Seis voltam a negociar
RPD da Coreia, EUA, China, Rússia, Japão e Coreia do Sul iniciaram, segunda-feira, em Pequim, a sexta ronda de negociações sobre a desnuclearização da península coreana.
«Baradei confia que Pyongyang convidará brevemente os inspectores da AIEA»
Antes do início dos trabalhos, os representantes norte-americanos cederam e anunciaram o levantamento das sanções financeiras impostas em 2005 contra a Coreia do Norte. Em causa estava o congelamento de cerca de 25 milhões de dólares que o governo de Pyongyang mantinha numa conta do Banco Delta Ásia, com sede em Macau.
O desbloqueamento do dinheiro era uma das condições fundamentais apresentadas pelo executivo liderado por Kim Jong Il para o prosseguimento do diálogo na capital chinesa e para o cumprimento de um dos pontos centrais estabelecidos no último encontro sobre a questão nuclear na península coreana: o encerramento do reactor de Yongbyon.
O processo instaurado pelo Tesouro norte-americano contra a entidade financeira internacional pode, apesar de tudo, não ter ficado concluído com a libertação dos fundos norte-coreanos. No final da semana passada, representantes de Washington e do Delta Ásia alimentaram a polémica em torno de alegadas práticas de lavagem de dinheiro favorecendo a Coreia do Norte, razão invocada pelos EUA para afastarem o banco do sistema financeiro norte-americano nos últimos 18 meses. O recurso aos tribunais é uma das hipóteses que os proprietários do Delta Ásia equacionam. Os norte-americanos não tencionam mostrar clemência perante sectores do capital que afrontem, mesmo que conjunturalmente, os ditames da Casa Branca.
AIEA e RPD da Coreia em sintonia
Quem para já parece estar em sintonia são a Coreia do Norte e o responsável pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Mohamed el-Baradei.
Baradei esteve a semana passada em Pyongyang e da visita resultou um clima de confiança entre as partes. Para além de ter ficado a certeza de que, caso as sanções financeiras fossem levantadas, a RPD da Coreia procederia ao desmantelamento das instalações de Yongbyon, ficou ainda a vontade de cumprir com a palavra dada dentro do prazo inicialmente estabelecido, 13 de Abril.
À chegada a Viena, el-Baradei afirmou ainda confiar que Pyongyang convidará brevemente os inspectores da AIEA a regressarem ao país. Se tal acontecer, acrescentou, a próxima viagem da equipa da AIEA incluirá somente pessoal técnico encarregue de definir as modalidades de monitorização das actividades nucleares.
Manobras e contra-informação
Entretanto, a par das manobras que decorrem ao largo da península coreana envolvendo quase 30 mil militares dos EUA e da Coreia do Sul – operações que a RPD da Coreia condena veementemente porque diz traduzirem um risco de escalada do conflito -, ganha peso a contra-informação numa clara tentativa de pressionar o governo norte-coreano, através da sua criminalização junto da opinião pública mundial.
Neste particular, o executivo japonês assume a dianteira procurando, simultaneamente, ganhar espaço para rever a constituição do país, a qual apresenta uma tendência claramente pacifista.
No dia anterior ao reinicio das negociações a seis em Pequim, o primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, aludiu à necessidade do Japão «criar bases sólidas para a segurança nacional, reforçando ao mesmo tempo a aliança com os Estados Unidos». A declaração, nada inocente, fez-se acompanhar com o exemplo, igualmente pouco cândido, da suposta ameaça que Pyongyang constitui para o arquipélago.
Abe falou mesmo nos «japoneses sequestrados pela Coreia do Norte», mas esqueceu-se de referir que Tóquio sempre se recusou a pedir desculpas públicas ou a indemnizar as famílias das dezenas de milhares de mulheres norte-coreanas usadas como escravas sexuais pelo exército do «sol nascente» durante a II Grande Guerra Mundial.
Para compor a «diabolização» da RPD da Coreia, os conservadores japoneses veicularam, sábado, junto dos órgãos de comunicação social locais, a suspeita de que o governo de Pyongyang seria o promotor do tráfico de anfetaminas na nação asiática. A sustentar a tese, o Japão, cita informações das autoridades policiais e de supostos especialistas das Nações Unidas.
O desbloqueamento do dinheiro era uma das condições fundamentais apresentadas pelo executivo liderado por Kim Jong Il para o prosseguimento do diálogo na capital chinesa e para o cumprimento de um dos pontos centrais estabelecidos no último encontro sobre a questão nuclear na península coreana: o encerramento do reactor de Yongbyon.
O processo instaurado pelo Tesouro norte-americano contra a entidade financeira internacional pode, apesar de tudo, não ter ficado concluído com a libertação dos fundos norte-coreanos. No final da semana passada, representantes de Washington e do Delta Ásia alimentaram a polémica em torno de alegadas práticas de lavagem de dinheiro favorecendo a Coreia do Norte, razão invocada pelos EUA para afastarem o banco do sistema financeiro norte-americano nos últimos 18 meses. O recurso aos tribunais é uma das hipóteses que os proprietários do Delta Ásia equacionam. Os norte-americanos não tencionam mostrar clemência perante sectores do capital que afrontem, mesmo que conjunturalmente, os ditames da Casa Branca.
AIEA e RPD da Coreia em sintonia
Quem para já parece estar em sintonia são a Coreia do Norte e o responsável pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Mohamed el-Baradei.
Baradei esteve a semana passada em Pyongyang e da visita resultou um clima de confiança entre as partes. Para além de ter ficado a certeza de que, caso as sanções financeiras fossem levantadas, a RPD da Coreia procederia ao desmantelamento das instalações de Yongbyon, ficou ainda a vontade de cumprir com a palavra dada dentro do prazo inicialmente estabelecido, 13 de Abril.
À chegada a Viena, el-Baradei afirmou ainda confiar que Pyongyang convidará brevemente os inspectores da AIEA a regressarem ao país. Se tal acontecer, acrescentou, a próxima viagem da equipa da AIEA incluirá somente pessoal técnico encarregue de definir as modalidades de monitorização das actividades nucleares.
Manobras e contra-informação
Entretanto, a par das manobras que decorrem ao largo da península coreana envolvendo quase 30 mil militares dos EUA e da Coreia do Sul – operações que a RPD da Coreia condena veementemente porque diz traduzirem um risco de escalada do conflito -, ganha peso a contra-informação numa clara tentativa de pressionar o governo norte-coreano, através da sua criminalização junto da opinião pública mundial.
Neste particular, o executivo japonês assume a dianteira procurando, simultaneamente, ganhar espaço para rever a constituição do país, a qual apresenta uma tendência claramente pacifista.
No dia anterior ao reinicio das negociações a seis em Pequim, o primeiro-ministro nipónico, Shinzo Abe, aludiu à necessidade do Japão «criar bases sólidas para a segurança nacional, reforçando ao mesmo tempo a aliança com os Estados Unidos». A declaração, nada inocente, fez-se acompanhar com o exemplo, igualmente pouco cândido, da suposta ameaça que Pyongyang constitui para o arquipélago.
Abe falou mesmo nos «japoneses sequestrados pela Coreia do Norte», mas esqueceu-se de referir que Tóquio sempre se recusou a pedir desculpas públicas ou a indemnizar as famílias das dezenas de milhares de mulheres norte-coreanas usadas como escravas sexuais pelo exército do «sol nascente» durante a II Grande Guerra Mundial.
Para compor a «diabolização» da RPD da Coreia, os conservadores japoneses veicularam, sábado, junto dos órgãos de comunicação social locais, a suspeita de que o governo de Pyongyang seria o promotor do tráfico de anfetaminas na nação asiática. A sustentar a tese, o Japão, cita informações das autoridades policiais e de supostos especialistas das Nações Unidas.