Jornada nacional de acção

Protestos paralisam França

Caminhos-de-ferro, transportes urbanos, gás e electricidade, bem como o conjunto da administração pública deverão paralisar hoje, quinta-feira, em toda a França no âmbito de uma jornada nacional de acção convocada por todas as estruturas sindicais do país.

As greves de hoje em França visam travar a retirada de direitos sociais

A poderosa jornada constitui a primeira grande mobilização social contra as políticas do presidente Nicolas Sarkozy e do seu primeiro-ministro François Fillon. Os sindicatos não duvidavam da adesão maciça de trabalhadores às greves anunciadas e o próprio governo reconhecia que o protesto teria fortes repercussões.
Sarkozy confessou que esperava uma semana social «difícil», enquanto Fillon declarou no sábado, que «não temia» a jornada. O seu ministro do Trabalho, Xavier Bertrand, foi mais claro, afirmando no dia seguinte, aos microfones da rádio Europe 1, que «não deverá praticamente haver comboios, autocarros ou metro na quinta-feira». «Penso que a greve será forte e que este movimento será muito forte (…) mas nós estamos totalmente determinados a realizar esta reforma».
As greves foram convocadas como resposta ao ataque do governo aos «regimes especiais» de segurança social que permitem, por exemplo, aos ferroviários reformarem-se aos 50 anos, no caso dos maquinistas, e aos 55 para os restantes trabalhadores da empresa. Além disso, ao fim de 37,5 anos de contribuições têm direito à pensão completa.
Com o pretexto de «colocar o conjunto dos franceses em pé de igualdade», o governo quer eliminar estas regalias, que são vistas pelos trabalhadores como uma justa compensação pelos salários baixos que auferem e pela dureza do serviço que implica horários atípicos, trabalho aos domingos e feriados.
Ao mesmo tempo os sindicatos alertam que o ataque aos chamados «regimes especiais» não é mais do que a primeira fase da ofensiva global contra o sistema de segurança social que afectará todos os franceses. «Existe hoje uma comunhão de interesses entre os que defendem os regimes especiais e aqueles que recusam que o regime geral seja posto em causa», observou Dider Le Reste, secretário-geral da CGT/Ferroviários, avisando que novas medidas neste sentido serão anunciadas pela equipa de Sarkozy logo a seguir às eleições municipais do próximo ano.
Todavia uma grande parte da população, induzida pela propaganda demagógica do governo, apoia a eliminação dos «regimes especiais», segundo indicam sondagens recentes.
O impacto da jornada de hoje poderá assim contribuir para uma alteração na consciência de massas e para uma inversão dos pratos da balança a favor dos trabalhadores. De resto, há muitos anos que o país não assistia a um consenso tão alargado entre a enorme profusão de centrais sindicais.
Todas as oito organizações nacionais (CGT, UNSA, Sud-Rail, CFTC, FGAAC, FO, CFDT e CGC) subscreveram as convocatórias de greves e manifestações em todos os departamentos franceses.
Para lá dos sectores já mencionados, a jornada prevê ainda a participação de trabalhadores do sector privado em defesa do poder de compra, do emprego e contra a imposição dos serviços mínimos durante as greves.

Internos em greve

Por seu lado, os médicos internos e estudantes de medicina prosseguem a sua luta contra o novo projecto de financiamento da segurança social para 2008. Em greve às urgências desde 29 de Setembro, este grupo profissional acusa o governo de pretender limitar a sua liberdade de instalação, condicionando as convenções com o Estado a determinadas regiões com maior carência de profissionais de saúde.
Por último, refira-se que também as federações sindicais de reformados e pensionistas convocaram acções de protesto ao longo da toda a semana, reivindicando, entre outros, a revalorização das pensões.


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