Unidos contra a guerra
Centenas de milhares de pessoas manifestaram-se nas principais capitais para exigirem o fim da guerra e ocupação do Iraque. Em Washington, a marcha terminou à porta do Pentágono.
«Nos EUA, a repressão foi tão generalizada quanto os protestos»
Nos EUA, o fim-de-semana foi marcado por jornadas de luta e acções de protesto um pouco por todo o país. O objectivo era assinalar a passagem do quarto aniversário da agressão contra o povo iraquiano e reclamar que a administração Bush retire imediatamente as tropas do território. O clamor generalizado chegou às portas da Casa Branca, em Washington, numa marcha que se estendeu pelas margens do Potomac até ao Pentágono, tal como há 40 anos, quando um mar de gente pediu o fim da intervenção no Vietname.
Apesar das contundentes demonstrações de repúdio, os responsáveis esforçam-se por ignorar a opinião da maioria dos norte-americanos e insistem no prosseguimento das actuais linhas de política externa. Respostas, só na ponta do cassetete. A repressão foi tão generalizada quanto os protestos e centenas de pessoas acabaram a jornada nos calabouços da polícia.
Em São Francisco, mais de 50 manifestantes foram presos quando cortaram uma rua para encenarem um massacre no Iraque. Em Nova Iorque, cenário idêntico mas desta feita frente ao edifício da bolsa de valores da cidade. Em Los Angeles, Louisville e Salt Lake City, as acções contra a guerra foram também acompanhadas de perto pelas forças da autoridade, mas o caso mais grave ocorreu em Portland, no estado do Oregon, onde uma marcha de cerca de 15 mil pessoas foi impedida de continuar com recurso a granadas de gás lacrimogéneo.
Na retina ficam ainda os desfiles em Madrid (400 mil participantes), Barcelona, Sevilha, Valência, Cádis ou Iruña. Roma (Itália), Londres (Grã-bretanha), Seul (Coreia do Sul), Copenhaga (Dinamarca), Atenas (Grécia), Nicósia (Chipre), Istambul (Turquia) e Sidney(Austrália) também figuram no mapa de um mundo que se uniu contra a guerra.
Guerras sem solução
Entretanto, no «teatro de operações», ocupantes e resistência mantêm o braço-de-ferro e os combates tornam cada vez mais evidente que o Iraque se tornou um atoleiro sem solução militar, como admitiu recentemente um alto responsável do exército dos EUA.
Para «brindarem» ao quarto aniversário, norte-americanos e colaboracionistas mandaram executar Taha Yassine Ramadan, o ex-vice-presidente do Iraque, medida que acicatou os ânimos entre os grupos armados gerando nova onda de atentados na capital, Bagdad, e nas principais cidades do país.
A violência indiscriminada continua a acrescentar vítimas entre a população – os números mais crus saldam em mais de um milhão a perda de vidas, entre atingidos directamente pelas balas, bombas e massacres, e os dizimados pela fome e pela doença, isto sem contar com a multidão em fuga para os países vizinhos –, factos que ajudam a compreender as razões que levam a maioria dos iraquianos, 65 por cento segundo uma sondagem da BBC, a considerarem que a situação no país piorou com a invasão, e 78 por cento, ainda de acordo com a cadeia britânica, a indicarem aos militares estrangeiros a porta da rua como a solução mais viável para o conflito.
Acossado e contraditório, Bush dirigiu-se ao povo norte-americano num discurso breve em que apelou à paciência mas, deixando no ar a falsa consternação pelas perdas humanas e sucessivas derrotas militares no terreno, disse ainda acreditar numa saída airosa para os EUA, muito embora tenha avisado que tal acarretará «dias bons e maus», e «muitos meses» até que «o novo plano surta efeito».
No Iraque, uma coligação e respectivos acólitos encerrados nas bases, postos de controlo e embaixadas é cada vez mais a imagem da realidade. Na frente afegã, a Primavera também promete elevar o conflito a níveis até agora não experimentados pelos forasteiros. A procissão ainda vai no adro, ameaça a resistência na Ásia Central, e já a coluna da embaixada norte-americana em Cabul não consegue circular na principal estrada do país. O ataque suicida que atingiu a caravana no caminho para Jalalabad, na qual, dizem fontes oficiais não seguia o embaixador, foi o décimo atentado registrado numa semana.
Apesar das contundentes demonstrações de repúdio, os responsáveis esforçam-se por ignorar a opinião da maioria dos norte-americanos e insistem no prosseguimento das actuais linhas de política externa. Respostas, só na ponta do cassetete. A repressão foi tão generalizada quanto os protestos e centenas de pessoas acabaram a jornada nos calabouços da polícia.
Em São Francisco, mais de 50 manifestantes foram presos quando cortaram uma rua para encenarem um massacre no Iraque. Em Nova Iorque, cenário idêntico mas desta feita frente ao edifício da bolsa de valores da cidade. Em Los Angeles, Louisville e Salt Lake City, as acções contra a guerra foram também acompanhadas de perto pelas forças da autoridade, mas o caso mais grave ocorreu em Portland, no estado do Oregon, onde uma marcha de cerca de 15 mil pessoas foi impedida de continuar com recurso a granadas de gás lacrimogéneo.
Na retina ficam ainda os desfiles em Madrid (400 mil participantes), Barcelona, Sevilha, Valência, Cádis ou Iruña. Roma (Itália), Londres (Grã-bretanha), Seul (Coreia do Sul), Copenhaga (Dinamarca), Atenas (Grécia), Nicósia (Chipre), Istambul (Turquia) e Sidney(Austrália) também figuram no mapa de um mundo que se uniu contra a guerra.
Guerras sem solução
Entretanto, no «teatro de operações», ocupantes e resistência mantêm o braço-de-ferro e os combates tornam cada vez mais evidente que o Iraque se tornou um atoleiro sem solução militar, como admitiu recentemente um alto responsável do exército dos EUA.
Para «brindarem» ao quarto aniversário, norte-americanos e colaboracionistas mandaram executar Taha Yassine Ramadan, o ex-vice-presidente do Iraque, medida que acicatou os ânimos entre os grupos armados gerando nova onda de atentados na capital, Bagdad, e nas principais cidades do país.
A violência indiscriminada continua a acrescentar vítimas entre a população – os números mais crus saldam em mais de um milhão a perda de vidas, entre atingidos directamente pelas balas, bombas e massacres, e os dizimados pela fome e pela doença, isto sem contar com a multidão em fuga para os países vizinhos –, factos que ajudam a compreender as razões que levam a maioria dos iraquianos, 65 por cento segundo uma sondagem da BBC, a considerarem que a situação no país piorou com a invasão, e 78 por cento, ainda de acordo com a cadeia britânica, a indicarem aos militares estrangeiros a porta da rua como a solução mais viável para o conflito.
Acossado e contraditório, Bush dirigiu-se ao povo norte-americano num discurso breve em que apelou à paciência mas, deixando no ar a falsa consternação pelas perdas humanas e sucessivas derrotas militares no terreno, disse ainda acreditar numa saída airosa para os EUA, muito embora tenha avisado que tal acarretará «dias bons e maus», e «muitos meses» até que «o novo plano surta efeito».
No Iraque, uma coligação e respectivos acólitos encerrados nas bases, postos de controlo e embaixadas é cada vez mais a imagem da realidade. Na frente afegã, a Primavera também promete elevar o conflito a níveis até agora não experimentados pelos forasteiros. A procissão ainda vai no adro, ameaça a resistência na Ásia Central, e já a coluna da embaixada norte-americana em Cabul não consegue circular na principal estrada do país. O ataque suicida que atingiu a caravana no caminho para Jalalabad, na qual, dizem fontes oficiais não seguia o embaixador, foi o décimo atentado registrado numa semana.