Milhares manifestam-se contra a xenofobia
Milhares de pessoas manifestaram-se sábado em Joanesburgo, na África do Sul, exigindo o fim da violência xenófoba que em 15 dias provocou a morte de mais de 40 imigrantes.
«Forças do antigo regime de apartheid estão a incitar à violência»
Os manifestantes, que responderam ao apelo de organizações ligadas à igreja e a sindicatos, ostentavam cartazes onde se lia «a xenofobia dói como o apartheid», sublinhando assim a sua solidariedade para com os imigrantes que nas últimas semanas têm sido vítimas de violência por parte de sul-africanos que os responsabilizam pelo aumento do desemprego e da criminalidade. Os ataques, para além das mortes, já provocaram o êxodo de pelo menos 25 000 pessoas, mais de metade das quais moçambicanas.
A actual crise começou a 11 de Maio em Joanesburgo e tem vindo a espalhar-se para outras cidades, o que levou o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, no início da semana passada, a autorizar o exército a ajudar a polícia a repor a ordem.
Entretanto, segundo a Lusa, o responsável pelos serviços secretos sul-africano, Manala Manzini, afirmou sexta-feira que pessoas ligadas às forças de segurança do antigo regime de apartheid estão a incitar à violência.
Por seu turno, o Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) assacou responsabilidades aos média sul-africanos, acusando-os de usarem expressões discriminatórias, inflamando «ainda mais a situação já de si má e grave».
Numa nota divulgada a 23 de Maio em Maputo, o director regional MISA, Kaitira Kandjii, condenou «o uso de expressões como "aliens" – forasteiros, extraterrestres ou opostos – por parte de alguns sectores dos órgãos de informação sul-africanos, em alusão a estrangeiros», considerando que tal «representa os estrangeiros como se de a-humanos se tratassem».
Apelando aos média para que envidem esforços para «acabar com as incompreensões que dão azo a violências xenófobas, não somente na África do Sul, mas em todo o continente africano», o MISA insta a imprensa a cobrir os acontecimentos de forma responsável e providenciando informação que «ajude a ‘construir pontes’ e não a agudizar os actos de violência xenófoba».
A organização não governamental lembra ainda que «os média têm obrigações morais e éticas no sentido de desenvolverem o seu trabalho de forma equilibrada, educando os cidadãos sobre o que de bom se deve fazer», e que desempenham «um papel central na disseminação de informações sobre o facto de a violência ser crime» e na «transmissão de mensagens que apelem ao fim da violência, aconselhando os perpetradores desses actos a apresentarem as suas inquietações de uma forma civilizada»
«Estrangeiros não são extraterrestres, mas, sim, seres humanos com direitos iguais aos demais, à luz das leis da África do Sul e do Direito Internacional», conclui o documento.
Outras reacções
Também a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) divulgou uma nota condenando os actos de violência, e sugerindo ao Governo e às organizações sindicais que considerem a questão da xenofobia na África do Sul «uma matéria urgente a discutir no âmbito da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral» (SADC), por colocar em causa «a estabilidade e o crescimento económico» na região.
Para a organização sindical, os ataques contra imigrantes na África do Sul «podem comprometer todos os programas e objectivos estabelecidos no contexto da integração regional» na SADC, já que «nenhum interesse pode justificar tanta barbaridade e vandalismo, caracterizado por assassinatos, imolação de pessoas pelo fogo, destruição e expropriação de habitações e bens obtidos pelo trabalho honesto»
«A OTM-CS acredita que apenas num clima de paz e harmonia é possível erradicar a pobreza, promover o emprego e desenvolvimento humano sustentável, com uma abordagem coordenada, respostas globais e estratégias nacionais e regionais adequadas», refere a nota.
A actual crise começou a 11 de Maio em Joanesburgo e tem vindo a espalhar-se para outras cidades, o que levou o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, no início da semana passada, a autorizar o exército a ajudar a polícia a repor a ordem.
Entretanto, segundo a Lusa, o responsável pelos serviços secretos sul-africano, Manala Manzini, afirmou sexta-feira que pessoas ligadas às forças de segurança do antigo regime de apartheid estão a incitar à violência.
Por seu turno, o Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) assacou responsabilidades aos média sul-africanos, acusando-os de usarem expressões discriminatórias, inflamando «ainda mais a situação já de si má e grave».
Numa nota divulgada a 23 de Maio em Maputo, o director regional MISA, Kaitira Kandjii, condenou «o uso de expressões como "aliens" – forasteiros, extraterrestres ou opostos – por parte de alguns sectores dos órgãos de informação sul-africanos, em alusão a estrangeiros», considerando que tal «representa os estrangeiros como se de a-humanos se tratassem».
Apelando aos média para que envidem esforços para «acabar com as incompreensões que dão azo a violências xenófobas, não somente na África do Sul, mas em todo o continente africano», o MISA insta a imprensa a cobrir os acontecimentos de forma responsável e providenciando informação que «ajude a ‘construir pontes’ e não a agudizar os actos de violência xenófoba».
A organização não governamental lembra ainda que «os média têm obrigações morais e éticas no sentido de desenvolverem o seu trabalho de forma equilibrada, educando os cidadãos sobre o que de bom se deve fazer», e que desempenham «um papel central na disseminação de informações sobre o facto de a violência ser crime» e na «transmissão de mensagens que apelem ao fim da violência, aconselhando os perpetradores desses actos a apresentarem as suas inquietações de uma forma civilizada»
«Estrangeiros não são extraterrestres, mas, sim, seres humanos com direitos iguais aos demais, à luz das leis da África do Sul e do Direito Internacional», conclui o documento.
Outras reacções
Também a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM) divulgou uma nota condenando os actos de violência, e sugerindo ao Governo e às organizações sindicais que considerem a questão da xenofobia na África do Sul «uma matéria urgente a discutir no âmbito da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral» (SADC), por colocar em causa «a estabilidade e o crescimento económico» na região.
Para a organização sindical, os ataques contra imigrantes na África do Sul «podem comprometer todos os programas e objectivos estabelecidos no contexto da integração regional» na SADC, já que «nenhum interesse pode justificar tanta barbaridade e vandalismo, caracterizado por assassinatos, imolação de pessoas pelo fogo, destruição e expropriação de habitações e bens obtidos pelo trabalho honesto»
«A OTM-CS acredita que apenas num clima de paz e harmonia é possível erradicar a pobreza, promover o emprego e desenvolvimento humano sustentável, com uma abordagem coordenada, respostas globais e estratégias nacionais e regionais adequadas», refere a nota.