24.º Festival Internacional de Teatro de Almada

Celebração do pensamento e da inquietude

De 4 a 18 de Julho realizar-se-á mais uma edição do Festival Internacional de Teatro de Almada. Este certame integra, há quase meio século e ininterruptamente, o calendário das grandes iniciativas culturais do nosso País.

O Festival de Almada tem uma programação de qualidade acima da média

A apresentação do programa deu-se, a bordo de um cacilheiro, entre as duas margens do Rio Tejo, até porque o certame vai ocupar espaços de Almada e de Lisboa.
«Apesar das dificuldades orçamentais que enfrenta, a 24.ª edição do Festival de Almada tem, este ano, uma programação de qualidade acima da média», acentuou Joaquim Benite, director do festival. Por seu lado, António Matos, vereador da Cultura, sublinhou que Almada é já «a cidade da Cultura e do Teatro».
Este ano, a participação de figuras consagradas do teatro internacional, como o inglês Peter Brook e o francês Bernard Sobel é acompanhada pela apresentação de trabalhos de um conjunto de jovens criadores contemporâneos, como o lituano Oskaras Korsunovas, o argentino Rafael Sregelburd ou o norueguês Finn Lunker. Dois grandes acontecimentos marcam ainda este festival nas áreas da dança e do teatro de marionetas, com a presença da famosa companhia italiana Aterballetto, dirigida por Mauro Bigonzetti, e o Teatro Nacional de Hanói com as milenares Marionetas de Água do Vietname.
Este certame, que integra este ano um conjunto de 23 espectáculos de 11 companhias estrangeiras e 9 portuguesas, inclui ainda cinco produções em estreia. Além da peça de Jean-Luc Lagarce, a apresentar no Instituto Franco-Português, estreiam-se produções no Teatro Municipal de Almada, na Culturgest e no São Luiz – Teatro Municipal.
Em Almada, Bernard Sobel, uma das grandes figuras do teatro francês contemporâneo, dirige «A charrua e as estrelas», de Sean O’Casey, numa produção da Companhia de Teatro de Almada com o Teatro Aloés. A peça, considerada um dos textos fundamentais do autor irlandês, aborda o Levantamento da Páscoa de 1916 em Dublin, liderado por Citizen Army, que redundou numa revolta falhada.
Também no Teatro Municipal de Almada, Solveig Nordlund dirige «Uma peça de teatro», um original do actor e dramaturgo sueco Erland Josephson, amigo e colaborador de Ingmar Bergman. Um teatro sobre o teatro e a condição do actor, com reflexões sobre a arte de representar.
Por seu lado, o Teatro Nacional de S. João estreia, no São Luiz – Teatro Municipal, um «Concerto de Rabih Abou-Khalil, com letras de Jacinto Lucas Pires. Natural do Líbano, que abandonou em 1978 para se fixar na Alemanha, Abou-Khalil entregou-se ao estudo da flauta transversal e da composição clássica europeia e ocidental.
O espectáculo nasceu de um projecto inicial de cruzamento com o fado. A sofisticação do canto dos intérpretes Ricardo Ribeiro e Tânia Moreira conduziu o músico libanês a um território que se autonomiza e passa a excluir a presença convencional do fado.
Na Culturgest, Diogo Dória encena «Sete contra Tebas», de Ésquilo. Nesta peça do mais antigo dos três grandes tragediógrafos, a figura do herói, Étéocles, ergue-se graças à força grave e superior da sua conduta viril, sobre um fundo de terror e medo.

Viver o teatro

Um dos mais relevantes acontecimentos deste ano é a apresentação de um trabalho de Peter Brook, estreado com grande êxito no Festival de Avignon. Peter Brook, cujo espectáculo «Je suis un phénomène» esteve no festival de 1998, mostra um texto de Athol Fugard, John Kani e Winston Ntshona intitulado «Sizme Banzai est mort». A peça descreve a violência do sistema inumano do apartheid, tornando-se ridículo e fútil e anunciando de forma premonitória a sua queda.
A companhia flamenga tgSTAN, muito conhecida do público do festival, mostra, na Culturgest, um espectáculo com texto de um jovem escritor português, José Luís Peixoto, intitulado «Anathema».
Um companhia da Noruega, a Verk Produksjoner, está pela primeira vez presente no festival com «Ifigeneia». A peça, escrita a partir de «Ifigénia em Áulida» de Eurípedes, é uma farsa política, na qual Agamemnon sacrifica a filha em troca de vento para que os gregos possam navegar até Tróia.
O teatro de marionetas ocupa também um lugar destacado no festival. Além das Marionetas de Água do Vietname, está presente o Teatro de Marionetas do Porto, com dois espectáculos. A companhia portuense Circolando, um dos mais conhecidos grupos portugueses no estrangeiro, utiliza marionetas no seu espectáculo «Cavaterra».
Uma das produções que poderá constituir das maiores surpresas da programação é uma criação do Cascai Teatre, de Girona (Catalhunha), intitulada «Living Costa Brava», em que os actores prescindem do texto para desenvolver uma crítica violenta e humorística à sociedade contemporânea e aos seus clichés.
Carmem Dolores será a personalidade homenageada este ano. Com uma carreira que já abrange seis décadas, Cármen Dolores é um dos nomes de referência do teatro em Portugal
Durante os 14 dias, o Festival de Teatro de Almada, que decorre em 13 diferentes espaços, em Almada e Lisboa, organiza ainda várias exposições, seminários, encontros, debates e colóquios, workshop’s de movimento e espectáculos musicais.
O preço das assinaturas para todos os espectáculos é de 65 euros. Para os jovens com menos de 25 anos e para maiores de 65 o preço é de 35 euros. Poderá obter mais informações através do site www.ctalmada.pt.


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