Brasil

Desigualdades diminuem em ritmo lento

A situação socioeconómica do Brasil melhorou em 2007, mas dados oficiais divulgados, dia 18, mostram um país ainda muito desigual, com 1,2 milhões de crianças a trabalhar e uma taxa de analfabetismo de 10 por cento.
Segundo os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) 2007, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a desigualdade entre ricos e pobres no Brasil continuou a cair no ano passado, mas a queda ainda é «discreta» na opinião dos investigadores.
Os 10 por cento mais pobres do país tinham no ano passado rendimentos que, somados, eram equivalentes a apenas 1,1 por cento da renda total dos brasileiros. Em 2006, tinham um por cento do total.
O índice de Gini, fórmula usada para medir a desigualdade, registou uma ligeira redução de 0,547 em 2006 para 0,534 em 2007. O indicador varia entre zero, que seria a igualdade perfeita, e um, que corresponderia à maior concentração de renda possível.
A PNAD revelou ainda que mais de 1,2 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 13 anos ainda eram vítimas de exploração no ano passado, embora a legislação brasileira proíba o trabalho a menores de 14 anos.
Ainda assim, o número de crianças nesta faixa etária a trabalhar caiu de 4,5 por cento em 2006, para quatro por cento no ano passado, o que significa que 171 mil conseguiram deixar o trabalho.
Outro problema é o analfabetismo, que atinge 14,1 milhões de brasileiros com mais de 15 anos de idade, ou seja, um em cada dez brasileiros ainda não sabe ler nem escrever.
Com uma taxa de analfabetismo de 10 por cento, o Brasil está em 15.º lugar no ranking de projecções de índices de analfabetismo de 22 países na América Latina. Cuba encontra-se em primeiro lugar, com uma taxa de 0,2 por cento, e o Haiti tem a pior situação, com 37,9 por cento da população acima de 15 anos analfabeta.
Todavia, também nesta área, o Brasil melhorou em 2006, quando a taxa de analfabetismo era de 10,4 por cento entre pessoas de 15 anos ou mais. Em 1992, este índice era de 17,2 por cento.
Melhorias foram igualmente registadas nos índices de saneamento, embora 26,4 por cento das habitações continuem sem ligação à rede de esgotos ou fossa séptica. Isso significa que cerca de um em cada quatro domicílios no Brasil está privada de saneamento, situação que é responsável pela propagação de doenças como cólera ou diarreia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a falta de água potável e de redes de saneamento provocam a morte de 15 mil brasileiros por ano.

«Classe média» alarga-se

Um outro estudo divulgado, no dia 19, assinala que a «classe média» aumentou 15 por cento no Brasil entre 1992 e 2007.
De acordo com os dados recolhidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a redistribuição dos rendimentos e o crescimento da economia permitiram uma redução da pobreza de 5,6 por cento em 2007.
O estudo, intitulado «Miséria e a nova classe média na década da igualdade», define o limiar de pobreza em 135 reais mensais, pouco mais de 50 euros, constatando que 18 por cento da população do Brasil está abaixo deste patamar mínimo. O FGV considera «decepcionante» o ritmo de crescimento dos rendimentos entre os segmentos mais pobres do país.


Mais artigos de: Internacional

O naufrágio de Wall Street

A bolsa de Nova Iorque caiu a pique, na segunda-feira, após a Câmara dos Representantes ter chumbado o pacote de 700 mil milhões de euros apresentado pela administração Bush para salvar a alta finança.

Triunfo esmagador

O presidente equatoriano, Rafael Correa, congratulou-se com «o triunfo esmagador» do projecto de Constituição, sufragado no domingo, que visa consolidar «o socialismo do século XXI» no país.

Cresce a luta de massas

Contra o terrorismo de Estado e a política anti-social de Álvaro Uribe, milhares de trabalhadores colombianos realizam greves, paralisações e outras lutas. Só no passado dia 12 de Setembro, em Bogotá, mais de dois mil professores concentraram-se em protesto contra a retirada por parte do Ministério da Educação do...

<i>A guerra do coltan </i>

O controlo das zonas de extracção e transporte de petróleo assume um papel geoestratégico central, sendo causa de inúmeros conflitos militares. A ocupação do Iraque pelos EUA é apenas um dos exemplos mais recentes. Mas o petróleo não é o único recurso natural responsável por conflitos militares. Basta pensar na Guerra do...