Viagens pastorais de evangelização
João Paulo II introduziu no papado um novo estilo: a itinerância. Foi a partir do seu mandato que se instalou no Vaticano o princípio da mobilidade permanente dos papas que ultrapassam os limites territoriais da Santa Sé e viajam no espaço exterior, chefiando equipas de eclesiásticos e de peritos nas mais diferentes matérias. Esta «nova diplomacia» da Igreja tem revertido em aumento da capacidade de intervenção do aparelho católico romano na vida política dos povos e das nações. Facto que, aliás, a hierarquia católica se recusa a reconhecer. Sustenta, pelo contrário, o mito de que o sagrado e o político jamais se confundem no pensamento e nas acções dos homens da Igreja. Mesmo quando confrontados com a realidade dos factos, os cardeais e os bispos mantêm essa ficção.
Cuba é um claro exemplo de como a Igreja conduz as suas políticas e as procura ocultar sob os paramentos do sagrado. Vinte e quatro horas após a renúncia de Fidel de Castro e da nomeação do seu irmão Raul para a condução do governo, o mais poderoso cardeal do Vaticano depois do Papa, Tarcísio Bertone, chegava a Havana para explorar e pressionar a situação política a favor da Igreja de Roma quando é certo que o clero nunca mexeu uma palha para apoiar o povo cubano na sua difícil caminhada para a liberdade e para o Socialismo. A intenção de Bertone foi tentar promover junto das populações a imagem de um papa que é conhecido como um inimigo mortal do regime de Cuba e da teologia de libertação. Enquanto a visita decorria, o ex-cardeal Ratzinger continuava a manter apertados laços de amizade com os terroristas que se acoitam em Miami e na Florida. Porque o Vaticano está sempre pronto a tudo pôr em causa quando se trata do regime cubano mas desce de tom de voz ou emudece logo que se exige o imediato encerramento do campo de tortura e morte de Guantámano ou o fim do bloqueio norte-americano a Cuba.
O Vaticano e a América Latina
Ratzinger e Bertone têm uma informação detalhada acerca das realidades cubanas e da América Latina. Sabem, também, que naquela extensa área que vai do Brasil às Antilhas se concentram quase 50% dos católicos de todo o mundo. Mas não ignoram (ou não deveriam ignorar) que a religiosidade desses povos se manifesta, no presente, já como um simples factor estruturante da cultura dos povos que vai a par do fervor revolucionário da liberdade, do progresso e da mudança. Escusam, pois, de esperar – a Cúria e o Vaticano – que o Socialismo seja ali destroçado pela doença de Fidel e pela religião. A esmagadora maioria do povo cubano e os novos valores produzidos pela Revolução não voltarão atrás. De resto, tudo já esteve bem mais negro do que está. Os povos oprimidos resistem e pouco a pouco afirmam os seus direitos e lançam as bases de posições comuns. O capitalismo colonialista atola-se numa crise económica que parece não ter fim e afoga-se nas lamas da sua inútil riqueza. E, pouco a pouco – do Brasil, à Venezuela, à Nicarágua, à Bolívia ou ao Equador – surgem prenúncios de uma nova era de luta, de progresso e de socialismo. Na América Latina, Cuba não está sozinha.
No Vaticano, pelo contrário, os sinais são de radicalização das posições da hierarquia ultraconservadora. A dupla Ratzinger/Bertone quer mais e mais poder e a total obediência dos leigos e do clero. A hierarquia e o baixo clero entram em rota de colisão. Os acontecimentos de Cuba não deixam Ratzinger satisfeito. Quer, agora, que o governo cubano dê à Igreja livre acesso aos media, que o ensino seja religioso e a presença de capelães nas prisões políticas permanente. Também os «dissidentes cubanos», a Secretaria de Estado norte-americana e a União Europeia, foram unânimes ao afirmarem a uma só voz que as mudanças em Cuba «sabem a pouco». Os cardeais recusam-se a aceitar que um pequeno país como Cuba lhes negue conceder as facilidades que tiveram no Leste europeu quando teceram a teia das suas contra-revoluções «de veludo».
Recentemente, em Roma, Bento XVI fez publicar uma bula apostólica – o «Sacramento de Caridade» - que é um espantoso monumento erguido em honra do pior dos fundamentalismos. Recorda aos responsáveis políticos que os valores da Igreja são inegociáveis; confirma, uma vez mais, o celibato obrigatório dos padres; proíbe aos divorciados comungarem; recusa reconhecer as «uniões de facto»; dá total importância à espiritualidade em detrimento dos aspectos sociais e políticos; recomenda a celebração das missas em latim e o regresso aos cânticos gregorianos; e anatematiza qualquer prática de interrupção da gravidez. Trata-se de um documento marcante, histórico, que define claramente os caminhos que a Igreja irá percorrer com este Papa que veio das trevas profundas da Santa Inquisição.
Cuba é um claro exemplo de como a Igreja conduz as suas políticas e as procura ocultar sob os paramentos do sagrado. Vinte e quatro horas após a renúncia de Fidel de Castro e da nomeação do seu irmão Raul para a condução do governo, o mais poderoso cardeal do Vaticano depois do Papa, Tarcísio Bertone, chegava a Havana para explorar e pressionar a situação política a favor da Igreja de Roma quando é certo que o clero nunca mexeu uma palha para apoiar o povo cubano na sua difícil caminhada para a liberdade e para o Socialismo. A intenção de Bertone foi tentar promover junto das populações a imagem de um papa que é conhecido como um inimigo mortal do regime de Cuba e da teologia de libertação. Enquanto a visita decorria, o ex-cardeal Ratzinger continuava a manter apertados laços de amizade com os terroristas que se acoitam em Miami e na Florida. Porque o Vaticano está sempre pronto a tudo pôr em causa quando se trata do regime cubano mas desce de tom de voz ou emudece logo que se exige o imediato encerramento do campo de tortura e morte de Guantámano ou o fim do bloqueio norte-americano a Cuba.
O Vaticano e a América Latina
Ratzinger e Bertone têm uma informação detalhada acerca das realidades cubanas e da América Latina. Sabem, também, que naquela extensa área que vai do Brasil às Antilhas se concentram quase 50% dos católicos de todo o mundo. Mas não ignoram (ou não deveriam ignorar) que a religiosidade desses povos se manifesta, no presente, já como um simples factor estruturante da cultura dos povos que vai a par do fervor revolucionário da liberdade, do progresso e da mudança. Escusam, pois, de esperar – a Cúria e o Vaticano – que o Socialismo seja ali destroçado pela doença de Fidel e pela religião. A esmagadora maioria do povo cubano e os novos valores produzidos pela Revolução não voltarão atrás. De resto, tudo já esteve bem mais negro do que está. Os povos oprimidos resistem e pouco a pouco afirmam os seus direitos e lançam as bases de posições comuns. O capitalismo colonialista atola-se numa crise económica que parece não ter fim e afoga-se nas lamas da sua inútil riqueza. E, pouco a pouco – do Brasil, à Venezuela, à Nicarágua, à Bolívia ou ao Equador – surgem prenúncios de uma nova era de luta, de progresso e de socialismo. Na América Latina, Cuba não está sozinha.
No Vaticano, pelo contrário, os sinais são de radicalização das posições da hierarquia ultraconservadora. A dupla Ratzinger/Bertone quer mais e mais poder e a total obediência dos leigos e do clero. A hierarquia e o baixo clero entram em rota de colisão. Os acontecimentos de Cuba não deixam Ratzinger satisfeito. Quer, agora, que o governo cubano dê à Igreja livre acesso aos media, que o ensino seja religioso e a presença de capelães nas prisões políticas permanente. Também os «dissidentes cubanos», a Secretaria de Estado norte-americana e a União Europeia, foram unânimes ao afirmarem a uma só voz que as mudanças em Cuba «sabem a pouco». Os cardeais recusam-se a aceitar que um pequeno país como Cuba lhes negue conceder as facilidades que tiveram no Leste europeu quando teceram a teia das suas contra-revoluções «de veludo».
Recentemente, em Roma, Bento XVI fez publicar uma bula apostólica – o «Sacramento de Caridade» - que é um espantoso monumento erguido em honra do pior dos fundamentalismos. Recorda aos responsáveis políticos que os valores da Igreja são inegociáveis; confirma, uma vez mais, o celibato obrigatório dos padres; proíbe aos divorciados comungarem; recusa reconhecer as «uniões de facto»; dá total importância à espiritualidade em detrimento dos aspectos sociais e políticos; recomenda a celebração das missas em latim e o regresso aos cânticos gregorianos; e anatematiza qualquer prática de interrupção da gravidez. Trata-se de um documento marcante, histórico, que define claramente os caminhos que a Igreja irá percorrer com este Papa que veio das trevas profundas da Santa Inquisição.