações da «cigarra» e da «formiga», trocas e baldrocas de nomes e combates menores em perspectiva. O eleitoralismo já por aí campeia.
Lisboa sofre e vai ter de resolver de outra forma a sua vida. Com cantigas e cigarradas não sai da cepa torta.
Uma situação que também se agrava é a do trabalho das Juntas de Freguesia.
Os salários dos eleitos a tempo inteiro ficam em causa, por obra do Orçamento do Estado do Governo PS, e a capacidade de realização dos executivos poderá baixar. Esse é o objectivo do Governo PS, reduzir a vida autárquica nas freguesias, como sempre tentou com as câmaras municipais. E a Câmara de presidência do PS acompanha o governo nessa acção contra as autarquias locais e agrava a situação em Lisboa.
Temos uma atitude de luta e de defesa do poder local democrático. Por isso, votámos contra as grandes opções do plano e orçamento, por não darem as respostas que se exigem, e estamos no terreno, com as populações das freguesias e com os trabalhadores, para afirmarmos as propostas da CDU e para combatermos a evidente paralisia em Lisboa e a propaganda de António Costa e do PS.


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