Campanha do PCP já está na rua

Lutar para mudar!

Lançada na Festa do Avante!, a campanha nacional do PCP «É tempo de lutar, é tempo de mudar – Mais força ao PCP» teve início no dia 11, numa acção de rua na Baixa de Lisboa que contou com a presença de Jerónimo de Sousa. O secretário-geral do Partido esteve no sábado em Almada, no domingo em Rio Maior e anteontem em Sacavém. Hoje, participa num comício em Alhandra. Em destaque estão o combate às alterações para pior do Código do Trabalho e à precariedade e a exigência de melhores salários e pensões.

A campanha prossegue até final de Outubro com centenas de iniciativas

Ainda o secretário-geral do PCP não tinha chegado, ao fim da tarde de dia 11, ao Largo do Chiado, na Baixa lisboeta, e já muitas dezenas de militantes comunistas se concentravam no local, distribuindo às muitas pessoas que por ali estavam ou passavam o folheto da campanha. Nesse momento, já por todo o País se encontravam afixados os cartazes afirmando: «É tempo de lutar, é tempo de mudar – Mais força ao PCP.» É precisamente esta a mensagem que o PCP pretende passar em muitas centenas de acções de rua – comícios, encontros, distribuições – a realizar até final de Outubro.
Como afirmaria Jerónimo de Sousa no comício realizado no local, o facto de o PS ter, para além do apoio da direita, uma maioria absoluta na Assembleia da República não deve levar ninguém ao desânimo. «Outros já a tiveram antes e foram derrotados» pela luta dos trabalhadores e do povo, lembrou, referindo-se particularmente ao anterior governo PSD-PP.
Com esta campanha, o PCP pretende contribuir para o esclarecimento dos trabalhadores e outras camadas da população afectadas pela ofensiva do Governo e para a sua mobilização para a luta.
E aproveitou a ocasião para saudar a decisão da CGTP-IN de convocar para o próximo dia 1 de Outubro uma grande acção de protesto e exigência de mudança. Acção que, garantiu, contará «com o empenho, com a participação e com o envolvimento dos militantes comunistas e amigos do Partido».

PS quer legalizar e aumentar a exploração

À cabeça das razões que levaram ao lançamento da campanha estão as alterações ao Código do Trabalho, que estarão presentes na abertura dos trabalhos parlamentares. Alterações que considera «dignas do século XIX». Para o secretário-geral do PCP, «não estamos apenas perante mais uma alteração nas leis laborais». Do que se trata é de um «objectivo de fundo de conteúdo político que tem a ver com a tentativa de destruição de direitos históricos dos trabalhadores»: contratação colectiva, horário de trabalho e o próprio direito ao trabalho.
Acusando o PS de ser «surdo e mudo» perante o protesto e a luta dos trabalhadores, o dirigente comunista lembrou que o PS não respeita também o direito que assiste às organizações dos trabalhadores de participarem na elaboração da legislação laboral. «Nunca se tinha visto tantos pareceres das organizações representativas dos trabalhadores, mais de três mil, demonstrando o carácter iníquo e inaceitável desta proposta.» Mas, acusou, o Governo prefere ouvir as confederações patronais.

Vidas precárias

No sábado de manhã, Jerónimo de Sousa juntou-se a largas dezenas de militantes que percorreram as ruas do Feijó, em Almada, distribuindo os folhetos da campanha e entoando palavras de ordem contra o Código do Trabalho e a precariedade e pelo aumento dos salários. O secretário-geral teve oportunidade de trocar umas palavras com algumas pessoas que por ali passavam, ouvindo queixas acerca das dificuldades da vida e transmitindo, com uma palavra ou um gesto, a confiança dos comunistas num futuro melhor.
No final da marcha, dum pequeno palco montado numa zona de passagem de muita gente, Jerónimo de Sousa referiu-se a um «mal que se abate sobre um milhão e 200 mil trabalhadores, particularmente jovens» – a precariedade. Precariedade no trabalho que é, também, a «precariedade da própria vida, tendo em conta a indefinição do seu futuro».
O secretário-geral do PCP considerou ainda uma «falsidade» as afirmações do primeiro-ministro, segundo o qual as alterações ao Código do Trabalho visam combater a precariedade. «Então este Governo, que diz querer combater a precariedade, não foi pela voz do primeiro-ministro, anunciar, em Santo Tirso, a criação de 2 mil postos de trabalho precários?»

Portugal é campeão das desigualdades

Tal como em Lisboa e no Feijó, também em Rio Maior (onde participou, domingo, num almoço), Jerónimo de Sousa acusou o Governo do PS de ter tornado Portugal num país mais injusto, mais desigual, mais dependente e mais endividado.
Actualmente, salientou o dirigente do PCP, verifica-se que dos 20 por cento dos portugueses que se encontram no limiar da pobreza um terço trabalha,. Ou seja, face aos magros salários que auferem, não conseguem fazer face ao aumento do custo de vida, nomeadamente do preço de bens e serviços essenciais. Daí ser de inteira justiça a revalorização dos salários e pensões.
A esta proposta, o Governo responde com a crise económica (como antes respondia com a necessidade de conter o défice) que a tornaria impraticável. Mas, questionou Jerónimo de Sousa, «crise para quem»? Os lucros das maiores empresas nacionais aumentam ano após ano sempre com valores de dois dígitos e as cem maiores fortunas aumentaram 44 por cento, respondeu.
Lembrando que o aumento das desigualdades não resulta de «erros» ou «azar» do Governo, mas sim de opções políticas concretas, o secretário-geral do PCP afirmou que «o problema não é a falta de riqueza do País, mas sim a forma como ela é distribuída». E o Governo do PS distribui a «favor da concentração do capital».

Concertações e promessas por cumprir

Nas várias acções em que participou, Jerónimo de Sousa desmascarou algumas mistificações lançadas pelo Governo ou pela comunicação social. Sobre a eventual «guerra» que estaria aberta entre o Governo e o Presidente da República, devido aos vetos presidenciais do Estatuto dos Açores e da Lei do Divórcio, o dirigente comunista desvalorizou-a, considerando que as divergências se irão resolver e que «aquilo que é estratégico vai manter-se».
Em sua opinião, Cavaco Silva tem «pecado por defeito e não por excesso» em relação à política do Governo. Como se verifica, por exemplo, pelo seu acordo em matérias centrais como a promulgação da lei de segurança interna ou do contrato individual de trabalho na Administração Pública.
Jerónimo de Sousa não deixou também passar em claro aquilo que considera mais uma promessa que ficará por cumprir por parte do Governo. E lembrou que aquando do debate do Orçamento de Estado para 2008, José Sócrates e o ministro das Finanças afirmavam que a inflação prevista era de 2,1 por cento e que os aumentos salariais não deveriam ultrapassar esse valor. Mas prometeram que caso a inflação fosse superior, haveria a necessária compensação.
«E o que temos hoje? Um silêncio de chumbo», denunciou Jerónimo de Sousa, realçando que já «toda a gente reconhece» que a inflação real deverá, pelo menos, atingir os 3 por cento. «Mais uma promessa não cumprida!»
A distribuição, por parte do primeiro-ministro, de cheques de 500 euros a alguns alunos que concluíram o Ensino Secundário com médias elevadas, mereceu também um comentário de Jerónimo de Sousa. Para o secretário-geral do PCP, «Sócrates andou, sorridente, a dar prémios de 500 euros a um pequeno número, mas nada disse das milhares de famílias com filhos na escola que sofrem com os brutais aumentos dos livros e do material escolar, muito acima da inflação».


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