Novo regime retardado na Administração Pública

A luta vai prosseguir

A declaração de inconstitucionalidade de duas normas do regime de vínculos, carreiras e remunerações representa uma derrota do Governo, que pretendia aplicar as medidas a partir de Janeiro, comentou a FNSFP/CGTP-IN.

O ataque ao vínculo público insere-se na descaracterização do Estado

A decisão do Tribunal Constitucional, conhecida dia 20, visou a aplicação do diploma sobre vínculos, carreiras e remunerações aos juízes dos tribunais judiciais e a cativação de metade da remuneração a dirigentes que contra a lei celebrassem contratos de prestação de serviços.
Para a Federação Nacional de Sindicatos da Função Pública, a inconstitucionalidade destas normas «constitui-se como uma derrota do Governo, na vontade do mesmo de fazer vigorar a partir de Janeiro todo o conjunto de medidas gravíssimas nestas três áreas do regime jurídico dos trabalhadores da Administração Pública».
Das consequências, a FNSFP destaca que «fica claramente em causa a entrada em vigor dos novos regimes de vínculos, carreiras e remunerações nos próximos meses», uma vez que o projecto de lei «terá que voltar à Assembleia da República, para as alterações inerentes à declaração de inconstitucionalidade».
Na nota divulgada pela federação ressalva-se que, «ainda assim, o acto fiscalizador do Tribunal Constitucional não foi tão profundo como desejávamos, tendo em conta não só o facto de algumas das normas enunciadas pelo Presidente da República, para verificação da sua constitucionalidade, terem tido uma apreciação positiva por aquele órgão, mas também por todas as outras normas alvo de crítica por parte da Frente Comum, onde a nossa federação se insere, terem ficado de fora da análise» do TC.
Lembrando que não estão esgotadas «todas as possibilidades de ser suscitada nova fiscalização sucessiva da lei», a federação «reafirma a sua inteira disponibilidade para prosseguir a luta contra as medidas do Governo, consubstanciadas no projecto da Assembleia da República, que visam destruir o vínculo público, pôr em causa a estabilidade de emprego e desmantelar os regimes de carreiras e remunerações».

Excluídos da «ponte»

Na concessão da tolerância de ponto, nos dias 24 e 31 de Dezembro, o Governo «deixou de fora milhares de trabalhadores que, prestando serviço ao Estado, aos institutos públicos e serviços desconcentrados da administração central, estão vinculados por contrato individual de trabalho ou outro que não o vínculo público», acusou a FNSFP, referindo, como exemplos, que «em escolas, universidades e hospitais, os trabalhadores com contrato individual de trabalho não terão possibilidade de beneficiar da tolerância de ponto», e considerando que tal «constitui uma clara situação de discriminação».
A federação afirma que «não se trata de um lapso», já que envolve mais de 30 mil trabalhadores, mas antes de «uma atitude deliberada», procurando «abrir um precedente, para que, de futuro, com a introdução do contrato de trabalho em funções públicas, pura e simplesmente a tolerância de ponto não seja concedida».
Na Estradas de Portugal (antiga Junta Autónoma das Estradas), «parece» que as decisões já se regem por esta bitola, pois não foi concedida a tolerância de ponto, no dia 31 de Dezembro, ainda que muitos dos trabalhadores tenham vínculo público.
No âmbito da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, a federação fez chegar o seu protesto ao primeiro-ministro.


Mais artigos de: Trabalhadores

Futuro para o Arsenal

Surgem na comunicação social informações que não são facultadas aos representantes dos trabalhadores e que agravam as justificadas preocupações quanto ao futuro do estaleiro naval que apoia a Marinha portuguesa.

É hora de pagar os créditos

Representantes sindicais e trabalhadores de empresas encerradas no distrito de Lisboa exigiram, dia 19, junto ao Ministério da Economia, o pagamento de mais de 64 milhões de euros que lhes são devidos.

Sindicatos «oferecem»<br>luta firme em 2008

Um «Pai Natal de luto», um cantor e dezenas de dirigentes da Fenprof e dos sindicatos dos professores deixaram, no dia 19, à porta do Ministério da Educação, o compromisso de prosseguirem, no próximo ano, a luta pela mudança de políticas no sector. Em declarações aos jornalistas, o secretário-geral da federação garantiu...

Código para pior

A CGTP-IN apenas recebeu o relatório final do «Livro Branco das Relações Laborais» no dia em que o Governo e a comissão por este nomeada fizeram a sua apresentação pública, 20 de Dezembro. Reservando uma posição oficial para depois de analisar o documento, dirigentes da central reagiram com críticas e reforçados alertas...

Governo impõe «filtro» aos inspectores

O novo regime jurídico da actividade inspectiva, auditoria e fiscalização, publicado pelo Governo, a 31 de Julho, foi classificado, dia 12, pelo Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores, como uma «aberração governamental», pelo que deve ser anulado. Com a alteração legal, são retiradas competências...

Arquivado

A Associação Nacional de Sargentos congratulou-se com o arquivamento do processo disciplinar contra o seu presidente, que corria na Força Aérea, por declarações proferidas em Março, na posse dos órgãos sociais da ANS. Lima Coelho e outros militares têm ainda pendente um outro processo, lembra a associação, reafirmando...