Rússia acusa Nato de cercar território
O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que o país vai suspender o cumprimento do Tratado sobre Armas Convencionais «até que todos os países da Nato, sem qualquer excepção, o ratifiquem e cumpram, como fez a Rússia».
«A Rússia não aceita a instalação do sistema de mísseis na Polónia e República Checa»
Como consequência imediata, a Rússia passa a não dar seguimento às disposições inscritas no âmbito do acordo de limitação de Forças Convencionais na Europa, subscrito em 1990 entre os dois blocos político-militares então existentes, Nato e Pacto de Varsóvia.
A gota que parece ter feito transbordar definitivamente a paciência de Moscovo nesta matéria é a proposta norte-americana de instalação de um sistema de radares e mísseis de intercepção na República Checa e Polónia, respectivamente, decisão que o presidente considera multiplicar a «ameaça de danos mútuos, e mesmo de destruição mútua».
«Estes sistemas controlarão o território russo até aos Urais se não tomarmos medidas contrárias», sublinhou Putin, que acrescentou tratar-se «não de um simples sistema de defesa», mas parte «do arsenal nuclear norte-americano».
Num discurso perante o parlamento nacional – o último, prometeu depois de praticamente cumprir dois mandatos como chefe de Estado do maior país do mundo – Putin colocou o acento tónico no facto dos países membros da aliança atlântica estarem a «construir bases militares nas nossas fronteiras e, como se não bastasse, planearem albergar elementos do sistemas de defesa antimíssil na Polónia e República Checa».
«Algumas pessoas não hesitam em usar os métodos mais sujos para tentar fomentar o ódio religioso e inter-étnico no nosso país multinacional», acusou ainda Putin para quem, no futuro, cabe aos russos fazer aprovar legislação «mais dura contra as acções extremistas», em clara referência às manobras de desestabilização na Tchechénia e em ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
Num acesso de honestidade e patriotismo que emerge dias depois da morte do seu antecessor na cadeira do Kremlin, Boris Yeltsin, Vladimir Putin lembrou ainda durante a sua intervenção que «há os que, usando uma retórica pseudo-democrática, gostariam de nos ver regressar ao passado recente, alguns deles para saquearem as riquezas nacionais, para roubarem as pessoas e o Estado; outros, para nos tirarem a independência económica e política».
Nato, UE e EUA reagem mal
Quem reagiu mal ao conteúdo do discurso de Vladimir Putin na Duma de Moscovo foi o secretário-geral da Nato, Jaap de Hoop Scheffer. Antes da reunião dos 26 ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, num castelo em Oslo, capital da Noruega, Scheffer sublinhou a importância do acordo – talvez esquecendo que alguns dos seus aliados ainda não ratificaram a revisão feita em 1999, usando para tal como justificação a manutenção de contingentes russos na Geórgia e na Moldávia – e, a quente, chegou mesmo a declarar que iria «pedir explicações à Rússia».
Mais comedida, a chanceler alemã, Ângela Merkel, presidente em exercício da UE até ao final deste semestre, quando Portugal assume a função, colocou água na fervura mas foi avisando que as ameaças «não ajudam».
Já a secretária de Estado da Casa Branca, Condoleezza Rice, qualificou de «absurdas» as declarações de Putin e desvalorizou o receio do presidente russo dizendo que a «ideia de que dez interceptores e alguns radares na Europa de Leste vão ameaçar o poder dissuasor soviético é ridícula».
Rice acrescentou que «o diálogo tem de continuar numa base realista» deixando de parte as «raízes dos anos 80», não se apercebendo que, por descuido, certamente, se referiu às forças armadas da Rússia usando a terminologia de «soviéticas».
A gota que parece ter feito transbordar definitivamente a paciência de Moscovo nesta matéria é a proposta norte-americana de instalação de um sistema de radares e mísseis de intercepção na República Checa e Polónia, respectivamente, decisão que o presidente considera multiplicar a «ameaça de danos mútuos, e mesmo de destruição mútua».
«Estes sistemas controlarão o território russo até aos Urais se não tomarmos medidas contrárias», sublinhou Putin, que acrescentou tratar-se «não de um simples sistema de defesa», mas parte «do arsenal nuclear norte-americano».
Num discurso perante o parlamento nacional – o último, prometeu depois de praticamente cumprir dois mandatos como chefe de Estado do maior país do mundo – Putin colocou o acento tónico no facto dos países membros da aliança atlântica estarem a «construir bases militares nas nossas fronteiras e, como se não bastasse, planearem albergar elementos do sistemas de defesa antimíssil na Polónia e República Checa».
«Algumas pessoas não hesitam em usar os métodos mais sujos para tentar fomentar o ódio religioso e inter-étnico no nosso país multinacional», acusou ainda Putin para quem, no futuro, cabe aos russos fazer aprovar legislação «mais dura contra as acções extremistas», em clara referência às manobras de desestabilização na Tchechénia e em ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central.
Num acesso de honestidade e patriotismo que emerge dias depois da morte do seu antecessor na cadeira do Kremlin, Boris Yeltsin, Vladimir Putin lembrou ainda durante a sua intervenção que «há os que, usando uma retórica pseudo-democrática, gostariam de nos ver regressar ao passado recente, alguns deles para saquearem as riquezas nacionais, para roubarem as pessoas e o Estado; outros, para nos tirarem a independência económica e política».
Nato, UE e EUA reagem mal
Quem reagiu mal ao conteúdo do discurso de Vladimir Putin na Duma de Moscovo foi o secretário-geral da Nato, Jaap de Hoop Scheffer. Antes da reunião dos 26 ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, num castelo em Oslo, capital da Noruega, Scheffer sublinhou a importância do acordo – talvez esquecendo que alguns dos seus aliados ainda não ratificaram a revisão feita em 1999, usando para tal como justificação a manutenção de contingentes russos na Geórgia e na Moldávia – e, a quente, chegou mesmo a declarar que iria «pedir explicações à Rússia».
Mais comedida, a chanceler alemã, Ângela Merkel, presidente em exercício da UE até ao final deste semestre, quando Portugal assume a função, colocou água na fervura mas foi avisando que as ameaças «não ajudam».
Já a secretária de Estado da Casa Branca, Condoleezza Rice, qualificou de «absurdas» as declarações de Putin e desvalorizou o receio do presidente russo dizendo que a «ideia de que dez interceptores e alguns radares na Europa de Leste vão ameaçar o poder dissuasor soviético é ridícula».
Rice acrescentou que «o diálogo tem de continuar numa base realista» deixando de parte as «raízes dos anos 80», não se apercebendo que, por descuido, certamente, se referiu às forças armadas da Rússia usando a terminologia de «soviéticas».