Frustrações
Falida que está a campanha de pressões e intrigas a propósito do Congresso da CGTP-IN e confirmada que ficou pelo êxito da sua realização e conclusões o seu carácter combativo e de classe na defesa dos trabalhadores, sucede-lhe agora entre a legião dos que lhe auguraram outros resultados uma mal disfarçada frustração. Daniel Oliveira, dirigente do bloco, não resistiu ao sentimento. Sem que no caso se perceba as razões do incómodo: conhecida que é no partido a que pertence a desvalorização a que o movimento operário e sindical é condenado em nome do virtuosismo e centralidade dos «novos movimentos»; confessada que está pela mão do autor, no seu texto na edição do Expresso desta semana, a sua convicção da «inexistência de uma alternativa credível ao capitalismo»; pressagiada que ficou a manifesta rendição à ofensiva do capital ao escrever que «os trabalhadores somam derrotas mas ainda têm muito a perder»; sentenciado que ficou o futuro do movimento sindical e a luta dos trabalhadores à condição de «vitórias e ganhos» dos quais dependeria a sua sobrevivência; deslumbrado que está por um certo movimento sindical prevalecente na União Europeia – natural seria que, após tão eloquente testemunho de rendição e conformação perante o que não acredita ser possível contrariar, a coisa pouco lhe interessasse. Assim não é, pela simples razão que o autor escreve, não para falar da coisa em si, mas para repetir os velhos clichés capazes de lhe sublimar o preconceito anticomunista. Mesmo que isso o faça navegar num mar de lamúrias e num labirinto de contradições, de que é exemplo a verberação de uma alegada dependência da central dos trabalhadores a interesses partidários, para quatro linhas abaixo carpir o seu desgosto por esta ter soberanamente decidido manter a independência no plano do seu relacionamento internacional. Frustradas as ambições de alguns, a CGTP-IN, obra maior dos trabalhadores, continuará com a participação de sempre dos comunistas e de milhares de outros activistas, a lutar contra a exploração e por um país melhor e mais desenvolvido com a confiança e determinação que Daniel Oliveira dá provas de não poder partilhar.