Mais um «título» para Bush!

Pedro Campos
Após quatro meses de estudos, o Lovenstein Institute[1] (Pensilvânia) publicou um relatório sobre o quociente intelectual do inquilino da Casa Branca, coisa que vem fazendo em relação a todos os presidentes desde 1973.
Os resultados não trouxeram nenhuma novidade. George Bush é o presidente com o QI mais baixo da história, 91, exactamente metade dos 182 de Bill Clinton, que mesmo assim fez muita estupidez.
Alguns dos aspectos considerados no estudo foram a sua aparente dificuldade em lidar com a língua materna, um vocabulário reduzido (mais ou menos 6500 palavras contra uma média de 11 mil para os demais presidentes), e as baixas notas escolares.
Por outro lado, segundo diz Werner R. Lovenstein, sociólogo de reconhecida reputação, a avaliação de Bush não foi tarefa fácil, entre outras razões, porque o actual presidente dos Estados Unidos não tem textos ou trabalhos publicados, pelo que foi necessário apoiar-se nas transcrições dos seus discursos.
Contudo, este é só um dos «títulos» de Bush. No sítio do instituto podemos ver que tem uma série de vários outros, alguns muito perigosos: governador com o maior número de execuções; presidente com o maior número de tratados internacionais violados; o primeiro a conseguir que uma maioria de europeus (71%) o visse como a maior ameaça para a segurança do mundo; o primeiro a chegar à Casa Branca com um prontuário criminal e o que se rodeou do maior número de funcionários nas mesmas condições. Por tudo isto, é de esperar que Bush seja capaz de chegar muito mais longe!

Iraque: um beco e sem saída?

Não foi só a estupidez que levou Bush a aplicar o conceito da «guerra preventiva» e a invadir o Iraque por causa das tais armas de destruição maciça, as mesmas que nunca apareceram e que o levaram a mentir na sua mais recente mensagem sobre o Estado da Nação[2]. Todos os estudos sobre esta guerra mostram que as coisas vão de mal a pior. Para David Petraeus, general colocado por Bush no Iraque, «todas as opções são más», mas entretanto a guerra avança.
Do lado agressor[3], os mortos passam dos 3.200 e os feridos são mais de 24 mil, dos quais quase metade – 10 mil – ficaram incapacitados para aquelas actividades e 20% sofre de incapacidade permanente. No dia em que escrevemos estas linhas – 1456 dias depois de Bush ter declarado a “missão cumprida” no Iraque – os custos económicos desta guerra – agora nos 351 mil milhões de dólares – ameaçam chegar aos 532 mil milhões em Dezembro de 2008. Aí terá superado, calculando já a inflação, o custo da guerra do Vietname e converter-se-á na segunda guerra mais dispendiosa para o império, só superada pela II Grande Guerra. Mas ainda há mais ! Para repor o equipamento bélico, o contribuinte norte-americano terá de abrir os cordões à bolsa: 60 mil milhões durante os próximos cinco anos.
Por outro lado, a professora Linda Bilmes, da Universidade de Colúmbia, estima que os tratamentos médicos e as pensões por incapacidade dos veteranos de guerra poderão chegar aos 700 mil milhões de dólares. Contudo, ainda há quem tenha outros cálculos. Joseph Stiglitz, da mesma Universidade e Nobel de Economia, afirma que o «preço real da guerra, incluídos os gastos militares, os custos futuros e o impacto económico relacionado, superará os dois bilhões de dólares». Inteligente o moço de recados do complexo industrial-militar. Não só se meteu na aventura bélica mais longa dos Estados Unidos fora das suas fronteiras, como ainda gostaria de embarca noutra, agora contra o Irão.
Para já, depois do Congresso retirar uma cláusula na lei de gasto militar que exigia que o presidente pedisse licença antes de atacar o Irão, Bush sente-se com as mãos livres. Os especialistas dizem que seria uma saída suicida, mas da inteligência de Bush tudo se pode esperar... até mesmo este tipo de suicídio!

Uma guerra criminal nas mãos de criminosos!

A guerra do Iraque necessita de mais e mais soldados e se não existem recrutas sem prontuário policial, pois venham os delinquentes! Entre 2003 e 2006, mais de 100 mil jovens ingressaram nas forças armadas, apesar do seu cadastro. Mais de 58 mil tinham antecedentes por uso ilegal de drogas e quase 44 mil foram condenados por ofensas graves.
Estes números fazem parte de um relatório do Centro Michael D. Palm, a publicar numa revista da Universidade de Miami, onde se diz que o ingresso de recrutas com passado criminal cresce de ano para ano, tanto no Exército como na Marinha.
Esta situação é resultado da guerra do Iraque e da agressão ao Afeganistão. Legisladores e outros observadores manifestam-se preocupados por que as necessidades da guerra obrigam os serviços militares a baixarem os padrões morais. «Os números são muito claros. As nossas forças armadas – afirma o republicano Marty Meehan – estão sob uma tensão tremenda e a única maneira que encontraram para cumprir com as vagas de recrutamento é baixar os padrões». «Ao baixarmos os padrões, estamos a pôr em perigo as nossas forças armadas e a enviar uma mensagem errada aos potenciais recrutas».
Michael Boucai, um dos investigadores do Palm Center, vê a realidade doutra perspectiva: O problema não é que estejam a entrar ex-condenados, «o verdadeiro problema é que, cada vez mais, os militares fracassam no recrutamento do melhores e mais brilhantes».
Talvez agora seja um pouco mais fácil entender o comportamento da soldadesca imperial no Iraque e não só.


[1] Formado por historiadores, psiquiatras, sociólogos e cientistas
sociais de reputação universal. Visitar http://www.lovensteing.org

[2] Nessa ocasião, mentiu sobre as razões da agressão contra o Iraque e
atirou as culpas sobre o seu amigo Blair.

[3] Segundo a BBC, a agressão ao Iraque já custou a vidas a mais de 650
mil civis e causou mais de 2 milhões de refugiados, mas estes números
parecem impressionar pouca gente.


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