Estudo

A vida difícil das estudantes-trabalhadoras

As estudantes-trabalhadoras sentem culpa pelo tempo que tiram à família ao conciliarem o emprego, o estudo e as actividades domésticas, conclui um estudo da autoria de Eva Temudo e Mónica Oliveira, apresentado na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, na sexta-feira.
O documento concluí que homens e mulheres trabalhadores- estudantes enfrentam constrangimentos idênticos por parte das faculdades e das entidades empregadoras, mas na família há diferenças acentuadas entre os dois sexos.
As mulheres continuam a interiorizar a função tradicional de companheiras, mães e dona de casa, enquanto os papéis de trabalhadora e de estudante «são sentidos pela família e por elas próprias como que usurpadores» dessa função tradicional. O mesmo já não acontece quando é o homem trabalhador a decidir voltar a estudar.
«Elas referem mesmo que um homem estudante-trabalhador terá naturalmente um maior apoio da mulher e família, podendo dedicar-se ao trabalho e aos estudos sem esse sentimento de culpa de estar a tirar tempo à família», afirmou a investigadora Eva Temudo à Lusa.
As autoras falam em «situações de grande violência simbólica» devido à «constante referência» à culpa por roubar tempo à família «e nunca ao tempo que roubam a elas próprias, e de que elas até parecem não consciencializar a falta».
Existe uma «divisão de tarefas mulher/homem muito pouco equilibrada entre estudantes-trabalhadoras e seus companheiros», dado que, «apesar da pouca disponibilidade de tempo, é a elas que cabe a gestão da vida doméstica», enquanto eles «ajudam».
«A organização actual das faculdades não está adequada às necessidades dos alunos estudantes-trabalhadores», concluíram Eva Temudo e Mónica Oliveira, o que consideram um paradoxo, «numa altura em que se preconiza a aprendizagem ao longo da vida e a constante actualização de conhecimentos». As autoras defendem alterações nos horários de funcionamento de secretarias, bibliotecas, reprografias, cantinas e atendimento aos alunos e a criação de organização de estruturas de apoio, como creches, jardins-de-infância e ATL. Em relação ao mercado de trabalho, há «má vontade dos empregadores" na aplicação do estatuto de trabalhador- estudante».
O estudo foi feito com base em inquéritos às 1080 alunas da Universidade do Porto que no ano lectivo 2005/2006 tiveram estatuto de estudante-trabalhador. Do total, a maioria era mulheres entre os 25 e os 30 anos.


Mais artigos de: Juventude

Concentração assinala Dia da Juventude

O Dia da Juventude, comemorado a 28 de Março, será assinalado pela Interjovem com uma concentração em Lisboa. Será um Dia Nacional de Luta dos Jovens Trabalhadores.

JCP reeleita para a FMJD

Sob o lema «Vamos reforçar a luta contra a exploração e agressão imperialista, pela paz, solidariedade e transformação social», realizou-se, entre os dias 10 e 13 de Março, a 17.ª Assembleia Geral da Federação Mundial da Juventude Democrática (FMJD), em Hanoi, Vietname.Nesta assembleia participaram cerca de 60...

Juventude em luta para cumprir Abril

O 6.º Encontro Regional de Coimbra da JCP realizou-se no Centro Cultural Recreativo e Desportivo de Verride, no concelho de Montemor-o-Velho, no passado dia 4. «Juventude em Luta para cumprir Abril» foi o lema que juntou cerca de 35 jovens provenientes de vários pontos do distrito.O Encontro Regional começou a ser...

Pelo direito à habitação

A Praça da República, no Porto, foi palco de um protesto da JCP contra a extinção do Incentivo ao Arrendamento por Jovens (IAJ). Na iniciativa – realizada na tarde de segunda-feira – os militantes comunistas montaram tendas, representando as perspectivas habitacionais da maioria dos jovens portugueses. Foram ainda...

Pressões contra abaixo-assinado

Os estudantes do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), em Lisboa, estão descontentes com a situação na escola e lamentam as pressões por parte da direcção.

40 mil deixam escola anualmente

Mais de 40 mil estudantes abandonam a frequência do terceiro ciclo do ensino básico e do secundário, todos os anos, no final do segundo período, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação, na semana passada.Entre 18 e 20 mil alunos deixam a escola no 7.º ano (15 por cento dos inscritos) e entre 20 e 25...