Muros e genocídios
A única linguagem que o sionismo conhece é a linguagem da guerra
A destruição do muro na fronteira entre Gaza e o Egipto teve vários méritos. O primeiro foi o de aliviar temporariamente o sofrimento do milhão e meio de palestinos vítimas do castigo colectivo israelita. O segundo foi o de furar o silêncio cúmplice do auto-proclamado «mundo livre» que encoraja Israel a continuar a matar diariamente através dos bombardeamentos aéreos, das incursões militares, da negação do direito a cuidados de saúde, dos cortes de energia, das privações em todos os campos. As imagens dos 700 mil palestinos a cruzarem a fronteira, numa avalanche de evidente luta pela sobrevivência, mostraram a todo o mundo que não é apenas o Muro do Apartheid na Cisjordânia que aprisiona o povo palestino. E romperam momentaneamente o encobrimento vergonhoso da chacina que, todos os dias, concretiza um pouco mais do lento genocídio do povo palestino. Poderá haver quem ache que é exagero falar em genocídio. Mas, para descrever algo que nem tem comparação possível com aquilo a que o povo palestino é sujeito desde há décadas, os governantes e a comunicação social «ocidental» usaram esse termo em relação ao Kosovo. E proclamaram que era motivo de guerra.
O chefe dos serviços secretos israelitas informou que as forças israelitas mataram 810 palestinos na Faixa de Gaza, em 2006/7 (Haaretz,14.1.08). O Centro Palestino para os Direitos do Homem (www.pchrgaza.org) coloca em 4462 (3534 civis) o número de vítimas da agressão de Israel, entre Set. 2000 e Nov. 2007. Desde então, Israel já matou mais 157 palestinos. Dizem que o Hamas é um obstáculo à paz. Como antes diziam da OLP e de Yasser Arafat. Foi o actual Primeiro-Ministro israelita que ameaçou assassinar Arafat «como forma de […] ‘remover’ este obstáculo à paz» (The Guardian, 15.9.03). Vários ministros israelitas ameaçaram há dias assassinar Hassan Nasrallah, dirigente do Hezbollah, (Haaretz, 20.1.08). A única linguagem que o sionismo conhece é a linguagem da guerra, do terror, da morte e da limpeza étnica, que sempre acompanharam o Estado de Israel nos 60 anos da sua existência.
À permanente cumplicidade dos EUA, junta-se agora o entusiástico apoio da União Europeia. Enquanto Israel impunha o bloqueio total a Gaza, o Vice-Presidente da Comissão Europeia (ex-membro do PS italiano e agora Berlusconiano membro da Forza Itália) Franco Frattini, esteve em Israel para organizar um seminário conjunto UE-Israel sobre «combate ao terrorismo». Israel é já membro do ESRIF (Fórum Europeu para a Investigação e Inovação na Segurança), organismo dotado de 1400 milhões de euros para o período 2007-13. Participando na anual Conferência de Herzliya, onde os dirigentes do Estado sionista se juntam com os seus amigos estrangeiros para debater estratégias e intervenções, Frattini (discurso disponível no site oficial da UE) alinhou-se com os «amigos» israelitas em todas as frentes: Palestina, Irão, Síria, Líbano. Afirmou que «Israel vive e existe de acordo com as mesmas tradições e valores dos cidadãos europeus». E afirmou que «a Europa está hoje muito melhor preparada para correr reais riscos em primeira pessoa, para empenhar o seu capital político e para incorporar as preocupações e interesses israelitas de uma forma que não estava na nossa agenda nos primeiros anos da intifada». Há quem queira que, na próxima guerra ou limpeza étnica desencadeada por Israel, a UE participe de forma activa e directa. Foi também para isto que se aprovou o novo Tratado europeu.
O chefe dos serviços secretos israelitas informou que as forças israelitas mataram 810 palestinos na Faixa de Gaza, em 2006/7 (Haaretz,14.1.08). O Centro Palestino para os Direitos do Homem (www.pchrgaza.org) coloca em 4462 (3534 civis) o número de vítimas da agressão de Israel, entre Set. 2000 e Nov. 2007. Desde então, Israel já matou mais 157 palestinos. Dizem que o Hamas é um obstáculo à paz. Como antes diziam da OLP e de Yasser Arafat. Foi o actual Primeiro-Ministro israelita que ameaçou assassinar Arafat «como forma de […] ‘remover’ este obstáculo à paz» (The Guardian, 15.9.03). Vários ministros israelitas ameaçaram há dias assassinar Hassan Nasrallah, dirigente do Hezbollah, (Haaretz, 20.1.08). A única linguagem que o sionismo conhece é a linguagem da guerra, do terror, da morte e da limpeza étnica, que sempre acompanharam o Estado de Israel nos 60 anos da sua existência.
À permanente cumplicidade dos EUA, junta-se agora o entusiástico apoio da União Europeia. Enquanto Israel impunha o bloqueio total a Gaza, o Vice-Presidente da Comissão Europeia (ex-membro do PS italiano e agora Berlusconiano membro da Forza Itália) Franco Frattini, esteve em Israel para organizar um seminário conjunto UE-Israel sobre «combate ao terrorismo». Israel é já membro do ESRIF (Fórum Europeu para a Investigação e Inovação na Segurança), organismo dotado de 1400 milhões de euros para o período 2007-13. Participando na anual Conferência de Herzliya, onde os dirigentes do Estado sionista se juntam com os seus amigos estrangeiros para debater estratégias e intervenções, Frattini (discurso disponível no site oficial da UE) alinhou-se com os «amigos» israelitas em todas as frentes: Palestina, Irão, Síria, Líbano. Afirmou que «Israel vive e existe de acordo com as mesmas tradições e valores dos cidadãos europeus». E afirmou que «a Europa está hoje muito melhor preparada para correr reais riscos em primeira pessoa, para empenhar o seu capital político e para incorporar as preocupações e interesses israelitas de uma forma que não estava na nossa agenda nos primeiros anos da intifada». Há quem queira que, na próxima guerra ou limpeza étnica desencadeada por Israel, a UE participe de forma activa e directa. Foi também para isto que se aprovou o novo Tratado europeu.