A luta não espera por Proença

Anabela Fino
«Sentimos novamente a pobreza e a exclusão»; o combate ao défice público «tem sido feito à custa dos salários e das pensões»; reina o «caos» na Administração Pública; «não é aceitável a política do quero, posso e mando!»
Bem prega Frei Tomás, ou no caso vertente João Proença, líder da UGT, ex-dirigente nacional e deputado do PS, com passagem por vários gabinetes ministeriais e hoje como sempre militante socialista.
Quem o ouviu no 1.º de Maio, pregando aos cerca de mil manifestantes (mil manifestantes mil) que segundo o DN responderam à chamada da UGT para as comemorações do Dia do Trabalhador, quem o ouviu, dizia, é capaz de ter pensado que a organização se distanciava das estratégias político-partidárias do Governo PS e erguia a bandeira da luta contra o «aumento do desemprego, da precariedade no trabalho e das desigualdades sociais» que, de acordo com o próprio Proença, o executivo Sócrates está a implementar.
Dias depois, no encerramento do Congresso do CDS-PP, a 20 de Maio, Proença voltava ao ataque dizendo que «houve perdas de salários», e alertando para o facto de Portugal ser o «país da União Europeia com maior desigualdade social».
É desta, pensaram os crédulos, antevendo a entrada da UGT na luta geral dos trabalhadores por uma mudança de rumo na política nacional. Qual quê! Quem acreditou nisso não leu certamente a entrevista de Proença ao CM (13.05.07), onde o intrépido sindicalista opina que ainda não é tempo de os trabalhadores da UGT fazerem greve, aconselha os trabalhadores a esperar pelo momento certo para protestar, e aponta como eventual razão para uma greve geral a próxima revisão do Código de Trabalho, o qual, se bem nos lembramos, lhe mereceu o aplauso.
Não é pois de estranhar que Proença tenha vindo a público acusar a CGTP de «arrogância» e asseverar que a greve de 30 de Maio não foi geral «porque não foi declarada pela UGT, nem pela maioria dos sindicatos independentes».
Se se tiver em consideração que a única vez que a UGT aderiu a uma greve geral foi em 1988 – também classificada com um «fracasso» pelo então primeiro-ministro Cavaco Silva – bem pode Sócrates dormir descansado. Se os trabalhadores estivessem à espera «do momento certo para protestar», segundo a UGT, bem podiam esperar sentados. Talvez seja por isso que apenas mil foram ouvir Proença no 1.º de Maio, enquanto dezenas de milhares desfilavam ao som de luta da CGTP.


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