Britânicos deixam Bassorá
As tropas britânicas transferiram para as autoridades iraquianas o controlo da província de Bassorá, no Sul do Iraque. No Norte, a Turquia continua as operações contra o PKK.
«Os britânicos partem e não deixam saudades»
Quatro anos e quase nove meses depois, os militares britânicos – a segunda força ocupante desde a invasão do Iraque, em Março de 2003 – entregaram a soberania da província de Bassorá às autoridades locais.
Na cerimónia oficial, nem o comandante inglês, Graham Binns, nem o actual governador da região, Mohamed al Waeli, elaboraram o balanço da presença estrangeira em Bassorá, provavelmente porque se o tivessem que fazer com o mínimo de honestidade não poderiam deixar de referir as centenas de milhar de mortos civis iraquianos e os 174 soldados abatidos em combate; as torturas e prisões arbitrárias que encheram os cárceres; a desestruturação dos sistemas públicos de educação, saúde, fornecimento de energia e água e saneamento; os milhares de refugiados e a total incapacidade do governo local em auxiliar outros tantos que chegam diariamente em busca de auxílio; os milhares de milhões de dólares gastos na máquina militar e as perdas consideráveis em emprego e actividades produtivas numa região que era, antes da guerra, uma das mais prósperas do país; a miséria absoluta da esmagadora maioria do povo que sobrevive da ajuda alimentar ou dos parcos rendimentos que o trabalho eventual e o biscate permitem.
Os britânicos partem e não deixam saudades entre a população. São os próprios que o afirmam sem temor, apurou a BBC num inquérito divulgado sexta-feira da semana passada, segundo o qual 86 por cento dos habitantes de Bassorá considera globalmente negativo o período de tutela britânica no território.
O repúdio contra os ocupantes é de tal magnitude que nem mesmo com o abandono anunciado a resistência iraquiana cessou os ataques contra os militares. Ainda na quinta-feira, a base britânica sitiada no Aeroporto de Bassorá foi bombardeada por obuses de morteiro.
Combates e violência
No resto do Iraque, o cenário de violência continua com a sucessão de atentados que roubam a vida a centenas de civis, particularmente em Bagdad, os quais são atribuídos pelos políticos fiéis a Moqtad al Sadr a um plano de «guerra suja» dos norte-americanos.
Em Diyala e al Anbar, as operações do exército dos EUA apoiado pelos militares iraquianos prossegue as manobras repressivas iniciadas em Fevereiro deste ano, mas o objectivo de esmagar a resistência está longe de ser alcançado, prova disso são as emboscadas contra colunas militares.
No Norte, o conflito envolve forças regulares turcas. Com o pretexto de dar combate aos guerrilheiros do PKK, um número não determinado de soldados de Ancara entraram, segunda-feira, em território iraquiano, acção que motivou protestos do executivo de Bagdad e sucedeu a um bombardeamento, domingo, que matou sete pessoas, cinco pretensos guerrilheiros, uma mulher e uma criança.
Preocupados com a situação, o governo autónomo do Curdistão e os homólogos de Washington procuram assegurar o controlo da região, especialmente da zona de Kirkuk, uma das mais ricas em petróleo, tanto mais que a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, visitou a cidade de surpresa depois de confirmadas as incursões da Turquia.
Na cerimónia oficial, nem o comandante inglês, Graham Binns, nem o actual governador da região, Mohamed al Waeli, elaboraram o balanço da presença estrangeira em Bassorá, provavelmente porque se o tivessem que fazer com o mínimo de honestidade não poderiam deixar de referir as centenas de milhar de mortos civis iraquianos e os 174 soldados abatidos em combate; as torturas e prisões arbitrárias que encheram os cárceres; a desestruturação dos sistemas públicos de educação, saúde, fornecimento de energia e água e saneamento; os milhares de refugiados e a total incapacidade do governo local em auxiliar outros tantos que chegam diariamente em busca de auxílio; os milhares de milhões de dólares gastos na máquina militar e as perdas consideráveis em emprego e actividades produtivas numa região que era, antes da guerra, uma das mais prósperas do país; a miséria absoluta da esmagadora maioria do povo que sobrevive da ajuda alimentar ou dos parcos rendimentos que o trabalho eventual e o biscate permitem.
Os britânicos partem e não deixam saudades entre a população. São os próprios que o afirmam sem temor, apurou a BBC num inquérito divulgado sexta-feira da semana passada, segundo o qual 86 por cento dos habitantes de Bassorá considera globalmente negativo o período de tutela britânica no território.
O repúdio contra os ocupantes é de tal magnitude que nem mesmo com o abandono anunciado a resistência iraquiana cessou os ataques contra os militares. Ainda na quinta-feira, a base britânica sitiada no Aeroporto de Bassorá foi bombardeada por obuses de morteiro.
Combates e violência
No resto do Iraque, o cenário de violência continua com a sucessão de atentados que roubam a vida a centenas de civis, particularmente em Bagdad, os quais são atribuídos pelos políticos fiéis a Moqtad al Sadr a um plano de «guerra suja» dos norte-americanos.
Em Diyala e al Anbar, as operações do exército dos EUA apoiado pelos militares iraquianos prossegue as manobras repressivas iniciadas em Fevereiro deste ano, mas o objectivo de esmagar a resistência está longe de ser alcançado, prova disso são as emboscadas contra colunas militares.
No Norte, o conflito envolve forças regulares turcas. Com o pretexto de dar combate aos guerrilheiros do PKK, um número não determinado de soldados de Ancara entraram, segunda-feira, em território iraquiano, acção que motivou protestos do executivo de Bagdad e sucedeu a um bombardeamento, domingo, que matou sete pessoas, cinco pretensos guerrilheiros, uma mulher e uma criança.
Preocupados com a situação, o governo autónomo do Curdistão e os homólogos de Washington procuram assegurar o controlo da região, especialmente da zona de Kirkuk, uma das mais ricas em petróleo, tanto mais que a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, visitou a cidade de surpresa depois de confirmadas as incursões da Turquia.