Quem ameaça quem?
A tirania da comunicação trata de nos convencer de que a verdade não é o que é objectivamente real, mas o que os media representam como verdade através da sua repetição sistemática. Como afirma Ignacio Ramonet «hoje um facto é verdadeiro não porque corresponda a critérios objectivos, rigorosos e comprovados nas fontes, mas simplesmente porque outros media repetem as mesmas afirmações e as confirmam».
Vêmo-lo claramente hoje no caso da Venezuela e da Colômbia. Por um lado, temos um projecto político anti-imperialista e, pelo outro, a tentativa de nos impor um peão político-militar capaz de travar os diferentes processos nacionalistas que sacodem boa parte da América Latina. Neste contexto, a Venezuela aparece sempre como o mau da fita, o «perigo continental» que é preciso extirpar o mais depressa possível para que não provoque mais contágios no pátio das traseiras de Washington.
Deste modo, a Venezuela de hoje toma, para o imperialismo, o papel de Cuba após o triunfo da Revolução. Recordemos: apesar de ser fundadora da OEA, em 1962, Cuba foi, por imposição da Casa Branca, suspensa do organismo por representar uma «ameaça» para o continente. Quase cinquenta anos após essa decisão miserável, Cuba não invadiu nem atacou nenhum país latino-americano. Entretanto, os inspiradores da sua expulsão já invadiram ou derrubaram governos legitimamente eleitos em Granada, Nicarágua, Chile, República Dominicana, El Salvador e Panamá, entre outros.
Colômbia, uma longa lista de provocações...
A oligarquia colombiana, uma das mais retrógradas de todo o subcontinente, sempre teve a tentação de provocar a Venezuela.
Antes de Hugo Chávez e no longínquo ano de 1952, para questionar a soberania venezuelana sobre o arquipélago Los Monjes, o Almirante Padilla, um navio da armada colombiana disparou contra lanchas de pescadores venezuelanos. Como resposta, o general Pérez Jiménez, decretou alerta militar de máximo nível, reforçou as guarnições da fronteira e caças venezuelanos sobrevoaram Los Monjes numa afirmação de soberania até que Bogotá decidiu não a questionar. Anos depois, em 1987, a oligarquia colombiana provoca nova e grave crise. Durante o governo de Virgilio Barco, a corveta Caldas viola as águas territoriais da Venezuela. Navios da respectiva Marinha de Guerra fazem manobras em defesa da soberania venezuelana e caças F-16 entram em acção. Bogotá reage e ordena movimentos militares a partir da base de Cartagena, Norte de Colômbia. Finalmente, a 19 de Agosto, o Caldas abandona os mares venezuelanos sem nunca ter reconhecido a violação do espaço marítimo de Caracas.
Em Maio de 2004, já em plena época da revolução bolivariana, dezenas de paramilitares colombianos são detidos numa propriedade rural, situada num município opositor. A herdade pertence a um contra-revolucionário cubano-venezuelano residente em Miami.
Em Dezembro de 2004, no centro de Caracas, o porta-voz das FARC, Rodrigo Granda, é sequestrado pelo DAS, polícia política colombiana. Uribe afirmou inicialmente que a detenção fora em território colombiano. Depois, admitiu a verdade. Em Janeiro deste ano, o DAS volta a violar a soberania venezuelana e assassina Willmer Varela, capo da droga, aparentemente para o silenciar. Ao encontrar o corpo, a polícia venezuelana descobre um computador com informação que liga o delinquente a Oscar Naranjo, chefe da Polícia Nacional da Colômbia, cujo irmão, Juan David Naranjo, está preso na Alemanha por narcotráfico. Este mesmo ano, outro grupo de paramilitares é detido em Táchira, estado fronteiriço com a Colômbia. Por outro lado, os serviços de inteligência do Estado venezuelano acumulam evidências no sentido de que os paramilitares colombianos estão a infiltrar as zonas mais pobres de Caracas – na Venezuela vivem perto de quatro milhões de colombianos – captando sicários através da venda de droga a preços baixos. E se alguém tem a Colômbia para exportar é droga. Segundo o World Drug Report 2006, a produção e tráfico de droga na Colômbia de Uribe totalizou, em 2005, 640 mil toneladas métricas, quase 70% do total mundial. Curiosamente, é num país controlado pelos Estados Unidos onde mais cocaína se produz, e também num país invadido por Washington – o Afeganistão – onde se dá a maior produção de heroína.
Coincidências ou política deliberada do maior consumidor mundial de drogas?
Vêmo-lo claramente hoje no caso da Venezuela e da Colômbia. Por um lado, temos um projecto político anti-imperialista e, pelo outro, a tentativa de nos impor um peão político-militar capaz de travar os diferentes processos nacionalistas que sacodem boa parte da América Latina. Neste contexto, a Venezuela aparece sempre como o mau da fita, o «perigo continental» que é preciso extirpar o mais depressa possível para que não provoque mais contágios no pátio das traseiras de Washington.
Deste modo, a Venezuela de hoje toma, para o imperialismo, o papel de Cuba após o triunfo da Revolução. Recordemos: apesar de ser fundadora da OEA, em 1962, Cuba foi, por imposição da Casa Branca, suspensa do organismo por representar uma «ameaça» para o continente. Quase cinquenta anos após essa decisão miserável, Cuba não invadiu nem atacou nenhum país latino-americano. Entretanto, os inspiradores da sua expulsão já invadiram ou derrubaram governos legitimamente eleitos em Granada, Nicarágua, Chile, República Dominicana, El Salvador e Panamá, entre outros.
Colômbia, uma longa lista de provocações...
A oligarquia colombiana, uma das mais retrógradas de todo o subcontinente, sempre teve a tentação de provocar a Venezuela.
Antes de Hugo Chávez e no longínquo ano de 1952, para questionar a soberania venezuelana sobre o arquipélago Los Monjes, o Almirante Padilla, um navio da armada colombiana disparou contra lanchas de pescadores venezuelanos. Como resposta, o general Pérez Jiménez, decretou alerta militar de máximo nível, reforçou as guarnições da fronteira e caças venezuelanos sobrevoaram Los Monjes numa afirmação de soberania até que Bogotá decidiu não a questionar. Anos depois, em 1987, a oligarquia colombiana provoca nova e grave crise. Durante o governo de Virgilio Barco, a corveta Caldas viola as águas territoriais da Venezuela. Navios da respectiva Marinha de Guerra fazem manobras em defesa da soberania venezuelana e caças F-16 entram em acção. Bogotá reage e ordena movimentos militares a partir da base de Cartagena, Norte de Colômbia. Finalmente, a 19 de Agosto, o Caldas abandona os mares venezuelanos sem nunca ter reconhecido a violação do espaço marítimo de Caracas.
Em Maio de 2004, já em plena época da revolução bolivariana, dezenas de paramilitares colombianos são detidos numa propriedade rural, situada num município opositor. A herdade pertence a um contra-revolucionário cubano-venezuelano residente em Miami.
Em Dezembro de 2004, no centro de Caracas, o porta-voz das FARC, Rodrigo Granda, é sequestrado pelo DAS, polícia política colombiana. Uribe afirmou inicialmente que a detenção fora em território colombiano. Depois, admitiu a verdade. Em Janeiro deste ano, o DAS volta a violar a soberania venezuelana e assassina Willmer Varela, capo da droga, aparentemente para o silenciar. Ao encontrar o corpo, a polícia venezuelana descobre um computador com informação que liga o delinquente a Oscar Naranjo, chefe da Polícia Nacional da Colômbia, cujo irmão, Juan David Naranjo, está preso na Alemanha por narcotráfico. Este mesmo ano, outro grupo de paramilitares é detido em Táchira, estado fronteiriço com a Colômbia. Por outro lado, os serviços de inteligência do Estado venezuelano acumulam evidências no sentido de que os paramilitares colombianos estão a infiltrar as zonas mais pobres de Caracas – na Venezuela vivem perto de quatro milhões de colombianos – captando sicários através da venda de droga a preços baixos. E se alguém tem a Colômbia para exportar é droga. Segundo o World Drug Report 2006, a produção e tráfico de droga na Colômbia de Uribe totalizou, em 2005, 640 mil toneladas métricas, quase 70% do total mundial. Curiosamente, é num país controlado pelos Estados Unidos onde mais cocaína se produz, e também num país invadido por Washington – o Afeganistão – onde se dá a maior produção de heroína.
Coincidências ou política deliberada do maior consumidor mundial de drogas?