Pico de greves
Só na primeira metade do ano, os movimentos reivindicativos na Alemanha já provocaram 250 mil dias de greve, que afectaram em especial os sectores da metalurgia e da administração pública.
Patronato alemão quer travar sindicatos independentes
O número de dias de greve em 2008 já quase ultrapassou o total registado em 2007 (286 000 dias) e poderá aproximar-se do recorde de 2006, ano em que foram recenseados 429 mil dias de greve, algo que não se observava desde 1993 (593 000 dias), segundo assinala um estudo divulgado no início da semana pelo Instituto de Conjuntura de Colónia (IW), próximo das confederações patronais.
Os especialistas do instituto manifestam a sua inquietação com este novo ascenso da conflitualidade laboral e sugerem que o governo intervenha para travar as lutas reivindicativas «pondo fim à perigosa concorrência entre sindicatos, sob pena de a Lufthansa, a Deutsche Bahn e os hospitais conhecerem os mesmos dissabores que o Reino Unido antes da era de Thatcher».
Considerando este alarmismo exagerado, a Fundação Hans Böckler, da central sindical DGB, relativiza a actual dimensão das movimentações laborais, notando que continuam muito longe das verificadas no último quartel do século passado.
De facto, mesmo tendo como referência o ano de 2006, em que se registou um pico de greves, o número de dias de trabalho perdidos foi de apenas 13 por cada mil trabalhadores. Ora, entre 1980 e 1989, a média anual foi de 27 dias de greve por cada mil trabalhadores e entre 1970 e 1979 este indicador atingiu os 52 dias.
A mesma Fundação considera ainda que o patronato alemão não tem muitas razões de queixa já que, igualmente no ano de 2006, a Itália contabilizou 27 dias de greve por cada mil trabalhadores, o Reino Unido 31, a Espanha 58 e até os Estados Unidos ultrapassaram os operários germânicos com 21 dias de greve.
Sindicalismo em mudança
Contudo, não há dúvida de que a acalmia social obtida nas últimas décadas na Alemanha, que custou parte importante do poder de compra dos trabalhadores, tem vindo a ser posta em causa por pequenos sindicatos que desafiam a hegemonia conciliadora das grandes centrais e ousam conduzir a luta reivindicativa até às últimas consequências.
Na memória dorida do patronato ficou marcada a luta exemplar dos maquinistas da Deutsche Bahn, organizados no pequeno sindicato independente GDL, que não recuou perante governo e tribunais até ver satisfeitas as suas exigências.
Em vários outros sectores, os pequenos sindicatos profissionais estão a mudar o sindicalismo, complicando a vida às administrações. Tal acontece presentemente na Lufthansa, onde o acordo recentemente assinado pelo grande sindicato Ver.di (mais de dois milhões de associados), não impediu outras estruturas, designadamente os pilotos, de prosseguirem as greves por aumentos salariais e melhores condições de trabalho. É esta a «concorrência» de que o patronato tem medo.
Os especialistas do instituto manifestam a sua inquietação com este novo ascenso da conflitualidade laboral e sugerem que o governo intervenha para travar as lutas reivindicativas «pondo fim à perigosa concorrência entre sindicatos, sob pena de a Lufthansa, a Deutsche Bahn e os hospitais conhecerem os mesmos dissabores que o Reino Unido antes da era de Thatcher».
Considerando este alarmismo exagerado, a Fundação Hans Böckler, da central sindical DGB, relativiza a actual dimensão das movimentações laborais, notando que continuam muito longe das verificadas no último quartel do século passado.
De facto, mesmo tendo como referência o ano de 2006, em que se registou um pico de greves, o número de dias de trabalho perdidos foi de apenas 13 por cada mil trabalhadores. Ora, entre 1980 e 1989, a média anual foi de 27 dias de greve por cada mil trabalhadores e entre 1970 e 1979 este indicador atingiu os 52 dias.
A mesma Fundação considera ainda que o patronato alemão não tem muitas razões de queixa já que, igualmente no ano de 2006, a Itália contabilizou 27 dias de greve por cada mil trabalhadores, o Reino Unido 31, a Espanha 58 e até os Estados Unidos ultrapassaram os operários germânicos com 21 dias de greve.
Sindicalismo em mudança
Contudo, não há dúvida de que a acalmia social obtida nas últimas décadas na Alemanha, que custou parte importante do poder de compra dos trabalhadores, tem vindo a ser posta em causa por pequenos sindicatos que desafiam a hegemonia conciliadora das grandes centrais e ousam conduzir a luta reivindicativa até às últimas consequências.
Na memória dorida do patronato ficou marcada a luta exemplar dos maquinistas da Deutsche Bahn, organizados no pequeno sindicato independente GDL, que não recuou perante governo e tribunais até ver satisfeitas as suas exigências.
Em vários outros sectores, os pequenos sindicatos profissionais estão a mudar o sindicalismo, complicando a vida às administrações. Tal acontece presentemente na Lufthansa, onde o acordo recentemente assinado pelo grande sindicato Ver.di (mais de dois milhões de associados), não impediu outras estruturas, designadamente os pilotos, de prosseguirem as greves por aumentos salariais e melhores condições de trabalho. É esta a «concorrência» de que o patronato tem medo.