Cimeira em Lisboa

África exige comércio justo

A cimeira entre os países União Europeia e de África terminou, no domingo, 9, em Lisboa, com a rejeição clara por parte dos estados africanos dos chamados acordos de parceria económica (APE), através dos quais a UE pretende impor a liberalização do comércio a partir de 1 de Janeiro de 2008.
Liderados pelos chefes de Estado do Senegal, Nigéria e África do Sul, os países africanos resistiram às pressões europeias, declarando que não irão assinar os APE e exigndo relações comerciais mais justas e adaptadas às suas economias.
Abdoulaye Wade, presidente do Senegal, deixou antecipadamente os trabalhos na manhã de domingo, expressando a sua oposição às negociações em curso. Em conferência de imprensa, Wade afirmou que «os africanos estão contra os acordos».
Como explicou, a sua saída da cimeira «não é nenhum protesto, mas permitam-me que me vá embora porque tenho coisas a fazer no meu país». «Não há problema nenhum. Só não aceitamos os APE. Isto é democracia».
O presidente senegalês revelou ainda que «pedimos à União Europeia que inicie novas negociações com a União Africana sobre os acordos comerciais entre os dois continentes e espero que isso possa acontecer ainda este mês de Dezembro».
Mesmo entre aqueles que assinaram anteriormente os APE, muitos estão agora contra, disse o presidente que apelou a todos os intelectuais africanos de uma ponta a outra do continente e da diáspora para que tomem posição contra os APE, «em defesa de África».

UE modera discurso

Esta resistência de África aos ditames europeus obrigou o presidente da Comissão, Durão Barroso, a mostrar-se partidário da negociação, disponibilizando-se para firmar acordos comerciais provisórios, com a duração de um ano, que conduziriam à assinatura dos APE.
Com a cenoura numa mão e o pau na outra, Barroso evocou a expiração, já em 1 de Janeiro próximo, dos acordos preferenciais actuais, que permitem o escoamento de produtos africanos para o mercado europeu em condições favoráveis.
O responsável europeu afirma-se preocupado com o fim do prazo, já que a UE seria obrigada a restabelecer as taxas aduaneiras às exportações africanas. A Comissão calcula que esta medida custaria só à Costa do Marfim, país que já se submeteu aos APE, cerca de 700 milhões de euros por ano.
A atitude apaziguadora dos líderes europeus, manifestada igualmente pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Ângela Merkel, ambos reconhecendo que os Vinte e Sete deveriam ser «mais flexíveis», não pode, no entanto, dissociar-se do crescente presença chinesa nos mercados de África.
Foi mais uma vez o presidente senegalês que o disse de forma clara e explícita: «A Europa já perdeu praticamente a batalha com a China em África. Pelo preço de um carro europeu podem-se comprar dois chineses».


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