Uma visita aos Açores
Uma visita aos Açores, com a beleza ímpar e diversificada das suas ilhas e a hospitalidade da sua população, é sempre «a realidade de um sonho», como se afirma num documento de divulgação da Ilha das Flores, embora, às vezes, se descubram contradições gritantes, como aconteceu também agora, na visita que fiz no passado mês de Julho.
Um velho marinheiro, antigo baleeiro da ilha das Flores, depois de nos mostrar o que resta da extinta faina, que guarda carinhosamente no que é um autêntico núcleo de um futuro centro museológico, a visitar obrigatoriamente por quem queira conhecer actividades humanas de verdadeiros heróis do mar, chamou-nos a atenção para a insólita viagem que um velho barco baleeiro tinha de fazer para ir participar numa actividade na ilha do Pico.
Face à recusa do seu transporte por parte do comandante do barco que, semanalmente, quando o mar deixa, assegura a viagem de passageiros entre as ilhas, o velho barco baleeiro teve de viajar no navio que faz a ligação de transporte de mercadorias entre o Continente e as ilhas dos Açores. Assim, da ilha das Flores teve de ir até Leixões, para depois seguir para Ponta Delgada e daí para o Faial, e, só então, para a ilha do Pico. Parece ficção. Mas não é. Passou-se este verão. Espero que tenha chegado a tempo para a corrida dos antigos baleeiros, no Pico.
É preciso conhecer os Açores para perceber o que significa a ultraperiferia quando se junta a insularidade que, aqui, assume características muito próprias, dado se tratar de nove ilhas no meio do Atlântico, algumas muito distantes entre si. O problema dos transportes de mercadorias e passageiros e a questão das telecomunicações assumem particular acuidade, como pude mais uma vez testemunhar, e que o episódio do transporte de um bote baleeiro para uma corrida no Pico bem evidencia. Mas que, igualmente, se faz sentir quando se sabe que as Flores e o Corvo continuam sem ter acesso à banda larga por não haver ligação de cabo óptico e que o próprio telemóvel nem sempre funciona, como pude testemunhar.
É certo que, parafraseando o romance «Pedras Negras» do escritor picoense Dias de Melo, também começou a desandar a roda do destino quando o Portugal pós-revolucionário criou a Região Autónoma dos Açores. Mas há ainda muito a fazer para garantir à generalidade do povo açoriano a concretização do direito a uma vida digna vencendo as dificuldades que a insularidade e a ultraperiferia criam, mas onde também nem sempre houve a sensibilidade necessária para dar prioridade às políticas públicas necessárias para as infra-estruturas e os equipamentos colectivos essenciais às populações, designadamente às mais carenciadas.
Um voz necessária
No Faial, onde a CDU conseguiu nas últimas eleições autárquicas o maior resultado de sempre, tendo agora dois vereadores no executivo municipal da Horta com responsabilidades importantes, designadamente nas áreas sociais e do saneamento básico, estão a ser dados passos significativos para alterar uma herança inadmissível de ausência de infra-estruturas de saneamento básico municipal e de enormes carências em equipamentos de apoio às crianças e idosos.
No entanto, a perda anterior dos dois deputados que tínhamos na Assembleia Legislativa Regional é muito sentida, como tive oportunidade de testemunhar nos contactos que fiz com diversas instituições e associações das ilhas de S. Miguel, Faial e Flores, integrada numa delegação de dirigentes do PCP nos Açores. Falta ali a voz da CDU sempre atenta, critica, mas também de propostas claras e precisas, sempre que necessário. As eleições regionais do próximo ano são um desafio que se encara com determinação e confiança.
Entretanto, no Parlamento Europeu, iremos continuar a dar voz aos anseios da população dos Açores, a lutar pelo aprofundamento do estatuto da ultraperiferia agravada pela insularidade e pelo seu reconhecimento, de forma transversal, em todas as políticas comunitárias, a exigir o financiamento adequado para o programa comunitário específico que contemple todos os problemas estruturais das ilhas, apostando no seu desenvolvimento económico e no progresso social, o que também exige o direito à soberania da ZEE e à gestão dos recursos marinhos, o aumento da quota do leite e da pesca, designadamente do goraz, a promoção dos produtos regionais, a resolução dos problemas dos transportes e das comunicações.
Estes contactos regulares dos deputados comunistas, que representam todo o País no Parlamento Europeu, permitem a troca de experiências e são um manancial de informações para a actividade institucional que desenvolvemos, em Bruxelas e Estrasburgo, na defesa dos interesses de Portugal, dos trabalhadores e da população em geral.
Um velho marinheiro, antigo baleeiro da ilha das Flores, depois de nos mostrar o que resta da extinta faina, que guarda carinhosamente no que é um autêntico núcleo de um futuro centro museológico, a visitar obrigatoriamente por quem queira conhecer actividades humanas de verdadeiros heróis do mar, chamou-nos a atenção para a insólita viagem que um velho barco baleeiro tinha de fazer para ir participar numa actividade na ilha do Pico.
Face à recusa do seu transporte por parte do comandante do barco que, semanalmente, quando o mar deixa, assegura a viagem de passageiros entre as ilhas, o velho barco baleeiro teve de viajar no navio que faz a ligação de transporte de mercadorias entre o Continente e as ilhas dos Açores. Assim, da ilha das Flores teve de ir até Leixões, para depois seguir para Ponta Delgada e daí para o Faial, e, só então, para a ilha do Pico. Parece ficção. Mas não é. Passou-se este verão. Espero que tenha chegado a tempo para a corrida dos antigos baleeiros, no Pico.
É preciso conhecer os Açores para perceber o que significa a ultraperiferia quando se junta a insularidade que, aqui, assume características muito próprias, dado se tratar de nove ilhas no meio do Atlântico, algumas muito distantes entre si. O problema dos transportes de mercadorias e passageiros e a questão das telecomunicações assumem particular acuidade, como pude mais uma vez testemunhar, e que o episódio do transporte de um bote baleeiro para uma corrida no Pico bem evidencia. Mas que, igualmente, se faz sentir quando se sabe que as Flores e o Corvo continuam sem ter acesso à banda larga por não haver ligação de cabo óptico e que o próprio telemóvel nem sempre funciona, como pude testemunhar.
É certo que, parafraseando o romance «Pedras Negras» do escritor picoense Dias de Melo, também começou a desandar a roda do destino quando o Portugal pós-revolucionário criou a Região Autónoma dos Açores. Mas há ainda muito a fazer para garantir à generalidade do povo açoriano a concretização do direito a uma vida digna vencendo as dificuldades que a insularidade e a ultraperiferia criam, mas onde também nem sempre houve a sensibilidade necessária para dar prioridade às políticas públicas necessárias para as infra-estruturas e os equipamentos colectivos essenciais às populações, designadamente às mais carenciadas.
Um voz necessária
No Faial, onde a CDU conseguiu nas últimas eleições autárquicas o maior resultado de sempre, tendo agora dois vereadores no executivo municipal da Horta com responsabilidades importantes, designadamente nas áreas sociais e do saneamento básico, estão a ser dados passos significativos para alterar uma herança inadmissível de ausência de infra-estruturas de saneamento básico municipal e de enormes carências em equipamentos de apoio às crianças e idosos.
No entanto, a perda anterior dos dois deputados que tínhamos na Assembleia Legislativa Regional é muito sentida, como tive oportunidade de testemunhar nos contactos que fiz com diversas instituições e associações das ilhas de S. Miguel, Faial e Flores, integrada numa delegação de dirigentes do PCP nos Açores. Falta ali a voz da CDU sempre atenta, critica, mas também de propostas claras e precisas, sempre que necessário. As eleições regionais do próximo ano são um desafio que se encara com determinação e confiança.
Entretanto, no Parlamento Europeu, iremos continuar a dar voz aos anseios da população dos Açores, a lutar pelo aprofundamento do estatuto da ultraperiferia agravada pela insularidade e pelo seu reconhecimento, de forma transversal, em todas as políticas comunitárias, a exigir o financiamento adequado para o programa comunitário específico que contemple todos os problemas estruturais das ilhas, apostando no seu desenvolvimento económico e no progresso social, o que também exige o direito à soberania da ZEE e à gestão dos recursos marinhos, o aumento da quota do leite e da pesca, designadamente do goraz, a promoção dos produtos regionais, a resolução dos problemas dos transportes e das comunicações.
Estes contactos regulares dos deputados comunistas, que representam todo o País no Parlamento Europeu, permitem a troca de experiências e são um manancial de informações para a actividade institucional que desenvolvemos, em Bruxelas e Estrasburgo, na defesa dos interesses de Portugal, dos trabalhadores e da população em geral.