Greve geral e Lisboa

Dois combates para vencer!

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política)
Lisboa sofre desde 2001, as consequências da política de direita, levada a cabo pelo PSD em aliança com o CDS.

O combate à política do Governo é, também, uma acção de campanha eleitoral

Esta política degradou profundamente as condições de vida na cidade, nomeadamente: no trânsito e estacionamento; na limpeza urbana; na falta de resposta aos problemas que afectam os bairros municipais; na desarticulação dos serviços e desmotivação dos milhares de trabalhadores do município; na ausência de uma política desportiva e de apoio ao movimento associativo e na degradação do parque escolar.
A principal preocupação da direita foi entregar a cidade à especulação imobiliária. Entrega que se prepara para aprofundar com a revisão do PDM. A situação pantanosa a que chegou a CML resulta da falência desta política contrária ao interesse público e às condições de vida do povo de Lisboa.
No entanto, o PSD e o CDS não são os únicos responsáveis pela situação a que chegou o município porque, nas questões essenciais, tiveram sempre o apoio político e o voto expresso do PS. No caso concreto da permuta dos terrenos do Parque Mayer/Feira Popular, contaram ainda com o voto favorável do BE.
É de salientar que não se tratou de um voto qualquer, já que o PS e o BE sabiam que sem o seu voto, o negócio não passava na Assembleia Municipal. Foi para travar o andamento deste e de outros processos igualmente ruinosos para a cidade que os vereadores do PCP decidiram interpor as acções respectivas. São estes processos que estão, agora, a ser investigados pela Policia Judiciária e pelo Ministério Público e que devem continuar apurando todas as responsabilidades.
Neste momento em que as eleições intercalares estão marcadas e os eleitores de Lisboa vão ser chamados a julgar nas urnas as posições assumidas por cada força política, há quem queira fazer esquecer estes factos e fazer de conta que não existiram. É nosso dever mantê-los vivos na memória dos lisboetas para que possam considerá-los quando decidirem a quem dar o seu voto no dia 1 de Julho.

Garantir a ruptura necessária

A CDU é a única força política que se apresenta a estas eleições «sem nódoas na vestimenta», que pode apresentar-se perante os eleitores de cabeça erguida e sem ser acusada de cumplicidades com a política levada a cabo pela direita na CML. A CDU é, por tudo isto, a única força política que garante uma efectiva ruptura com a mais vergonhosa gestão autárquica de que há memória em Lisboa nos últimos anos.
E que atirou Lisboa para a anarquia urbanística, as negociatas, o atraso e a ruína financeira. Se ainda fosse necessário, os últimos anos provaram que a CDU, é uma força indispensável a Lisboa e que fecha as portas à especulação imobiliária e garante o caminho do progresso. A CDU é a força alternativa porque soma à coerência um projecto alternativo para a cidade.
Numa altura em que os cidadãos de Lisboa se sentem profundamente defraudados com a gestão camarária, é necessário dizer bem alto que é possível sair do lamaçal, mudar de vida. Que há solução para Lisboa – a CDU, com o seu trabalho honestidade e competência.
Aos comunistas e seus aliados da CDU, na cidade de Lisboa, está colocado um difícil mas também aliciante desafio. Conseguir chegar ao coração mas, sobretudo, à razão dos lisboetas, e mostrar-lhes que o voto na CDU é um voto seguro numa política de esquerda para Lisboa; que a CDU não pactua com interesses obscuros e tem como único objectivo tornar a cidade mais humana, justa e solidária; que é o único voto que tem a força da mudança, para mudar de rumo e retirar a cidade da actual situação.
Até ao dia 30 de Maio, este trabalho, tem que deixar passar a tarefa mais prioritária de todas, transformar a greve geral na maior jornada de luta contra a política deste Governo que tanto mal tem feito aos trabalhadores e à população em geral.
Esta forma superior de luta, coloca a todos os comunistas a necessidade do seu empenhamento directo, seja no local de trabalho, esclarecendo e mobilizando os seus colegas, seja no local de residência participando nas muitas tarefas que o êxito da greve geral coloca como necessárias. Com a certeza de que o combate à política do Governo PS é, só por si, o início da campanha eleitoral, que tomará a máxima força logo no início de Junho. Dois combates muito importantes. E para vencer!


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