«Os grandes portugueses»
Numa carta enviada ao director de programas da RTP, a Comissão Política do PCP acusa o programa em causa de tentar branquear o fascismo e o ditador Salazar.
Uma repugnante campanha no canal público
O programa/concurso «os grandes portugueses», produzido sob a responsabilidade da RTP e apresentado como destinado a escolher o «maior português de sempre» tem servido de suporte a objectivos que extravasam as intenções e propósitos anunciados.
Mesmo deixando de lado uma restritiva visão que da História se quisesse dar — ao reduzi-la a protagonismos individuais à margem dos processos históricos, sociais, económicos e culturais que em cada época se inseriram — ou a desvalorização do alcance cientifico ou rigor histórico do programa — pela sua apresentação enquanto concurso —, a verdade é que o programa em questão se viu inserido numa campanha com indisfarçáveis fins políticos e ideológicos.
Em torno do programa – e nas dinâmicas que envolveram o seu lançamento, apresentação e desenvolvimento – foi sendo construída, directa e indirectamente, a mais ousada campanha até agora empreendida de branqueamento de Salazar e do regime fascista a que está associado, destinada a promover e defender a figura do ditador, a absolver os seus crimes, que são também os crimes do fascismo e a iludir a natureza do regime e da ideologia que o justificou. Se é certo que uma grande parte desta campanha é externa aos responsáveis do programa, não se pode deixar de anotar que, pelos painéis de comentadores escolhidos para opinarem sobre cada uma das “personagens” e pela construção dos elementos de suporte, esta converge também numa só e única direcção: a banalização de Salazar como mais um grande português, credor de um respeito que o seu papel na história recente em absoluto lho nega.
Ao mesmo tempo a presença de Álvaro Cunhal, entre os «10 finalistas», tem sido aproveitada para dar suporte a uma repugnante campanha orientada para animar a difusão de alegadas simetrias ou semelhanças entre as figuras de Álvaro Cunhal e Salazar — metendo no mesmo saco, insultuosamente, o ditador fascista e o resistente heróico, o carrasco e a vítima, o traidor aos interesses da pátria e o patriota exemplar — para procurar insidiosamente equipar fascismo e comunismo.
A operação que em torno de Salazar há largos meses se desenvolve, dirigida para a apologia e justificação da sua acção e para a valorização da sua personalidade e obra, é inseparável de uma acção mais vasta que, no plano nacional e internacional, visa abrir espaço às forças de extrema-direita e a concepções mais retrógradas. Mais grave se torna verificar que é pela mão da televisão pública que no nosso país se desenvolvem agora linhas de promoção do regime fascista em termos absolutamente incompatíveis com o Portugal democrático.
Tendo em conta que não seria admissível que a RTP se prestasse ao papel de veículo destes objectivos, — tanto mais que a proibição da apologia dos ideais fascistas e dos seus protagonistas constitui um imperativo constitucional a que o serviço público de televisão se deve sentir vinculado — o PCP coloca à Direcção de Programas da RTP a necessidade de uma reavaliação do tratamento que tem sido dado à figura de Salazar e ao papel que o fascismo representou para o nosso país e para o nosso povo.
Mesmo deixando de lado uma restritiva visão que da História se quisesse dar — ao reduzi-la a protagonismos individuais à margem dos processos históricos, sociais, económicos e culturais que em cada época se inseriram — ou a desvalorização do alcance cientifico ou rigor histórico do programa — pela sua apresentação enquanto concurso —, a verdade é que o programa em questão se viu inserido numa campanha com indisfarçáveis fins políticos e ideológicos.
Em torno do programa – e nas dinâmicas que envolveram o seu lançamento, apresentação e desenvolvimento – foi sendo construída, directa e indirectamente, a mais ousada campanha até agora empreendida de branqueamento de Salazar e do regime fascista a que está associado, destinada a promover e defender a figura do ditador, a absolver os seus crimes, que são também os crimes do fascismo e a iludir a natureza do regime e da ideologia que o justificou. Se é certo que uma grande parte desta campanha é externa aos responsáveis do programa, não se pode deixar de anotar que, pelos painéis de comentadores escolhidos para opinarem sobre cada uma das “personagens” e pela construção dos elementos de suporte, esta converge também numa só e única direcção: a banalização de Salazar como mais um grande português, credor de um respeito que o seu papel na história recente em absoluto lho nega.
Ao mesmo tempo a presença de Álvaro Cunhal, entre os «10 finalistas», tem sido aproveitada para dar suporte a uma repugnante campanha orientada para animar a difusão de alegadas simetrias ou semelhanças entre as figuras de Álvaro Cunhal e Salazar — metendo no mesmo saco, insultuosamente, o ditador fascista e o resistente heróico, o carrasco e a vítima, o traidor aos interesses da pátria e o patriota exemplar — para procurar insidiosamente equipar fascismo e comunismo.
A operação que em torno de Salazar há largos meses se desenvolve, dirigida para a apologia e justificação da sua acção e para a valorização da sua personalidade e obra, é inseparável de uma acção mais vasta que, no plano nacional e internacional, visa abrir espaço às forças de extrema-direita e a concepções mais retrógradas. Mais grave se torna verificar que é pela mão da televisão pública que no nosso país se desenvolvem agora linhas de promoção do regime fascista em termos absolutamente incompatíveis com o Portugal democrático.
Tendo em conta que não seria admissível que a RTP se prestasse ao papel de veículo destes objectivos, — tanto mais que a proibição da apologia dos ideais fascistas e dos seus protagonistas constitui um imperativo constitucional a que o serviço público de televisão se deve sentir vinculado — o PCP coloca à Direcção de Programas da RTP a necessidade de uma reavaliação do tratamento que tem sido dado à figura de Salazar e ao papel que o fascismo representou para o nosso país e para o nosso povo.