Geórgia renova tensão
A Geórgia acusou as forças de interposição russas de atacarem a caravana onde seguia o presidente do país, Mikhail Saakachvili, e o homólogo polaco, Lech Kaczynski, junto à fronteira com a Ossétia do Sul.
Em conferência de imprensa, Saakachvili classificou de «bárbaros» os métodos empregues pelas tropas de Moscovo, ao passo que o chefe de Estado polaco – convidado de honra dos festejos do 5º aniversário da «revolução rosa», iniciativa que logrou colocar Saakachvili no poder -, fazendo coro da apreciação precedente, não exitou em afirmar que o cessar-fogo decretado após o conflito de Agosto passado entre a Geórgia e a Rússia havia sido violado.
Instado a comentar o incidente, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, qualificou-o de «provocação» por parte do governo de Tiblisi. Antes das declarações de Lavrov, proferidas à margem da XVI Cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que decorreu em Lima, no Peru, já um porta-voz militar do Kremlin tinha garantido que «as forças de manutenção de paz não participaram no tiroteio».
No mesmo sentido pronunciaram-se as autoridades ossetas, as quais asseguraram que as suas forças armadas não tiveram qualquer envolvimento na troca de tiros.
Quem também se pronunciou sobre a alegada escaramuça foram o secretário-geral da NATO e alto representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança Comum. Mesmo ressalvando não saberem exactamente o que se terá passado e, por isso, necessitarem de informações adicionais, Jaap de Hoop Scheffer e Javier Solana manifestaram, em conversa com os jornalistas, que o facto de se terem registado disparos «independentemente da proveniência» não só «não é bom» como «não está no espírito do acordo».
Provocação à medida
A renovada tensão na região do Cáucaso (que recentemente teve como outros episódios ataques de grupos armados contra as autoridades russas na Tchechénia, na Inguchétia e no Daguestão), ocorre no contexto de três importantes iniciativas envolvendo os dois blocos imperialistas atlânticos, UE e EUA, e a Rússia.
Brevemente, parte para a Geórgia uma unidade de missão da UE – liderada pela ex-representante da ONU naquele país, entre 2002 e 2006, Heidi Tagliavini – com o objectivo de apurar no terreno, até ao final do primeiro semestre de 2009, «as origens e o desenrolar do conflito na Geórgia», explica a UE.
Posteriormente, Tagliavini apresentará um relatório à Geórgia e à Rússia, bem como aos ministros da UE, à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e às Nações Unidas.
O documento antevê-se pouco pacífico, dado que as posições de Moscovo e Tiblisi continuam extremadas e, no seio da UE, não existe unanimidade quanto à leitura do conflito depois do presidente em exercício, Nicolas Sarkozy, ter repartido as culpas falando numa investida georgiana e numa reacção desproporcionada da Rússia.
Acresce que, segundo noticiou o The New York Times na primeira semana de Novembro, os observadores militares da OSCE confirmam que foi a Geórgia, aliado estratégico dos EUA, quem, na noite de 7 para 8 de Agosto, iniciou bombardeamentos de artilharia e mísseis contra a capital da Ossétia do Sul, Tsinkhvali.
Por outro lado, na agenda de Moscovo e Bruxelas está também a renegociação do acordo de parceria e cooperação mútua. A este respeito, e paralelamente à passagem do presidente russo, Dimitri Medvedev, por Lisboa, a semana passada, em trânsito para o Fórum da APEC, o embaixador lituano em Portugal, Algimantas Rimkunas, considerou que o diálogo não se pode empreender sem ponderar a «seríssima violação da lei internacional» por parte da Rússia.
Citado pela Lusa, Rimkunas teceu duras críticas ao reconhecimento por parte de Moscovo da independência da Abecásia e da Ossétia do Sul, sublinhou a «invasão» da Geórgia por parte da Rússia durante a guerra de Agosto, e expressou preocupação pelo que chamou de remilitarização do enclave de Kaliningrado, território de soberania russa onde o Kremlin pretende instalar um sistema de mísseis que responda ao sistema congénere norte-americano previsto para a República Checa e Polónia.
As palavras do diplomata confirmam que a Lituânia, tal como a Polónia de Kaczynski, são parte do contingente europeu favorável ao acicatar das relações com a Rússia.
Desacordo sobre o nuclear
Finalmente, outra das iniciativas no quadro da tensão entre entre o eixo euro-norte-americano e a Rússia é a negociação de tratados para a redução de armamento.
No final da semana passada, Rússia, EUA, Bielorrússia, Ucrânia e Cazaquistão saíram de Genebra sem acordo quanto à redução de armas estratégicas, cujo convénio expira no final do próximo ano.
O desacordo parece favorecer mais as pretensões de Washington que de Moscovo, uma vez que os últimos propuseram um pacto vinculativo que sucedesse ao START, enquanto que os primeiros têm em mente um documento menos formal, correspondendo, aliás, às linhas orientadoras definidas pela Casa Branca de uso do nuclear como arma táctica e não como recurso estratégico.
Em conferência de imprensa, Saakachvili classificou de «bárbaros» os métodos empregues pelas tropas de Moscovo, ao passo que o chefe de Estado polaco – convidado de honra dos festejos do 5º aniversário da «revolução rosa», iniciativa que logrou colocar Saakachvili no poder -, fazendo coro da apreciação precedente, não exitou em afirmar que o cessar-fogo decretado após o conflito de Agosto passado entre a Geórgia e a Rússia havia sido violado.
Instado a comentar o incidente, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, qualificou-o de «provocação» por parte do governo de Tiblisi. Antes das declarações de Lavrov, proferidas à margem da XVI Cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, que decorreu em Lima, no Peru, já um porta-voz militar do Kremlin tinha garantido que «as forças de manutenção de paz não participaram no tiroteio».
No mesmo sentido pronunciaram-se as autoridades ossetas, as quais asseguraram que as suas forças armadas não tiveram qualquer envolvimento na troca de tiros.
Quem também se pronunciou sobre a alegada escaramuça foram o secretário-geral da NATO e alto representante da União Europeia para a Política Externa e Segurança Comum. Mesmo ressalvando não saberem exactamente o que se terá passado e, por isso, necessitarem de informações adicionais, Jaap de Hoop Scheffer e Javier Solana manifestaram, em conversa com os jornalistas, que o facto de se terem registado disparos «independentemente da proveniência» não só «não é bom» como «não está no espírito do acordo».
Provocação à medida
A renovada tensão na região do Cáucaso (que recentemente teve como outros episódios ataques de grupos armados contra as autoridades russas na Tchechénia, na Inguchétia e no Daguestão), ocorre no contexto de três importantes iniciativas envolvendo os dois blocos imperialistas atlânticos, UE e EUA, e a Rússia.
Brevemente, parte para a Geórgia uma unidade de missão da UE – liderada pela ex-representante da ONU naquele país, entre 2002 e 2006, Heidi Tagliavini – com o objectivo de apurar no terreno, até ao final do primeiro semestre de 2009, «as origens e o desenrolar do conflito na Geórgia», explica a UE.
Posteriormente, Tagliavini apresentará um relatório à Geórgia e à Rússia, bem como aos ministros da UE, à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) e às Nações Unidas.
O documento antevê-se pouco pacífico, dado que as posições de Moscovo e Tiblisi continuam extremadas e, no seio da UE, não existe unanimidade quanto à leitura do conflito depois do presidente em exercício, Nicolas Sarkozy, ter repartido as culpas falando numa investida georgiana e numa reacção desproporcionada da Rússia.
Acresce que, segundo noticiou o The New York Times na primeira semana de Novembro, os observadores militares da OSCE confirmam que foi a Geórgia, aliado estratégico dos EUA, quem, na noite de 7 para 8 de Agosto, iniciou bombardeamentos de artilharia e mísseis contra a capital da Ossétia do Sul, Tsinkhvali.
Por outro lado, na agenda de Moscovo e Bruxelas está também a renegociação do acordo de parceria e cooperação mútua. A este respeito, e paralelamente à passagem do presidente russo, Dimitri Medvedev, por Lisboa, a semana passada, em trânsito para o Fórum da APEC, o embaixador lituano em Portugal, Algimantas Rimkunas, considerou que o diálogo não se pode empreender sem ponderar a «seríssima violação da lei internacional» por parte da Rússia.
Citado pela Lusa, Rimkunas teceu duras críticas ao reconhecimento por parte de Moscovo da independência da Abecásia e da Ossétia do Sul, sublinhou a «invasão» da Geórgia por parte da Rússia durante a guerra de Agosto, e expressou preocupação pelo que chamou de remilitarização do enclave de Kaliningrado, território de soberania russa onde o Kremlin pretende instalar um sistema de mísseis que responda ao sistema congénere norte-americano previsto para a República Checa e Polónia.
As palavras do diplomata confirmam que a Lituânia, tal como a Polónia de Kaczynski, são parte do contingente europeu favorável ao acicatar das relações com a Rússia.
Desacordo sobre o nuclear
Finalmente, outra das iniciativas no quadro da tensão entre entre o eixo euro-norte-americano e a Rússia é a negociação de tratados para a redução de armamento.
No final da semana passada, Rússia, EUA, Bielorrússia, Ucrânia e Cazaquistão saíram de Genebra sem acordo quanto à redução de armas estratégicas, cujo convénio expira no final do próximo ano.
O desacordo parece favorecer mais as pretensões de Washington que de Moscovo, uma vez que os últimos propuseram um pacto vinculativo que sucedesse ao START, enquanto que os primeiros têm em mente um documento menos formal, correspondendo, aliás, às linhas orientadoras definidas pela Casa Branca de uso do nuclear como arma táctica e não como recurso estratégico.