«Petróleo verde» em crise
Fruto da incapacidade do Governo Regional da Madeira, que não soube investir em infra-estruturas adequadas, de forma a potenciar as capacidades da região, a produção da banana pode ter os dias contados.
As pessoas sabem que não os iremos abandonar
No cima de uma escarpa, que nem o mais corajoso alpinista conseguia alcançar, vemos um homem carregando um enorme vulto às suas costas. Cá em baixo uma carrinha esperava pelo precioso bem, um gigantesco cacho de bananas, que, segundo contas de um amador, poderia pesar uns bons 40 quilos.
Não fosse a visita dos comunistas, que se realizou no sábado, após ter depositado o cacho, o seu trajecto seria, certamente, voltar lá para cima, e carregar outros mais até encher a parte de trás do veículo. Este é o seu dia a dia.
Minutos depois, de foice na mão, utensílio utilizado para cortar os cachos, homens e mulheres iam chegando, para receber a comitiva do PCP que ali chegou, ao concelho da Ponta do Sol, sítio dos Anjos. O verde das bananeiras confundia-se com o de outras culturas, feijão, abóbera, batata, tudo dá por aqueles lados, culpa do micro-clima. Misturado com o som do mar, ouvia-se ainda uma pequena cascata de água a cair por entre as rochas. Uma estufa natural, um clima perfeito para o exercício da agricultura.
«Esta é uma das áreas com maior capacidade e maior qualidade de produção. Tem todas as condições. É uma estufa natural, superior, da mais elevada qualidade, com todas as características para produzir não só a banana, como outros produtos hortícolas», afirmou, sábado, ao Avante!, Edgar Silva, do Comité Central e Coordenador da Organização Regional da Madeira do PCP.
No entanto, existindo todas as condições, o Governo Regional da Madeira (PSD) não foi capaz de fazer, nestes últimos 30 anos, os investimentos necessários nas infra-estruturas de forma a potenciar as capacidades produtivas da região.
«Esta zona tem vários terrenos que estão ao abandono, faltam as condições adequadas para que possam ter capacidade produtiva, para que possam ser rentabilizados», continuou, acentuando que aquela é «uma actividade extremamente penosa, um trabalho duro, violento, que não garante a adequada subsistência das famílias».
Após ter falado com os produtores, onde deu a conhecer a actividade do PCP no Parlamento madeirense, o dirigente comunista denunciou ainda a existência de vários outros problemas, nomeadamente o das cooperativas, que recebem os apoios da União Europeia, fruto de uma gestão errada, demoram cinco meses a entregá-los aos produtores, «o que cria situações desesperantes».
«Ficam endividados nas mercearias, junto dos seus fornecedores, o que tem levado a um endividamento, a uma crise económica e social de grande impacto nos produtores de banana», revelou, responsabilizando o Governo Regional, «que não tem conseguido ser parte interveniente no processo, onde a defesa do interesse e dos direitos dos agricultores deveria estar em primeiro lugar».
Promessas falidas
Edgar Silva alertou ainda para algumas situações de corrupção na utilização do dinheiro dos produtores e para a falta de incentivos à produção regional.
«Os últimos 20 anos significaram o desmantelar de um importante sector produtivo regional», denunciou, informando que, naquela altura, a produção de banana era uma das mais importantes fontes de rendimento regional, com uma produção de 100 mil toneladas.
Actualmente, na Madeira, apenas se produzem 13 mil toneladas. «A promessa era de que com a integração europeia, a produção regional ficaria devidamente salvaguardada. Foram acertados protocolos com as instituições comunitárias no sentido de garantir uma protecção à produção regional. A verdade é que, passados 20 anos, temos exactamente o oposto de tudo o que foi prometido», lamentou o dirigente comunista.
«Isto significa um ataque a um sector produtivo, à agricultara regional, apenas e só para servir os interesses exteriores, para proteger outros interesses que nada têm a ver com a capacidade produtiva do País e com os interesses dos agricultores da Madeira», disse.
Incentivos à produção
Do outro lado está o PCP, que, junto das instituições comunitárias, se tem batido, com apresentação de propostas viáveis, para que se possam dar incentivos directos à produção.
«Temos apresentado propostas muito importantes para que, no quadro dos apoios às regiões ultraperiféricas, a União Europeia garanta o escoamento da produção da banana», assegurou Edgar Silva. Os comunistas exigem ainda apoios directos aos produtores, «vencendo aquelas situações em que os intermediários, que se têm entreposto neste processo, prejudicam os interesses dos produtores».
Para além do Parlamento Europeu, «temos apresentando propostas, no Parlamento Regional, que vão no sentido de se garantirem medidas de promoção da produção agrícola da região». Propuseram ainda que as grandes superfícies comerciais sejam obrigados a garantir que, pelo menos, 30 por cento da comercialização que seja proveniente da Região Autónoma da Madeira.
«Isto era muito importante para garantir incentivos e escoamento à capacidade produtiva nacional», afirmou, acusando a maioria PSD, no Parlamento Regional e Europeu, de não ter «a sensibilidade necessária para privilegiar o interesse nacional e dos produtores portugueses. Tem havido uma cedência muito grande no âmbito das negociações. Outros interesses, outros critérios, exteriores ao País, têm prevalecido.»
Entretanto, o PCP está a crescer na Madeira. Nas zonas onde havia maior desconfiança e onde o Partido não tinha influência, as pessoas começam a confiar nos comunistas. «Estamos a dar os primeiros passos e começa-se a estabelecer uma relação de confiança. As pessoas sabem que não os iremos abandonar, que não lhes vamos virar as costas na luta pelos seus direitos, que são justos», concluiu.
Alertar para problemas de segurança
Os eleitos da CDU na Madeira, em conjunto com as populações, procederam, recentemente, à pintura de uma passadeira de peões junto a um bairro social, onde já haviam ocorrido dois atropelamentos.
Após vários pedidos à Câmara do Funchal para resolver este problema, a situação continuou na mesma, pelo que as populações afectadas, com o apoio da CDU, tomaram a iniciativa de pintar uma passadeira para resolver o problema da segurança rodoviária neste bairro.
A iniciativa de criação desta passadeira, que deveria ser competência da Câmara Municipal do Funchal, teve uma grande participação popular, com cerca de 50 moradores envolvidos nesta acção reivindicativa.
Um dado curioso é que, no dia seguinte, os funcionários da Câmara do Funchal foram ao bairro colocar as placas de sinalização da passadeira, assim reconhecendo o trabalho das populações em conjunto com a CDU.
Não fosse a visita dos comunistas, que se realizou no sábado, após ter depositado o cacho, o seu trajecto seria, certamente, voltar lá para cima, e carregar outros mais até encher a parte de trás do veículo. Este é o seu dia a dia.
Minutos depois, de foice na mão, utensílio utilizado para cortar os cachos, homens e mulheres iam chegando, para receber a comitiva do PCP que ali chegou, ao concelho da Ponta do Sol, sítio dos Anjos. O verde das bananeiras confundia-se com o de outras culturas, feijão, abóbera, batata, tudo dá por aqueles lados, culpa do micro-clima. Misturado com o som do mar, ouvia-se ainda uma pequena cascata de água a cair por entre as rochas. Uma estufa natural, um clima perfeito para o exercício da agricultura.
«Esta é uma das áreas com maior capacidade e maior qualidade de produção. Tem todas as condições. É uma estufa natural, superior, da mais elevada qualidade, com todas as características para produzir não só a banana, como outros produtos hortícolas», afirmou, sábado, ao Avante!, Edgar Silva, do Comité Central e Coordenador da Organização Regional da Madeira do PCP.
No entanto, existindo todas as condições, o Governo Regional da Madeira (PSD) não foi capaz de fazer, nestes últimos 30 anos, os investimentos necessários nas infra-estruturas de forma a potenciar as capacidades produtivas da região.
«Esta zona tem vários terrenos que estão ao abandono, faltam as condições adequadas para que possam ter capacidade produtiva, para que possam ser rentabilizados», continuou, acentuando que aquela é «uma actividade extremamente penosa, um trabalho duro, violento, que não garante a adequada subsistência das famílias».
Após ter falado com os produtores, onde deu a conhecer a actividade do PCP no Parlamento madeirense, o dirigente comunista denunciou ainda a existência de vários outros problemas, nomeadamente o das cooperativas, que recebem os apoios da União Europeia, fruto de uma gestão errada, demoram cinco meses a entregá-los aos produtores, «o que cria situações desesperantes».
«Ficam endividados nas mercearias, junto dos seus fornecedores, o que tem levado a um endividamento, a uma crise económica e social de grande impacto nos produtores de banana», revelou, responsabilizando o Governo Regional, «que não tem conseguido ser parte interveniente no processo, onde a defesa do interesse e dos direitos dos agricultores deveria estar em primeiro lugar».
Promessas falidas
Edgar Silva alertou ainda para algumas situações de corrupção na utilização do dinheiro dos produtores e para a falta de incentivos à produção regional.
«Os últimos 20 anos significaram o desmantelar de um importante sector produtivo regional», denunciou, informando que, naquela altura, a produção de banana era uma das mais importantes fontes de rendimento regional, com uma produção de 100 mil toneladas.
Actualmente, na Madeira, apenas se produzem 13 mil toneladas. «A promessa era de que com a integração europeia, a produção regional ficaria devidamente salvaguardada. Foram acertados protocolos com as instituições comunitárias no sentido de garantir uma protecção à produção regional. A verdade é que, passados 20 anos, temos exactamente o oposto de tudo o que foi prometido», lamentou o dirigente comunista.
«Isto significa um ataque a um sector produtivo, à agricultara regional, apenas e só para servir os interesses exteriores, para proteger outros interesses que nada têm a ver com a capacidade produtiva do País e com os interesses dos agricultores da Madeira», disse.
Incentivos à produção
Do outro lado está o PCP, que, junto das instituições comunitárias, se tem batido, com apresentação de propostas viáveis, para que se possam dar incentivos directos à produção.
«Temos apresentado propostas muito importantes para que, no quadro dos apoios às regiões ultraperiféricas, a União Europeia garanta o escoamento da produção da banana», assegurou Edgar Silva. Os comunistas exigem ainda apoios directos aos produtores, «vencendo aquelas situações em que os intermediários, que se têm entreposto neste processo, prejudicam os interesses dos produtores».
Para além do Parlamento Europeu, «temos apresentando propostas, no Parlamento Regional, que vão no sentido de se garantirem medidas de promoção da produção agrícola da região». Propuseram ainda que as grandes superfícies comerciais sejam obrigados a garantir que, pelo menos, 30 por cento da comercialização que seja proveniente da Região Autónoma da Madeira.
«Isto era muito importante para garantir incentivos e escoamento à capacidade produtiva nacional», afirmou, acusando a maioria PSD, no Parlamento Regional e Europeu, de não ter «a sensibilidade necessária para privilegiar o interesse nacional e dos produtores portugueses. Tem havido uma cedência muito grande no âmbito das negociações. Outros interesses, outros critérios, exteriores ao País, têm prevalecido.»
Entretanto, o PCP está a crescer na Madeira. Nas zonas onde havia maior desconfiança e onde o Partido não tinha influência, as pessoas começam a confiar nos comunistas. «Estamos a dar os primeiros passos e começa-se a estabelecer uma relação de confiança. As pessoas sabem que não os iremos abandonar, que não lhes vamos virar as costas na luta pelos seus direitos, que são justos», concluiu.
Alertar para problemas de segurança
Os eleitos da CDU na Madeira, em conjunto com as populações, procederam, recentemente, à pintura de uma passadeira de peões junto a um bairro social, onde já haviam ocorrido dois atropelamentos.
Após vários pedidos à Câmara do Funchal para resolver este problema, a situação continuou na mesma, pelo que as populações afectadas, com o apoio da CDU, tomaram a iniciativa de pintar uma passadeira para resolver o problema da segurança rodoviária neste bairro.
A iniciativa de criação desta passadeira, que deveria ser competência da Câmara Municipal do Funchal, teve uma grande participação popular, com cerca de 50 moradores envolvidos nesta acção reivindicativa.
Um dado curioso é que, no dia seguinte, os funcionários da Câmara do Funchal foram ao bairro colocar as placas de sinalização da passadeira, assim reconhecendo o trabalho das populações em conjunto com a CDU.