Comunistas reúnem-se em Congresso
Realizou-se nos dias 14, 15 e 16, em Bogotá, o XX Congresso do Partido Comunista Colombiano (PCC). A reunião magna decorreu no contexto da crise política, social e económica no país.
Não haverá paz sem transformações políticas, económicas e sociais
Culminando meses de discussão e análise colectiva, o Congresso do PCC que decorreu na capital colombiana abordou como temas centrais as características da crise capitalista mundial e os seus efeitos na sociedade colombiana, o estado das lutas do povo, o seu nível de mobilização e, sobretudo, a sua unidade, e o desempenho da organização comunista no contexto do desenvolvimento do Pólo Democrático Alternativo (PDA) enquanto estrutura unitária. No decurso dos trabalhos, a assembleia plenária que encerrou na noite de domingo elegeu ainda o novo Comité Central, com um total de 56 membros, e aprovou uma declaração política que sublinha que o actual contexto político e social no país e no mundo «abre novas possibilidades e gera grandes esperanças para avançar no projecto histórico dos comunistas para uma segunda e verdadeira emancipação».
Na primeira reunião da recém eleita direcção colectiva, foram também sufragados os integrantes do novo Comité Executivo Central, num total de 13 membros efectivos e dois suplentes, e reconduzido no cargo de secretário-geral do Partido Comunista Colombiano Jaime Caycedo Turriago.
Mudar de política é urgente
Começando por afirmar que «o sistema capitalista mundial está envolto numa das mais agudas crises da sua história», a declaração política ratificada pelos cerca 300 delegados que participaram no XX Congresso do PCC sublinha que ela «mostra de forma crua os limites históricos do sistema e gera novas condições para a luta e a acção colectiva organizada contra o capitalismo», colocando como questão do momento a «emancipação humana e o socialismo».
A crise coloca em questão a hegemonia imperialista norte-americana e o seu domínio económico, territorial, militar e ideológico, e a eleição de Barak Obama para a presidência, mais que uma mudança efectiva no conteúdo da estratégia imperialista, é uma tentativa de sair da crise recompondo as forças capitalistas mundiais, diz o documento.
No plano nacional, «a crise coloca em causa o “modelo económico” da extrema-direita» liderada pelo presidente Álvaro Uribe, e «coincide com um movimento social e popular em ascenso, que sintetiza e estimula, através de diversas formas, não apenas o acumulado de resistência, mas as aspirações políticas, sociais, económicas e culturais do povo trabalhador a favor da transformação da sociedade», frisa ainda o texto publicado na página oficial do PCC.
Mas a erosão do apoio ao governo de Uribe e a contestação à actual configuração do poder político «não acaba com as pretensões das classes dominantes em estabelecerem um regime de excepcionalidade permanente, nem a conclusão do projecto de acumulação capitalista baseado na exploração, na deslocação forçada de milhões de colombianos, nas violações de Direitos Humanos». Antes, deixa patente a contradição entre um executivo ao serviço dos interesses financeiros, dos terra-tenentes, e pró-imperialistas, e «os interesses e aspirações democráticas e emancipadoras do conjunto da sociedade», impondo uma leitura integrada do conflito social e armado no país que aponta claramente para a tese de que «não haverá paz na Colômbia sem transformações políticas, económicas e sociais».
Neste quadro, o Congresso saudou «os lutadores sociais e populares, os operários e camponeses, os indígenas, os jovens e as mulheres, os defensores dos Direitos Humanos, os presos políticos, os militantes comunistas e em geral o povo colombiano, e exorta-os a empenharem-se na construção de uma nova sociedade», conclui a resolução.
A luta é o caminho
Entretanto, a luta social e política na Colômbia reforça-se. Na primeira linha, neste momento, estão os indígenas e os camponeses, os quais, apesar da repressão governamental que se abateu sobre a manifestação que invadiu a cidade de Cali, em Outubro, voltaram às ruas numa marcha que hoje chega a Bogotá.
Pelo caminho, Uribe tenta travar o passo ao povo que exige terras e respeito pelos direitos comunitários. Amanhã juntam-se-lhes trabalhadores, estudantes e professores numa das principais praças da capital colombiana, engrossando o protesto contra o governo e por uma mudança de política que acolha os seus interesses e reivindicações.
Dados oficiais indicam que um terço dos trabalhadores, isto é mais de seis milhões de pessoas, recebem salários abaixo do mínimo estabelecido, facto que leva as centrais sindicais a pedirem aumentos de 15 por cento para o próximo ano.
As baixas remunerações dos trabalhadores e o desespero são pasto fértil para o logro. Exemplo disso são as empresas que prometem juros sobre o valor depositado na ordem dos 150 por cento a cada seis meses. Os filhos do presidente Uribe estão alegadamente envolvidos no negócio que, a semana passada, levou milhares de colombianos ao protesto em dezenas de cidades, na sequência de rumores que indicam a falência do esquema financeiro «piramidal» no país.
Na primeira reunião da recém eleita direcção colectiva, foram também sufragados os integrantes do novo Comité Executivo Central, num total de 13 membros efectivos e dois suplentes, e reconduzido no cargo de secretário-geral do Partido Comunista Colombiano Jaime Caycedo Turriago.
Mudar de política é urgente
Começando por afirmar que «o sistema capitalista mundial está envolto numa das mais agudas crises da sua história», a declaração política ratificada pelos cerca 300 delegados que participaram no XX Congresso do PCC sublinha que ela «mostra de forma crua os limites históricos do sistema e gera novas condições para a luta e a acção colectiva organizada contra o capitalismo», colocando como questão do momento a «emancipação humana e o socialismo».
A crise coloca em questão a hegemonia imperialista norte-americana e o seu domínio económico, territorial, militar e ideológico, e a eleição de Barak Obama para a presidência, mais que uma mudança efectiva no conteúdo da estratégia imperialista, é uma tentativa de sair da crise recompondo as forças capitalistas mundiais, diz o documento.
No plano nacional, «a crise coloca em causa o “modelo económico” da extrema-direita» liderada pelo presidente Álvaro Uribe, e «coincide com um movimento social e popular em ascenso, que sintetiza e estimula, através de diversas formas, não apenas o acumulado de resistência, mas as aspirações políticas, sociais, económicas e culturais do povo trabalhador a favor da transformação da sociedade», frisa ainda o texto publicado na página oficial do PCC.
Mas a erosão do apoio ao governo de Uribe e a contestação à actual configuração do poder político «não acaba com as pretensões das classes dominantes em estabelecerem um regime de excepcionalidade permanente, nem a conclusão do projecto de acumulação capitalista baseado na exploração, na deslocação forçada de milhões de colombianos, nas violações de Direitos Humanos». Antes, deixa patente a contradição entre um executivo ao serviço dos interesses financeiros, dos terra-tenentes, e pró-imperialistas, e «os interesses e aspirações democráticas e emancipadoras do conjunto da sociedade», impondo uma leitura integrada do conflito social e armado no país que aponta claramente para a tese de que «não haverá paz na Colômbia sem transformações políticas, económicas e sociais».
Neste quadro, o Congresso saudou «os lutadores sociais e populares, os operários e camponeses, os indígenas, os jovens e as mulheres, os defensores dos Direitos Humanos, os presos políticos, os militantes comunistas e em geral o povo colombiano, e exorta-os a empenharem-se na construção de uma nova sociedade», conclui a resolução.
A luta é o caminho
Entretanto, a luta social e política na Colômbia reforça-se. Na primeira linha, neste momento, estão os indígenas e os camponeses, os quais, apesar da repressão governamental que se abateu sobre a manifestação que invadiu a cidade de Cali, em Outubro, voltaram às ruas numa marcha que hoje chega a Bogotá.
Pelo caminho, Uribe tenta travar o passo ao povo que exige terras e respeito pelos direitos comunitários. Amanhã juntam-se-lhes trabalhadores, estudantes e professores numa das principais praças da capital colombiana, engrossando o protesto contra o governo e por uma mudança de política que acolha os seus interesses e reivindicações.
Dados oficiais indicam que um terço dos trabalhadores, isto é mais de seis milhões de pessoas, recebem salários abaixo do mínimo estabelecido, facto que leva as centrais sindicais a pedirem aumentos de 15 por cento para o próximo ano.
As baixas remunerações dos trabalhadores e o desespero são pasto fértil para o logro. Exemplo disso são as empresas que prometem juros sobre o valor depositado na ordem dos 150 por cento a cada seis meses. Os filhos do presidente Uribe estão alegadamente envolvidos no negócio que, a semana passada, levou milhares de colombianos ao protesto em dezenas de cidades, na sequência de rumores que indicam a falência do esquema financeiro «piramidal» no país.