Domínio bipolar
As eleições legislativas do passado domingo em Espanha acentuaram o bipartidarismo liderado pelos socialistas de Zapatero e pelos populares de Rajoy, os únicos que progrediram em votos e mandatos.
O voto útil dos espanhóis deu nova vitória ao PSOE de Zapatero
O PSOE de José Zapatero venceu claramente as eleições legislativas com 43,64 por cento dos votos e 169 mandatos, subindo ligeiramente em relação ao resultado de 2004 (42,59% e 164 mandatos), embora tenha ficando longe da ambicionada maioria absoluta (179 mandatos).
Por seu turno, também a direita representada pelo Partido Popular de Mariano Rajoy registou uma subida eleitoral face ao anterior escrutínio, alcançando 40,11 por cento dos votos e 153 lugares no congresso de deputados, contra 37,71 por cento e 148 assentos conquistados em 2004.
Com uma participação de 75,32 por cento, praticamente idêntica à do sufrágio precedente, os eleitores espanhóis votaram esmagadoramente nos dois maiores partidos que, sozinhos, concentram 85 por cento dos votos e 92 por cento dos deputados.
Esta vaga bipolarizadora, que já tinha dominado toda a campanha eleitoral, traduziu-se na queda acentuada da coligação Esquerda Unida, bem como das principais formações nacionalistas e independentistas, com destaque para a Esquerda Republicana (ERC) da Catalunha, que perdeu mais de metade dos votos e cinco dos oito deputados eleitos em 2004.
No País Basco, o voto útil no PSOE determinou o recuo do Partido Nacionalista Basco, que perdeu cerca de 120 mil votos e um deputado, e a subida de 11 pontos percentuais dos socialistas, que recolheram 540 mil votos e se sagraram vencedores destacados em todo o território basco.
A esquerda independentista, que tinha apelado à abstenção como forma de protesto contra a exclusão judicial das suas listas, valorizou a subida dos abstencionistas no País Basco e em Navarra, onde totalizaram 733 598 (cerca de 35%), ou seja, mais 206.808 mil eleitores do que em 2004, ano em que a abstenção rondou os 25 por cento nestas duas regiões.
No entanto, segundo cálculos do jornal Gara, a votação do conjunto dos partidos nacionalistas, incluindo o resultado estimado da esquerda independentista (185 mil votos), terá totalizado 620 mil votos, contra os 875 mil sufrágios outorgados aos partidos nacionais. Este resultado indica um sensível recuo do independentismo que até era apoiado por cerca de metade do eleitorado basco.
Retirar lições
Analisando os resultados das legislativas, a comissão permanente do Partido Comunista de Espanha (PCE) considerou o resultado eleitoral da Coligação Esquerda Unida (IU), na qual constitui a principal força política, como «tremendo fracasso».
Para os comunistas espanhóis, a perda de 320 mil votos e de três dos cinco deputados, é «fruto de uma política errática e de uma estratégia de subordinação e de perda de um programa próprio num contexto político bipartidarizado».
Entretanto, «também há que assumir que os resultados eleitorais são fruto de uma gestão interna do grupo dirigente», assinala aquele órgão do PCE, considerando que «a direcção da IU tem mostrar que entendeu a mensagem» e assumir «pessoalmente a responsabilidade pelo fracasso eleitoral com mudanças de direcção e demissões dos postos de responsabilidade».
No seu comunicado, o PCE sublinha a necessidade de «recompor a pluralidade» na direcção da Esquerda Unida, designadamente através da reintegração na sua comissão permanente dos três dirigentes demitidos em Janeiro passado, Felipe Alcaraz, Manuel Monereo e Willy Meyer.
Neste sentido, a direcção comunistas pede «a convocação urgente da Presidência Federal para o próximo domingo, para reconduzir essa situação de forma democrática e colectiva, na qual deve se aprovar a constituição de duas comissões plurais e representativas: uma política, que aborde a redacção de um documento que defina as futuras linhas da IU, e uma organizativa e financeira, que torne clara a situação da organização e de suas finanças».
A Comissão Permanente do PCE defende que este processo deve «ser plural, colegial e colectivo, superando a fase de supra-liderança; Llamazares e sua equipa não podem dirigir a reconstrução da IU», conclui a nota.
Logo na noite das eleições, o coordenador da Esquerda Unida, Gaspar Llamazares, assumiu pessoalmente o «fracasso» do seu partido, anunciando que renunciará à liderança da coligação de esquerda.
Em conferência de imprensa na sede da IU, Llamazares reconheceu o «mau resultado» eleitoral, atribuindo-o situação à «injustiça» do sistema eleitoral espanhol e ao «tsunami bipartidarista» do PP e do PSOE.
A IU foi uma das forças políticas mais penalizadas, baixando de 4,96 por cento dos votos e cinco deputados para 3,84 por cento e dois deputados, o que implicou a perda do seu grupo parlamentar, apesar de ter totalizado 963 mil votos em toda a Espanha.
Por seu turno, também a direita representada pelo Partido Popular de Mariano Rajoy registou uma subida eleitoral face ao anterior escrutínio, alcançando 40,11 por cento dos votos e 153 lugares no congresso de deputados, contra 37,71 por cento e 148 assentos conquistados em 2004.
Com uma participação de 75,32 por cento, praticamente idêntica à do sufrágio precedente, os eleitores espanhóis votaram esmagadoramente nos dois maiores partidos que, sozinhos, concentram 85 por cento dos votos e 92 por cento dos deputados.
Esta vaga bipolarizadora, que já tinha dominado toda a campanha eleitoral, traduziu-se na queda acentuada da coligação Esquerda Unida, bem como das principais formações nacionalistas e independentistas, com destaque para a Esquerda Republicana (ERC) da Catalunha, que perdeu mais de metade dos votos e cinco dos oito deputados eleitos em 2004.
No País Basco, o voto útil no PSOE determinou o recuo do Partido Nacionalista Basco, que perdeu cerca de 120 mil votos e um deputado, e a subida de 11 pontos percentuais dos socialistas, que recolheram 540 mil votos e se sagraram vencedores destacados em todo o território basco.
A esquerda independentista, que tinha apelado à abstenção como forma de protesto contra a exclusão judicial das suas listas, valorizou a subida dos abstencionistas no País Basco e em Navarra, onde totalizaram 733 598 (cerca de 35%), ou seja, mais 206.808 mil eleitores do que em 2004, ano em que a abstenção rondou os 25 por cento nestas duas regiões.
No entanto, segundo cálculos do jornal Gara, a votação do conjunto dos partidos nacionalistas, incluindo o resultado estimado da esquerda independentista (185 mil votos), terá totalizado 620 mil votos, contra os 875 mil sufrágios outorgados aos partidos nacionais. Este resultado indica um sensível recuo do independentismo que até era apoiado por cerca de metade do eleitorado basco.
Retirar lições
Analisando os resultados das legislativas, a comissão permanente do Partido Comunista de Espanha (PCE) considerou o resultado eleitoral da Coligação Esquerda Unida (IU), na qual constitui a principal força política, como «tremendo fracasso».
Para os comunistas espanhóis, a perda de 320 mil votos e de três dos cinco deputados, é «fruto de uma política errática e de uma estratégia de subordinação e de perda de um programa próprio num contexto político bipartidarizado».
Entretanto, «também há que assumir que os resultados eleitorais são fruto de uma gestão interna do grupo dirigente», assinala aquele órgão do PCE, considerando que «a direcção da IU tem mostrar que entendeu a mensagem» e assumir «pessoalmente a responsabilidade pelo fracasso eleitoral com mudanças de direcção e demissões dos postos de responsabilidade».
No seu comunicado, o PCE sublinha a necessidade de «recompor a pluralidade» na direcção da Esquerda Unida, designadamente através da reintegração na sua comissão permanente dos três dirigentes demitidos em Janeiro passado, Felipe Alcaraz, Manuel Monereo e Willy Meyer.
Neste sentido, a direcção comunistas pede «a convocação urgente da Presidência Federal para o próximo domingo, para reconduzir essa situação de forma democrática e colectiva, na qual deve se aprovar a constituição de duas comissões plurais e representativas: uma política, que aborde a redacção de um documento que defina as futuras linhas da IU, e uma organizativa e financeira, que torne clara a situação da organização e de suas finanças».
A Comissão Permanente do PCE defende que este processo deve «ser plural, colegial e colectivo, superando a fase de supra-liderança; Llamazares e sua equipa não podem dirigir a reconstrução da IU», conclui a nota.
Logo na noite das eleições, o coordenador da Esquerda Unida, Gaspar Llamazares, assumiu pessoalmente o «fracasso» do seu partido, anunciando que renunciará à liderança da coligação de esquerda.
Em conferência de imprensa na sede da IU, Llamazares reconheceu o «mau resultado» eleitoral, atribuindo-o situação à «injustiça» do sistema eleitoral espanhol e ao «tsunami bipartidarista» do PP e do PSOE.
A IU foi uma das forças políticas mais penalizadas, baixando de 4,96 por cento dos votos e cinco deputados para 3,84 por cento e dois deputados, o que implicou a perda do seu grupo parlamentar, apesar de ter totalizado 963 mil votos em toda a Espanha.