União dos Resistentes Antifascistas Portugueses

Abril está vivo no seio da juventude

«O que está em causa são os valores da democracia e da liberdade. A acção dos estudantes demonstra que não estamos condenados a ver os ideais fascistas a ressurgir, mas sim vêm provar que as sementes de Abril estão vivas no seio da juventude», afirma o Conselho Directivo da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), a propósito dos acontecimentos na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (ver páginas 16 e 17).
A organização lembra que nas últimas semanas foram afixadas mensagens e símbolos de cariz fascista nas paredes da escola e sucederam-se ameaças a alguns estudantes. «O Conselho Directivo e as entidades responsáveis, durante vários dias, não tomaram qualquer medida para resolver estes graves acontecimentos. Nos últimos dias foram, novamente, inscritas mensagens a apelar ao ódio e a promover ideias claramente contrárias à constituição da República Portuguesa, que no seu artigo 46.º, n. 4, proíbe as “organizações que perfilham a ideologia fascista”.»
«Não se podendo manter esta situação, os estudantes da Faculdade de Letras de Lisboa organizaram no dia 15 de Março um mural alusivo ao 25 Abril, que foi pintado no muro onde tinham sido inscritos os símbolos do fascismo. No dia em que se iria pintar o mural, finalmente, o Conselho Directivo decidiu limpar os símbolos e algumas mensagens, talvez por sentir a vergonha de ter indirectamente compactuado com as práticas fascistas», declara a URAP.
«Quando dezenas de jovens antifascistas se preparavam para pintar o mural depararam-se com a presença de um grupo, claramente afecto à ideologia fascista, que tinha como objectivo intimidar os estudantes presentes e demovê-los de continuar a iniciativa. Ainda assim, os estudantes não se desmobilizaram e, numa clara manifestação democrática e de defesa da liberdade, iniciaram a pintura do mural, independentemente dos consecutivos apupos e intimidações dos fascistas. Mais tarde, foram informados pelos elementos da polícia presentes que não poderiam continuar a pintura, alegadamente por o Conselho Directivo da escola não o permitir, ou seja, os que demoraram a tomar medidas, foram os que pretenderam impedir os alunos de defender as conquistas democráticas. Quanto à polícia, em vez de afastar os fascistas, preferiu tentar impedir os democratas de prosseguir a sua actividade. No entanto, os jovens continuaram o mural, e tendo em conta o seu simbolismo, pintaram um cravo no centro da parede», comenta a URAP.
A organização apoiou e promoveu desde o início esta iniciativa porque considerar «ser de extrema importância esta tomada de posição dos alunos. A determinação dos estudantes em defender a constituição e as liberdades honra o nosso passado histórico e dá esperança à luta do futuro.»
«Entretanto tomámos conhecimento que o mural tinha sido vandalizado e que as organizações em causa continuam a agir dentro das paredes da escola. Estes desenvolvimentos e toda a campanha de branqueamento do fascismo que temos vindo a denunciar são preocupantes para todos os portugueses. O que fará agora o Estado português face a este tipo de organizações? Quais serão as medidas a tomar por parte de direcção da Faculdade?», interroga a URAP.


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