Governo e multinacionais com as mãos sujas
O ex-comandante Salvatore Mancuso confirmou o envolvimento de diversas multinacionais no financiamento das forças paramilitares colombianas e a existência de uma política oficial de apoio àqueles grupos armados.
«Multinacionais e companhias colombianas financiaram durante anos os paramilitares»
Quando em 2006 o presidente Álvaro Uribe e o grupo armado de extrema-direita Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) concluíram o processo de desmobilização de cerca de 30 mil paramilitares, poucos pensariam que a verdade sobre os vínculos entre aquele bando criminoso e os governos colombianos acabaria por vir à tona.
Certo é que o escândalo na Colômbia adensou-se, no final da semana passada, com o testemunho do ex-comandante das AUC, Salvatore Mancuso, detido desde o ano passado num processo que já enviou para a prisão dezenas de deputados, governadores provinciais e membros de anteriores e do actual governo, e promete maiores e mais graves revelações sobre a «parapolítica», colocando a nu que uns e outros, com a colaboração activa das multinacionais, têm as mãos manchadas com o sangue do povo.
Durante as audições em Medelin, Mancuso, sobre quem recaem meio milhar de assassinatos, abriu o livro e começou a recitar nomes num total de mais de 30 políticos e empresários.
De acordo com o antigo chefe das AUC, multinacionais e companhias colombianas, incluindo empresas estatais, financiaram durante anos os paramilitares. A Del Monte, Dole e Chiquita surgem à cabeça dos contribuintes. Cada uma pagava um centavo de dólar por caixa de bananas destinada à exportação. Mas o rol não se fica por aqui. A Hyundai também entrou no esquema de financiamento do grupo que combatia sem piedade as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército Popular (FARC-EP) e matava, sequestrava ou torturava os dirigentes políticos, sociais ou sindicais de esquerda.
Das companhias nacionais referidas destacam-se as cervejeiras Postobón (dez milhões de pesos/mês) e Bavaria (mil pesos/cerveja), a ECOPETROL (100 milhões de pesos/ano só pela exploração de uma região), a madeireira Monterrey (pagava em materiais de construção), a Oleoduto Central da Colômbia, e outras empresas ligadas aos negócios do carvão, das pescas, da produção e distribuição de géneros alimentares.
Droga no centro do negócio
Das confissões feitas por Mancuso perante a justiça sublinham-se ainda as respeitantes ao envolvimento do governo e das AUC no tráfico de estupefacientes. Segundo o relato, de 1997 a 2004, as AUC lucraram 90 milhões de dólares com o narcotráfico na região Norte, ao que acrescem as receitas da venda de 230 mil quilos de cocaína em estado puro proveniente de Catatumbo e Córdoba. Como qualquer negócio na sociedade capitalista, Mancuso explicou que era necessário investir, pelo que, denunciou, no mesmo período, pagou a membros da polícia mais de 80 mil milhões de pesos em subornos e chegou a comprar uma frota de 10 helicópteros para transportar a droga, aeronaves que eram conduzidas por oficias da polícia, disse.
Documento acrescenta nomes
Entretanto, o diário El Tiempo revelou estar na posse de um documento assinado por mais de 400 políticos, datado do ano 2000, no qual estes se comprometem a cumprir um esquema de repartição de lugares na administração central e na província de Magdalena, uma das regiões onde a presença das AUC mais se fazia sentir.
A esta informação acrescem as detenções de Víctor Guerra Espriella, agrário, e José dos Santos Negrete, deputado, implicados num outro pacto secreto, desta feita assinado em 2001.
Certo é que o escândalo na Colômbia adensou-se, no final da semana passada, com o testemunho do ex-comandante das AUC, Salvatore Mancuso, detido desde o ano passado num processo que já enviou para a prisão dezenas de deputados, governadores provinciais e membros de anteriores e do actual governo, e promete maiores e mais graves revelações sobre a «parapolítica», colocando a nu que uns e outros, com a colaboração activa das multinacionais, têm as mãos manchadas com o sangue do povo.
Durante as audições em Medelin, Mancuso, sobre quem recaem meio milhar de assassinatos, abriu o livro e começou a recitar nomes num total de mais de 30 políticos e empresários.
De acordo com o antigo chefe das AUC, multinacionais e companhias colombianas, incluindo empresas estatais, financiaram durante anos os paramilitares. A Del Monte, Dole e Chiquita surgem à cabeça dos contribuintes. Cada uma pagava um centavo de dólar por caixa de bananas destinada à exportação. Mas o rol não se fica por aqui. A Hyundai também entrou no esquema de financiamento do grupo que combatia sem piedade as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército Popular (FARC-EP) e matava, sequestrava ou torturava os dirigentes políticos, sociais ou sindicais de esquerda.
Das companhias nacionais referidas destacam-se as cervejeiras Postobón (dez milhões de pesos/mês) e Bavaria (mil pesos/cerveja), a ECOPETROL (100 milhões de pesos/ano só pela exploração de uma região), a madeireira Monterrey (pagava em materiais de construção), a Oleoduto Central da Colômbia, e outras empresas ligadas aos negócios do carvão, das pescas, da produção e distribuição de géneros alimentares.
Droga no centro do negócio
Das confissões feitas por Mancuso perante a justiça sublinham-se ainda as respeitantes ao envolvimento do governo e das AUC no tráfico de estupefacientes. Segundo o relato, de 1997 a 2004, as AUC lucraram 90 milhões de dólares com o narcotráfico na região Norte, ao que acrescem as receitas da venda de 230 mil quilos de cocaína em estado puro proveniente de Catatumbo e Córdoba. Como qualquer negócio na sociedade capitalista, Mancuso explicou que era necessário investir, pelo que, denunciou, no mesmo período, pagou a membros da polícia mais de 80 mil milhões de pesos em subornos e chegou a comprar uma frota de 10 helicópteros para transportar a droga, aeronaves que eram conduzidas por oficias da polícia, disse.
Documento acrescenta nomes
Entretanto, o diário El Tiempo revelou estar na posse de um documento assinado por mais de 400 políticos, datado do ano 2000, no qual estes se comprometem a cumprir um esquema de repartição de lugares na administração central e na província de Magdalena, uma das regiões onde a presença das AUC mais se fazia sentir.
A esta informação acrescem as detenções de Víctor Guerra Espriella, agrário, e José dos Santos Negrete, deputado, implicados num outro pacto secreto, desta feita assinado em 2001.