A inevitabilidade
Seja qual for o estado do tempo económico, seja qual for a temperatura da crise, seja qual for o sentido do vento da retoma, faça chuva ou faça sol, uma coisa é certa: os grandes grupos económicos e financeiros têm, todos os anos, lucros. E sempre superiores aos que tiveram no ano anterior. Trata-se de uma inevitabilidade – isto, segundo a orwelliana novilíngua utilizada pela tropa de choque mediática desses grupos. Neste caso estamos perante uma inevitabilidade de sentido positivo que, por isso mesmo, é necessário divulgar e incensar, assim: no primeiro trimestre deste ano os lucros dos bancos cresceram mais 24% do que em igual período do ano passado.
Também independentemente do tempo, da temperatura ou do vento que sopre, outra coisa é certa: os que trabalham e vivem do seu trabalho vêem, todos os anos, as suas condições de vida e de trabalho agravadas em relação ao ano anterior. Trata-se de mais uma inevitabilidade, desta vez de sentido negativo – ou aparentemente negativo, já que a carga negativa desta segunda inevitabilidade é amplamente compensada pela sobrecarga positiva da primeira, e é assim que se constrói a harmonia, não sei se estão a ver... Como ensina a tal tropa de choque, para que a inevitabilidade positiva exista e cresça, é necessário que a inevitabilidade negativa exista e cresça ainda mais. Ou, dito de outra maneira: para que se cumpra a inevitabilidade de os grandes grupos económicos e financeiros aumentarem todos os anos a sua riqueza, é necessário que se cumpra a inevitabilidade de aumentar todos os anos a exploração de quem produz essa riqueza. Daí a inevitabilidade – ampla e profusamente difundida pelos propagandistas do capital – da estagnação dos salários, do aumento dos géneros de primeira (e segunda, e terceira...) necessidade, do aumento do desemprego e da precariedade do emprego, do aumento da pobreza e da miséria, e de mais uma data de inevitabilidades que, ou são aceites a bem, ou então... com estas coisas não se brinca.
Porque, como nos ensina e adverte a tal tropa de choque mediática, a inevitabilidade é incontestável e ai de quem ouse contestá-la. Acresce que, como também nos é ensinado, a inevitabilidade tem uma filha – mocetona modernaça e p’rá frentex que dá pelo nome de modernidade. E é bom que se saiba que não se deve brincar com a mãe da filha. E muito menos com a filha da mãe.
Também independentemente do tempo, da temperatura ou do vento que sopre, outra coisa é certa: os que trabalham e vivem do seu trabalho vêem, todos os anos, as suas condições de vida e de trabalho agravadas em relação ao ano anterior. Trata-se de mais uma inevitabilidade, desta vez de sentido negativo – ou aparentemente negativo, já que a carga negativa desta segunda inevitabilidade é amplamente compensada pela sobrecarga positiva da primeira, e é assim que se constrói a harmonia, não sei se estão a ver... Como ensina a tal tropa de choque, para que a inevitabilidade positiva exista e cresça, é necessário que a inevitabilidade negativa exista e cresça ainda mais. Ou, dito de outra maneira: para que se cumpra a inevitabilidade de os grandes grupos económicos e financeiros aumentarem todos os anos a sua riqueza, é necessário que se cumpra a inevitabilidade de aumentar todos os anos a exploração de quem produz essa riqueza. Daí a inevitabilidade – ampla e profusamente difundida pelos propagandistas do capital – da estagnação dos salários, do aumento dos géneros de primeira (e segunda, e terceira...) necessidade, do aumento do desemprego e da precariedade do emprego, do aumento da pobreza e da miséria, e de mais uma data de inevitabilidades que, ou são aceites a bem, ou então... com estas coisas não se brinca.
Porque, como nos ensina e adverte a tal tropa de choque mediática, a inevitabilidade é incontestável e ai de quem ouse contestá-la. Acresce que, como também nos é ensinado, a inevitabilidade tem uma filha – mocetona modernaça e p’rá frentex que dá pelo nome de modernidade. E é bom que se saiba que não se deve brincar com a mãe da filha. E muito menos com a filha da mãe.