O poder absoluto!

José Martins
Um profundo conservadorismo e uma cega relutância em ajustarem a política aos sentimentos e aspirações mais profundos do povo e dos trabalhadores, marcam a governação socialista.
É uma política delineada, programada e executada ao serviço dos novos e velhos potentados económicos. E os efeitos, tão devastadores como preocupantes, estão à vista: as drásticas e violentas reformas que atingem o Estado e a Administração Pública, com o encerramento de milhares de escolas e centros de saúde, o fecho de dezenas de tribunais e de postos e esquadras de polícia, o aumento da pobreza, do desemprego e do endividamento das famílias a níveis incomportáveis, os cortes nos direitos sociais e uma pesadíssima carga tributária, os ataques às liberdades de opinião, propaganda e de manifestação, a permissão de escutas e buscas policiais indiscriminadas e sem controlo judicial, a governamentalização e militarização do sistema de segurança interna, das forças policiais, da guarda florestal, dos bombeiros, dos serviços de informação e da própria investigação criminal.
São políticas «mascaradas de reformas», de cunho profundamente anti-democrático e que trazem no seu bojo um poder de classe discricionário, arbitrário e prepotente, que se vem manifestando em métodos selvagens de despedimento de trabalhadores e na aniquilação dos seus direitos e no ilegal, ilimitado e desproporcionado uso da força pelas instituições e órgãos do estado «cor-de-rosa», na proliferação das máfias e da institucionalização da violência, no campear do compadrio, do amiguismo e da corrupção, do estímulo à defesa de valores decadentes e desumanos, da xenofobia e do racismo.
É neste caldo de cultura que emerge toda uma cáfila de saudosistas e apologistas do regime fascista.
Ora na televisão pública, a pavonear-se com todo o desplante e à vontade, a discorrer entre omissões, deturpações e mentiras sobre um dos períodos mais negros da nossa história como foi a guerra colonial, que um regime enfermo e fascista impôs ao povo português e aos povos africanos, hoje livres e independentes;
ou, sob a capa de «escritores e investigadores», a concluír que a PIDE não era tão repressiva como se diz por aí (afinal só prenderam 15 mil pessoas!!!), ou ainda na forma mais empedernida de que o ditador de Santa Comba Dão (apresentado na versão saloia) até desconhecia o que a tenebrosa organização (leia-se PIDE) andava a fazer e rematam: «os outros (numa alusão aos mentores menores) esses sim, é que eram maus...»;
e há, também, os que, transvestidos de historiadores e politólogos, ou simplesmente de académicos, com rótulos de independentes (como convém!), são incumbidos ou contratados (talvez à peça) a branquear o regime e o bando de malfeitores que aterrorizaram o povo português durante 48 anos;
e em toda esta engrenagem não podiam faltar os «fazedores de crises» do Banco Portugal e os especuladores da banca privada, gente acima de qualquer suspeita, a competir entre si em doações e empréstimos de contornos escandalosos, fugidios e muito pouco claros;
e numa linha de intersecção, e com lugar cativo, os ministros das polícias e da justiça que, perante as actuações excessivas e extemporâneas das polícias, de denúncias de escutas telefónicas, e de arrogância fascista, vêm com boca cheia de «Estado de direito democrático» impondo à sorrelfa e cinicamente políticas securitárias e limitativas dos direitos e liberdades dos portugueses, em nome dos sacrossantos e superiores interesses da «segurança nacional».
Enfim, estamos em presença de uma das mais perversas maquinações contra o Estado democrático, os direitos dos trabalhadores e a liberdade dos portugueses desde que a ditadura fascista foi derrubada em 25 de Abril.
É o absolutismo e o desmando elevados até ao último grau que parecem inspirar e suportar este governo dito socialista.
Mas o que mais impressiona é que o Partido Socialista e os seus dirigentes e as suas muitas alas não manifestem a mais ténue vergonha e que nenhuma destas graves situações tenha perturbado as suas consciências ditas socialistas.


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