Protestos na Sicília e Sardenha
As populações da Sardenha e da Sicília protestaram veementemente durante o fim-de-semana contra a transferência de dezenas de toneladas de lixo da região da Campânia, no Sul de Itália, para aterros situados naquelas ilhas do Mediterrâneo.
Domingo, na província de Agrigento, na Sicília, as populações bloquearam estradas procurando impedir o trânsito dos camiões carregados de detritos. Nas localidades de Montallegro, Siculiana e Cattolica Eraclea, registaram-se mesmo confrontos entre manifestantes e autoridades, com os residentes a reclamarem contra a «importação» do lixo acumulado em Nápoles durante o último mês e argumentando que a Sicília «não é a fossa da Itália».
Na noite anterior, em Cagliari, capital da Sardenha, o cenário foi de autentica guerrilha urbana. Milhares de pessoas concentraram-se junto à residência do responsável do governo regional, Renato Soru - importante empresário do ramo das telecomunicações (Tiscali) e do fornecimento de serviços de Internet com negócios em 15 países, e correlegionário do presidente do Conselho de Ministros italiano, Romano Prodi, no Partido Democrático -, para repudiarem o pronto auxílio do executivo local ao primeiro-ministro. Os sardos não aceitam a queima das toneladas de lixo nas suas incineradoras e exigem a imediata demissão de Soru.
À manifestação popular responderam os carabineiros com extrema violência. Oito polícias ficaram feridos e pelo menos uma dezena de activistas acabaram detidos pelas autoridades, acusados de actos de vandalismo e promoção dos desacatos. Os incidentes de sábado na Sardenha sucederam a protestos semelhantes levados a cabo, quinta e sexta-feira, no Porto de Cagliari, à chegada dos primeiros navios carregados de lixo.
Nápoles não se cala
Também no sábado, em Nápoles, ouviram-se os protestos populares contra a acção dos poderes regional e central na crise do lixo. Do seu gabinete na Piazza Montecitorio, Prodi ordenou ao exército, a meio da semana passada, que procedesse à recolha e transporte do lixo acumulado na Campânia, mas no terreno os napolitanos continuam avessos a soluções provisórias e exigem que sejam tomadas medidas definitivas para um problema que se arrasta há 13 anos.
O povo reclama ainda a demissão do governador da Campânia e ex-presidente da Câmara de Nápoles, Antonio Bassolino, acusado de rodar nos cargos sem nada fazer e de consentir negócios pouco claros em torno da recolha, tratamento e depósito dos resíduos sólidos urbanos.
Igualmente firmes na luta continuam os habitantes do bairro napolitano de Pianura, os quais não aceitam a reabertura da lixeira de Pisano, encerrada por constituir um perigo para a saúde pública.
Entretanto, o governo italiano decidiu exportar parte do lixo para Leipzig, na Alemanha, onde uma empresa privada do sector se dispôs a tratar do assunto cobrando para tal uma elevada factura, denunciam indignadas as populações.
O negócio parece ser tão rentável que uma outra empresa, sediada na Suíça, já se candidatou ao mesmo serviço, com os custos a pesarem, como sempre, no bolso dos contribuintes transalpinos.
Metalúrgicos reclamam acordo colectivo
Contestação sob de tom
Paralelamente à crise do lixo no Sul e ilhas, os trabalhadores italianos mobilizam-se em defesa dos acordos colectivos, por melhores salários e contra a precariedade laboral. Pelo caminho parece ter ficado o chamado pacto de paz social que patrões e governo usaram, em Outubro último, para fazer vergar o movimento sindical e a combatividade dos trabalhadores.
Sexta-feira, dia 11, foi a vez dos metalúrgicos cumprirem uma greve de oito horas em prol da assinatura de uma nova convenção colectiva para o sector, cujas negociações se arrastam desde Junho de 2007. Os trabalhadores bloquearam ainda vias férreas e auto-estradas no Norte do país em defesa da estabilidade dos vínculos e exigiram aumentos salariais dignos.
Números oficiais dos sindicatos confirmam que a paralisação teve a adesão de mais de 80 por cento dos cerca de um milhão e meio de trabalhadores metalúrgicos de Itália.
Domingo, na província de Agrigento, na Sicília, as populações bloquearam estradas procurando impedir o trânsito dos camiões carregados de detritos. Nas localidades de Montallegro, Siculiana e Cattolica Eraclea, registaram-se mesmo confrontos entre manifestantes e autoridades, com os residentes a reclamarem contra a «importação» do lixo acumulado em Nápoles durante o último mês e argumentando que a Sicília «não é a fossa da Itália».
Na noite anterior, em Cagliari, capital da Sardenha, o cenário foi de autentica guerrilha urbana. Milhares de pessoas concentraram-se junto à residência do responsável do governo regional, Renato Soru - importante empresário do ramo das telecomunicações (Tiscali) e do fornecimento de serviços de Internet com negócios em 15 países, e correlegionário do presidente do Conselho de Ministros italiano, Romano Prodi, no Partido Democrático -, para repudiarem o pronto auxílio do executivo local ao primeiro-ministro. Os sardos não aceitam a queima das toneladas de lixo nas suas incineradoras e exigem a imediata demissão de Soru.
À manifestação popular responderam os carabineiros com extrema violência. Oito polícias ficaram feridos e pelo menos uma dezena de activistas acabaram detidos pelas autoridades, acusados de actos de vandalismo e promoção dos desacatos. Os incidentes de sábado na Sardenha sucederam a protestos semelhantes levados a cabo, quinta e sexta-feira, no Porto de Cagliari, à chegada dos primeiros navios carregados de lixo.
Nápoles não se cala
Também no sábado, em Nápoles, ouviram-se os protestos populares contra a acção dos poderes regional e central na crise do lixo. Do seu gabinete na Piazza Montecitorio, Prodi ordenou ao exército, a meio da semana passada, que procedesse à recolha e transporte do lixo acumulado na Campânia, mas no terreno os napolitanos continuam avessos a soluções provisórias e exigem que sejam tomadas medidas definitivas para um problema que se arrasta há 13 anos.
O povo reclama ainda a demissão do governador da Campânia e ex-presidente da Câmara de Nápoles, Antonio Bassolino, acusado de rodar nos cargos sem nada fazer e de consentir negócios pouco claros em torno da recolha, tratamento e depósito dos resíduos sólidos urbanos.
Igualmente firmes na luta continuam os habitantes do bairro napolitano de Pianura, os quais não aceitam a reabertura da lixeira de Pisano, encerrada por constituir um perigo para a saúde pública.
Entretanto, o governo italiano decidiu exportar parte do lixo para Leipzig, na Alemanha, onde uma empresa privada do sector se dispôs a tratar do assunto cobrando para tal uma elevada factura, denunciam indignadas as populações.
O negócio parece ser tão rentável que uma outra empresa, sediada na Suíça, já se candidatou ao mesmo serviço, com os custos a pesarem, como sempre, no bolso dos contribuintes transalpinos.
Metalúrgicos reclamam acordo colectivo
Contestação sob de tom
Paralelamente à crise do lixo no Sul e ilhas, os trabalhadores italianos mobilizam-se em defesa dos acordos colectivos, por melhores salários e contra a precariedade laboral. Pelo caminho parece ter ficado o chamado pacto de paz social que patrões e governo usaram, em Outubro último, para fazer vergar o movimento sindical e a combatividade dos trabalhadores.
Sexta-feira, dia 11, foi a vez dos metalúrgicos cumprirem uma greve de oito horas em prol da assinatura de uma nova convenção colectiva para o sector, cujas negociações se arrastam desde Junho de 2007. Os trabalhadores bloquearam ainda vias férreas e auto-estradas no Norte do país em defesa da estabilidade dos vínculos e exigiram aumentos salariais dignos.
Números oficiais dos sindicatos confirmam que a paralisação teve a adesão de mais de 80 por cento dos cerca de um milhão e meio de trabalhadores metalúrgicos de Itália.