1400 pessoas comemoram na Madeira o 86.º aniversário do PCP

Lutar por um futuro melhor

Com determinação e confiança no futuro, mais de 1400 pessoas participaram, sexta-feira, na Madeira num jantar comemorativo do 86.º aniversário do PCP. As Eleições Regionais, que se irão realizar dia 6 de Maio, marcaram, como não podia deixar de ser, esta grandiosa iniciativa. Jerónimo de Sousa, que não pôde estar presente, deixou uma mensagem de esperança aos madeirenses e prometeu ali deslocar-se em Abril.

O reforço do Partido e o crescimento da CDU são condições indispensáveis

Perguntei quantas pessoas tinham já marcado o seu lugar para o jantar que se iria realizar nesse dia para assinalar os 86 anos do PCP. A camarada, de imediato, sacou da calculadora e respondeu: 970. Enquanto folheava os jornais e revistas que se acumulavam em cima de uma mesa, aproveitando o sol da manhã, escutava o barulho de diferentes telemóveis que, interruptamente, não paravam de tocar. «Mais cinco pessoas? Fica combinado», assegurava uma outra camarada. Quando desligou, em desabafo, revelou: «Não sei ainda onde vamos meter tanta gente».
Estávamos na sede do PCP no Funchal. Um edifício magnífico bem no centro da cidade. Lá dentro, vários camaradas, jovens na sua maioria, «rijos» por militância, alinhavavam os últimos preparativos para aquele que foi, até agora, o maior jantar de aniversário do PCP.
Depois de um curto almoço, até porque não havia tempo a perder, outros camaradas juntaram-se aos que ali já estavam. Muito havia ainda por fazer: Tirar fotocópias, juntar as bandeiras do PCP e da CDU, preparar o som, cortar documentos, carregar tudo para as carrinhas.
Passados alguns minutos, metemo-nos num dos carros ainda livres e dirigimo-nos para o local, a Estalagem da Encumeada, Sítio das Freiras – Serra d’Água. Durante o caminho, cerca de 30 quilómetros, para o interior, apreciamos um cenário deslumbrante. O verde é uma constante, fruto das plantações de bananeiras que povoavam as encostas viradas para o mar. No meio, pequenas casas de agricultores, na sua maioria.
Sempre a subir, de costas voltadas para o oceano, passando por túneis e estradas mais ou menos apertadas, chegámos finalmente ao local. As salas estavam já prontas. No entanto, faltava o material que os camaradas traziam nas carrinhas.
À hora marcada, por volta das 20 horas, chegou o primeiro dos vários autocarros, que trouxeram e levaram as pessoas. A pouco e pouco as salas iam ficando compostas. Porque apareceram mais umas centenas de pessoas do que o esperado, outras salas tiveram que ser abertas. Ninguém ficou sem comer e a alegria e determinação daquela gente abrilhantou ainda mais o aniversário do PCP na Madeira.
No final, passava já da meia-noite, surpreendido com a dimensão da iniciativa, comentei com um camarada: «Que grande festa!». Já com um ar cansado respondeu-me: «Agora temos que pensar no 25 de Abril».

CDU o voto que conta!

Visivelmente emocionando, fruto da participação maciça, Edgar Silva começou por lembrar que a Madeira enfrenta uma grave crise económica e social, «que em muito penaliza os trabalhadores e as populações da região».
Segundo o coordenador do PCP na Madeira este «é o resultado de erradas e injustas políticas realizadas pelos governos PS na República e do PSD na Madeira». «Realiza-se esta iniciativa do nosso Partido num tempo que exige tudo de cada um de nós para que, face às próximas Eleições Regionais de 6 de Maio, a CDU se reforce, para que tenha mais votos e deputados. Esta é tarefa nossa, que a todos e a cada um responsabiliza», acentuou.

«Derrubar o jardinismo»

O dirigente comunista garantiu ainda que o crescimento da CDU nas próximas eleições «será a grande novidade e contributo para a alteração da situação política» na Madeira.
«O reforço do nosso Partido e o crescimento da CDU são condições indispensáveis. É a CDU a força em que se pode confiar, e que reúne todas as condições, para um combate com coragem e determinação, para derrubar o “jardinismo”», afirmou.
Estas eleições surgem num quadro de crise económica e social, agravada por uma injustificada crise política.
«Após 30 anos no poder, com repetidas maiorias absolutas, como foi possível, depois de o Governo Regional e o PSD disporem de tanto poder, com tamanhos poderes, depois de tanto dinheiro canalizado para a Madeira, como é possível que Alberto João Jardim tenha empurrado a Madeira para a actual crise?», interrogou-se Edgar Silva, sob fortes assobiadelas, que demonstravam o descontentamento da população perante as políticas de direita daquele partido.
«Como é possível que, depois de tão volumosa ajuda, tenha surgido a crise económica e social?», voltou a perguntar, dando conta dos 200 milhões de euros, nos últimos 20 anos, que a Comunidade Europeia atribuiu à Madeira. «Em vez de os apoios comunitários salvaguardarem a economia regional, antes serviram para garantir as economias de alguns», acusou.

Crise política

Esta ilha, Região de Objectivo I, foi das zonas que mais apoio financeiro recebeu, cerca de 33 por cento, por habitante. «30 anos no Governo deveriam ter sido mais que suficientes para a aplicação de medidas no sentido de garantir o futuro à economia e ao desenvolvimento desta região. Contudo, conduziram ao descalabro dos sectores produtivos, empurrando para a asfixia a economia da Madeira.
Sobre a demissão de Alberto João Jardim, que se efectuou no passado dia 19 de Fevereiro, Edgar Silva frisou que o dirigente do PSD não deveria ter legitimidade para se recandidatar.
«O demitido apresenta-se como candidato. E o despudor é tal que se apresenta em cartaz a prometer “justiça” para os madeirenses. Mas que justiceiro é esse que depois de ter, nos últimos anos, dois mil milhões de euros, vindos da União Europeia, deixa 23 por cento da população na pobreza?», voltou a interrogar, acusando-o ainda de «subir o desemprego, como já não havia memória».
«Vivemos hoje, na Região Autónoma da Madeira, a maior crise política, económica e social das últimas décadas. Uma crise grave, é certo, mas face à qual não podemos capitular. Há que enfrentá-la com coragem e determinação. Assumimos um compromisso que está avalizado, garantindo o que somos e fazemos. Os homens e mulheres que querem a transformação social e política, na Madeira, sabem que podem contar connosco. A CDU é o voto que conta!», concluiu Edgar Silva.

Partido em que se pode confiar

Apesar de estar já pronto para todos os combates, Jerónimo de Sousa por conselho médico, não pôde ir à Madeira, comemorar os 86 anos de vida «de um Partido que sempre esteve ao lados dos trabalhadores e do povo».
Numa mensagem transmitida no local, o secretário-geral do PCP, afirmando que «há mais vida para além desta grande iniciativa», prometeu que em Abril ali se iria deslocar.
«À vossa luta quotidiana tendes que acrescentar mais uma batalha importantíssima, as eleições que ai vêm no próximo dia 6 de Maio. É uma batalha que temos que assumir com muita confiança. O povo madeirense precisa deste Partido, desta CDU, porque é a força que, de facto, garante, em quem se pode confiar», assegurou, convicto de «um bom resultado», «para que exista, também na Madeira, um futuro melhor».


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