Itália persegue estrangeiros

O Ministério do Interior de Itália divulgou, dia 15, os resultados de uma operação policial sem precedentes contra a «criminalidade e a imigração clandestina», desencadeada nos últimos dias no Norte do país e na região de Nápoles, no Sul.
Nesta espécie de prelúdio da nova lei da imigração que o novo governo de Silvio Berlusconi está a preparar, foram detidas 382 pessoas, na sua maioria originárias da Europa de Leste, da Albânia, Grécia, África do Norte e da China, meia centena das quais foram de imediato expulsas do país e outras 65 foram colocadas em centros de detenção.
Em Roma, a polícia efectuou rusgas em acampamentos de ciganos, onde deteve cidadãos romenos e bósnios. Em Nápoles, as forças da ordem intervieram para evacuar vários acampamentos daquela minoria étnica, cuja presença aumentou desde a adesão da Roménia à União Europeia.
Esta vaga de xenofobia, promovida pelos partidos do governo que misturam deliberadamente as questões da criminalidade e da imigração clandestina, está a criar um clima de intolerância e violência em Itália.
No início da semana passada, pelo menos cinco acampamentos de ciganos nos subúrbios de Nápoles foram atacados por civis, que agrediram os residentes e forçaram a sua fuga, tendo depois incendiado os recintos.
Os municípios de Milão, Roma e Nápoles já solicitaram ao governo a nomeação de «comissários extraordinários», figura que teria plenos poderes sobre o destino das comunidades de ciganos.
Calcula-se que residam no país cerca de 160 mil ciganos, 90 mil dos quais oriundos da Europa de Leste, designadamente cerca de 60 mil da Roménia.
Demarcando-se da direita italiana, o governo espanhol, que dias antes tinha igualmente anunciado um endurecimento da política de imigração, fez questão de declarar que «rejeita a violência, o racismo e a xenofobia e, por isso, não pode partilhar o que está a suceder em Itália».


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