Apertadamente
Duas notícias, com pouco tempo de intervalo – por isso tentadoras para que as junte num mesmo comentário – vieram a lume nos media no princípio da semana, e são mais esclarecedoras que um discurso de Sócrates. Por um lado, o Diário de Notícias de segunda-feira revela: «PJ perde num ano 84 inspectores». E, mais adiante, esclarece que «o decréscimo de investigadores verifica-se em todo o País, sobretudo na área do combate ao crime económico e de combate ao banditismo». Só esta notícia dava pano para mangas, se quiséssemos tirar dela as devidas consequências. Veríamos, por exemplo, como o Governo, preocupado com o «emagrecimento do Estado», deixa mais despreocupados os bandidos, sobretudo aqueles que usam colarinho branco...
A outra notícia, também ela reveladora da crença natural de um executivo virado para a defesa dos interesses do capital e que vê nos trabalhadores e nos que com eles combatem por uma vida melhor, potenciais terroristas a vigiar apertadamente, veio a público no Jornal de Notícias do mesmo dia: «SIS vai ter casa segura por 15 milhões de euros».
O preço anunciado, só por si, é revelador dos amores que o primeiro-ministro nutre pela instituição, oferecendo uma nova sede aos serviços secretos no forte da Ameixoeira por uma quantia tão elevada que os contribuintes – os trabalhadores – pagam. Mas, como o seu projecto é concentrar nas suas mãos todos os serviços de informação e segurança do País, todo o dinheiro é pouco para as secretas que por aí pululam.
A nova casa vai albergar o SIRP e o SIS, as secretas nacionais. E há duas razões apontadas publicamente para tomar estas medidas de espavento: uma porque o edifício da Alexandre Herculano seria muito «exposto» (à curiosidade?). Outra porque já é muito pequeno. Com efeito, o edifício de Lisboa, «projectado para 60 operacionais», «alberga já mais do dobro». E mais: é que tais serviços, cuja tendência é escaparem cada vez mais ao escrutínio da democracia, podem contar com um aumento explosivo de «novos quadros» - nos próximos quatro anos contarão com cerca de 800 funcionários.
Pronto. Está feita a comparação. O Governo dá larguezas ao crime económico e desdenha a segurança dos cidadãos; o Governo está preocupado com os cidadãos e pretende vigiá-los. Apertadamente.
A outra notícia, também ela reveladora da crença natural de um executivo virado para a defesa dos interesses do capital e que vê nos trabalhadores e nos que com eles combatem por uma vida melhor, potenciais terroristas a vigiar apertadamente, veio a público no Jornal de Notícias do mesmo dia: «SIS vai ter casa segura por 15 milhões de euros».
O preço anunciado, só por si, é revelador dos amores que o primeiro-ministro nutre pela instituição, oferecendo uma nova sede aos serviços secretos no forte da Ameixoeira por uma quantia tão elevada que os contribuintes – os trabalhadores – pagam. Mas, como o seu projecto é concentrar nas suas mãos todos os serviços de informação e segurança do País, todo o dinheiro é pouco para as secretas que por aí pululam.
A nova casa vai albergar o SIRP e o SIS, as secretas nacionais. E há duas razões apontadas publicamente para tomar estas medidas de espavento: uma porque o edifício da Alexandre Herculano seria muito «exposto» (à curiosidade?). Outra porque já é muito pequeno. Com efeito, o edifício de Lisboa, «projectado para 60 operacionais», «alberga já mais do dobro». E mais: é que tais serviços, cuja tendência é escaparem cada vez mais ao escrutínio da democracia, podem contar com um aumento explosivo de «novos quadros» - nos próximos quatro anos contarão com cerca de 800 funcionários.
Pronto. Está feita a comparação. O Governo dá larguezas ao crime económico e desdenha a segurança dos cidadãos; o Governo está preocupado com os cidadãos e pretende vigiá-los. Apertadamente.