Conferência em Kiev

Contra o militarismo e a NATO

Organizada pelo Partido Comunista da Ucrânia (PCU), realizou-se no passado dia 3, em Kiev, capital da Ucrânia, uma conferência internacional sobre o tema «A expansão forçada da NATO para Leste: problemas da segurança europeia».
A iniciativa que coincidiu com o início da Cimeira da NATO em Bucareste, na Roménia, reuniu partidos comunistas e de esquerda, organizações sociais provenientes de 15 países da Europa, e contou com a participação dos embaixadores de Cuba e da Moldova em Kiev, isto para além de especialistas de vários centros analíticos e de investigação social ucranianos. Participaram também diversos partidos políticos ucranianos que se opõem à entrada do país na NATO.
O Partido das Regiões, do ex-primeiro-ministro Viktor Ianukovitch, acabou por declinar o convite para estar presente, optando pela realização de um concerto anti-NATO na capital ucraniana.
Na véspera, e em paralelo com a visita de Bush a Kiev, uma acção de protesto organizada pelo PCU e outras forças de esquerda do país juntou no centro da cidade milhares de manifestantes.

Maioria desfavorável à adesão

Embora, os últimos estudos de opinião divulgados revelem que mais de 65% dos ucranianos são contrários à entrada do país na NATO, a coligação “laranja” do presidente Viktor Iúchenko e da primeira-ministra Yulia Timochenko, apoiados pela maioria dos meios de comunicação social, continuam a pugnar pela rápida adesão à organização transatlântica.
Os partidos presentes na conferência internacional foram unânimes na condenação do processo de alargamento da Aliança Atlântica e na consideração da sua essência agressiva e militarista, enfatizando em particular os perigos decorrentes da transformação da NATO em força de intervenção à escala global, e a tendência de subversão do direito internacional.
A intervenção do PCP, representado por Luís Carapinha, da Secção Internacional, salienta que a «cavalgada para Leste da NATO a que se assiste desde as derrotas do campo socialista e a desintegração da URSS, inserindo-se organicamente na estratégia ofensiva e expansionista do imperialismo na actual correlação de forças mundial, representa certamente um factor de desestabilização e enfraquecimento da segurança europeia e uma séria ameaça à paz, na Europa e no mundo».
Referindo o carácter da NATO «como instrumento da estratégia imperialista debaixo do domínio dos EUA», o PCP lembrou os exemplos da «pseudo-independência» do Kosovo, os planos de instalação do escudo antimíssil dos EUA na Europa, e a criação de bases militares norte-americanas e da NATO junto às fronteiras russas.
No texto, os comunistas vincam o «eminente carácter de classe dos actuais processos de militarização e da escalada bélica das relações internacionais», e a inexistência de «uma saída puramente “geopolítica” capaz de servir os interesses dos povos e do progresso social», sublinhando, também, o papel dos trabalhadores e dos povos como «a força necessária para travar o passo à exploração e opressão capitalistas e obrigar o imperialismo a recuar na sua perigosa fuga para diante».
Em Kiev, o Partido lembrou ainda que ao contrário do estipulado na Constituição da República, o nosso país «tem vindo a multiplicar a participação de tropas portuguesas em acções de carácter intervencionista e cariz neocolonial, desde o Chade ao Kosovo e Afeganistão».
O 1º secretário do Comité Central do PCU e outros representantes ucranianos sublinharam durante a conferência que uma eventual adesão à NATO viola a Declaração de Soberania e a Constituição nacional, as quais preconizam um estatuto de neutralidade e não alinhamento da Ucrânia.
Os participantes frisaram a necessidade de uma maior coordenação e convergência dos partidos comunistas e de esquerda na luta contra a NATO e a ofensiva imperialista em curso.


Mais artigos de: Internacional

Combater o golpe, mobilizar o povo

Reunidos em La Paz no final do mês de Março, mais de uma dezena de organizações populares e partidos bolivianos, entre os quais o Partido Comunista da Bolívia, analisaram a situação política e social no país.

Concelho Mundial da Paz reunido em Caracas

Iniciaram-se anteontem, em Caracas, a Assembleia Mundial da Paz e a Conferência Mundial da Paz, iniciativas que reúnem durante uma semana organizações de todos os continentes.

Comunistas da Índia reforçam-se na luta

O Partido Comunista da Índia e o Partido Comunista da Índia (marxista) realizaram recentemente o 20.º e 19.º congressos, respectivamente. José Neto, da Comissão Política, representou o PCP nas reuniões magnas e apresentou aos camaradas indianos as saudações e a solidariedade dos comunistas portugueses para com a luta que...

PCP visita Angola e África do Sul

A convite do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), e do Partido Comunista da África do Sul (PCAS), uma delegação do PCP, dirigida pelo secretário-geral, Jerónimo de Sousa, e que integrava Manuela Bernardino, membro do Secretariado e responsável pela Secção Internacional, visitou Angola de 1 a 3 de Abril, e a...

Intervenção de Jerónimo de Sousa<br>no funeral de Ncumiza Kondlo

«Caros amigos e camaradas,«Quiseram as circunstâncias estarmos presentes neste momento de dor e perda da camarada Ncumisa Kondlo.«Queremos transmitir, em nome dos comunistas portugueses, as nossas sentidas condolências à família e ao seu Partido de sempre – o Partido Comunista Sul-Africano, e ao ANC.«Por razões da nossa...