Por um canudo
Deixando de lado o que a outros diz respeito e não pretendendo invadir terrenos alheios, já por si e de acordo com o que vem a público sobejamente minados, as directas do PSD não podem deixar de ser observadas com alguma atenção. Não pelo ângulo de uma qualquer expectativa sobre o que dali resulta em termos de solução e menos ainda quanto a qualquer despropositada preferência. O que ali se passa é do domínio da disputa do poder e da ansiosa busca de alternância, logo sem relevância para a questão maior de uma real alternativa e de uma indispensável ruptura com as políticas de direita. Tanto mais que nesta matéria a feroz concorrência do PS ameaça retirar-lhe a primazia de que se julgavam titulares. O que merece ser seguido com interesse é o esforçado exercício que cada um dos candidatos desenvolve, à sua maneira e em regra com manifesto embaraço, para procurar apresentar elementos de distanciamento face aos actuais rumo e conteúdos políticos que o Governo do PS prossegue. Reconhecida que é a identidade de propostas entre este e aqueles e as políticas governamentais em curso, por si um constrangimento a qualquer afirmação diferenciadora, sobrará a desesperada busca de razões para credibilizar uma proclamada «alternativa». Será caso da altissonante proclamação de Ferreira Leite que, a propósito do muito falado diploma do actual primeiro-ministro, apresentou ao país uma saída para os seus problemas de qualificação e produção assente naquilo que ela designa de uma decidida rejeição na vida nacional dos «canudos estilo José Sócrates». Percebe-se a opção pelo tema, a figura de estilo que lhe está associada e sobretudo a necessidade de a ele recorrer para mostrar algo de diferente.
Poucos meses depois de ter subido à tribuna do último congresso do PSD para elogiar a obra do Governo de Sócrates, a coragem das «reformas» na área da educação e da saúde e o acerto da política macro-económica do Governo, o enlevo com que partilha do objectivo obsessivo pelo défice e avisar para a necessidade de se não perturbar a acção do Governo, a Manuela Ferreira Leite pouco mais resta para construir uma imagem que a não confunda com o actual Governo do que o recurso a um canudo. Um quase nada esclarecedor.
Poucos meses depois de ter subido à tribuna do último congresso do PSD para elogiar a obra do Governo de Sócrates, a coragem das «reformas» na área da educação e da saúde e o acerto da política macro-económica do Governo, o enlevo com que partilha do objectivo obsessivo pelo défice e avisar para a necessidade de se não perturbar a acção do Governo, a Manuela Ferreira Leite pouco mais resta para construir uma imagem que a não confunda com o actual Governo do que o recurso a um canudo. Um quase nada esclarecedor.