Seixal quer centros de saúde abertos

Travar os encerramentos

Jerónimo de Sousa participou, quarta-feira, no Seixal, numa acção de protesto contra a destruição do Serviço Nacional de Saúde. No concelho, há 50 mil utentes sem médico de família. No entanto, o Governo insiste em encerrar serviços de saúde.

«Não estamos a lutar sem sustentação jurídica ou política»

Para contrariar a política de direita que o PS está a levar a cabo, também na área da saúde, o PCP anunciou, entretanto, que irá apresentar na Assembleia da República um novo projecto-lei que visará a paragem imediata dos encerramentos de centros de saúde e serviços de urgência, além de exigir a reabertura dos serviços encerrados até agora.
«Não estamos a lutar sem sustentação jurídica ou política. Temos o melhor documento jurídico que defende as posições das populações, no seu direito à saúde. Estamos a falar da Constituição da República Portuguesa», afirmou, na passada semana, em Amora, Jerónimo de Sousa, acrescentando: «Vamos continuar a lutar para defender o Serviço Nacional de Saúde (SNS), para impedir que a saúde se transforme num negócio, para que os portugueses possam ter uma vida melhor».
A deslocação do secretário-geral do PCP ao Seixal, que foi acolhida por largas dezenas de pessoas, teve como objectivo alertar o Executivo PS para a falta de condições de saúde naquele concelho, onde, recentemente, encerraram dois dos três Serviços de Atendimento Permanente (SAP).
Com uma população de cerca de 150 mil pessoas, o Centro de Saúde de Amora é o único local que funciona até à meia-noite.
«Este exemplo concreto demonstra que o Governo não tem razão e quer enganar as populações, quando diz que os encerramentos em curso visam melhorar os serviços de saúde», assegurou Jerónimo de Sousa, lamentando a falta de «alternativas credíveis» apresentadas, «sem nunca encontrar uma política de saúde de proximidade».
«Porque estamos a falar do direito à vida», o secretário-geral do PCP interrogou ainda os presentes sobre «o que é que é preciso acontecer mais para que o Governo reconsidere, recue e pare, os encerramentos e garanta alternativas às populações?». Lamentou ainda a «grande hostilidade» do Executivo PS para com os profissionais da saúde, nomeadamente médicos e enfermeiros.
«É por isso que a nossa presença aqui é mais um exemplo concreto de que a luta é necessária e possível de continuar», apelou Jerónimo de Sousa, acusando o PS de querer privatizar o SNS. «É por isso que nós não concordamos com esta política, profundamente injusta, de direita», acrescentou.

Grave situação

Também Alfredo Monteiro, presidente da Câmara do Seixal, alertou a população para a importância da luta em defesa dos serviços de saúde no concelho. «A situação é, há muito, em termos de saúde, preocupante, caracterizando-se como uma das piores do País», acusou, lembrando que existem «quase 50 mil utentes» sem médico de família.
Para o autarca do PCP, esta situação é agravada pela falta de equipamentos, nomeadamente com o encerramento dos dois SAP’s e a promessa do ministro da Saúde, ainda não cumprida, da construção do Centro de Saúde de Corroios.
«Uma vez mais não passou de uma promessa, de um investimento adiado e de um problema cada vez mais agravado, quando o Centro de Saúde de Corroios não dá condições aos seus utentes», afirmou Alfredo Monteiro.
Outro dos problemas avançados pelo eleito comunista é a falta de informação acerca da construção do novo hospital do Seixal, que servirá não apenas o concelho, mas toda a região, dada a «incapacidade de resposta do Hospital Garcia de Orta», em Almada.


Mais artigos de: PCP

Privados lucram com desgraça na saúde

O secretário-geral do PCP acusou o Governo de mentir ao povo no que à garantia dos cuidados de saúde diz respeito, e de promover os negócios privados no sector.

Um emotivo adeus

Foi com emoção que largas dezenas de pessoas prestaram, no dia 25, uma última homenagem à nossa camarada de redacção Ivone Dias Lourenço, falecida na véspera.

Mudar sim, mas de política

Esta remodelação «é expressão de um profundo desgaste e descredibilização da política do Governo, cuja insustentabilidade se expressa na amplitude da luta e do protesto dos trabalhadores e das populações».

Centenário de Russel<br>no próximo <em>Avante!</em>

No número de 7 de Fevereiro, assinalaremos com um trabalho desenvolvido os 100 anos do nascimento de Miguel Wager Russel, militante e dirigente comunista que integrou a segunda vaga de presos políticos deportados para o Tarrafal. Chegado ao «campo da morte lenta» em Junho de 1937, dali sairia apenas passada quase uma...