Crocodilos
Na memória dos últimos dias fica impressivamente marcada a imagem de três crianças, preparadas para dormir no porta bagagem de um carro, na praia de Esmoriz, pronto a arrancar, se outra alternativa não restasse ao avanço do mar - «o sem razão mais forte deste mundo».
As populações que ali vivem, no precário equilíbrio de um mar que pouco sustento dá e que tantas dores de cabeça trás, tiveram dias e noites de sobressalto.
Casas construídas à custa dos parcos recursos ganhos em muitas noites e madrugadas, barracões onde descansam redes, linhas, anzóis e outras artes da pesca que o mar, hoje, não permite – um vida inteira, enfim – tudo está à mercê de alguma investida descontrolada que a maré viva decida trazer.
E, às noites passadas acordadas labutando para uma boa faina, ou em casa pedindo pela volta dos que lhe são próximos, somam-se noites de angústia pedindo para que o mar recue e que nada leve com ele.
PSD e Governo apressaram-se a esgrimir argumentos, um exigindo medidas, outro garantindo que já estão consideradas. Pelo PSD entrou em campo o próprio Marques Mendes, deputado eleito pelo distrito, que «foi ao terreno», acompanhado de um batalhão de jornalistas. Pelo Governo saiu a público o Ministro do Ambiente.
Uns e outros usando a desgraça alheia como arma de arremesso político.
No meio ficam as populações. Que conhecem o problema, que há muito o denunciam, que há muito reclamam soluções, inclusivamente junto de Marques Mendes e de altos responsáveis do PS, antes e depois de cada um deles entrar para o Governo.
Resta saber o que uns e outros, PS e PSD, têm a dizer perante o facto de, pelo menos nos últimos 5 anos, na Assembleia da República, terem impedido que ficassem consagradas no Orçamento de Estado verbas para a realização de um «Programa Especial de Defesa da Costa no distrito de Aveiro», proposta que o Grupo Parlamentar do PCP, honrando os compromissos assumidos, sempre apresentou.
Tal como as populações de Esmoriz, dormem também em sobressalto populações da Praia de Paramos, da Vagueira, tantas outras dos Concelhos de Espinho, Ovar, Murtosa, Aveiro, Ílhavo e Vagos, uma das regiões mais afectadas, pelo avanço do mar.
Há elementos naturais a condicionar a evolução desta situação. Mas a mãe que põe o seu filho a dormir no porta bagagens de um carro, poderia dormir ela mais sossegada se os que hoje choram lágrimas de crocodilo, tivessem apoiado as medidas para evitar a desgraça.
As populações que ali vivem, no precário equilíbrio de um mar que pouco sustento dá e que tantas dores de cabeça trás, tiveram dias e noites de sobressalto.
Casas construídas à custa dos parcos recursos ganhos em muitas noites e madrugadas, barracões onde descansam redes, linhas, anzóis e outras artes da pesca que o mar, hoje, não permite – um vida inteira, enfim – tudo está à mercê de alguma investida descontrolada que a maré viva decida trazer.
E, às noites passadas acordadas labutando para uma boa faina, ou em casa pedindo pela volta dos que lhe são próximos, somam-se noites de angústia pedindo para que o mar recue e que nada leve com ele.
PSD e Governo apressaram-se a esgrimir argumentos, um exigindo medidas, outro garantindo que já estão consideradas. Pelo PSD entrou em campo o próprio Marques Mendes, deputado eleito pelo distrito, que «foi ao terreno», acompanhado de um batalhão de jornalistas. Pelo Governo saiu a público o Ministro do Ambiente.
Uns e outros usando a desgraça alheia como arma de arremesso político.
No meio ficam as populações. Que conhecem o problema, que há muito o denunciam, que há muito reclamam soluções, inclusivamente junto de Marques Mendes e de altos responsáveis do PS, antes e depois de cada um deles entrar para o Governo.
Resta saber o que uns e outros, PS e PSD, têm a dizer perante o facto de, pelo menos nos últimos 5 anos, na Assembleia da República, terem impedido que ficassem consagradas no Orçamento de Estado verbas para a realização de um «Programa Especial de Defesa da Costa no distrito de Aveiro», proposta que o Grupo Parlamentar do PCP, honrando os compromissos assumidos, sempre apresentou.
Tal como as populações de Esmoriz, dormem também em sobressalto populações da Praia de Paramos, da Vagueira, tantas outras dos Concelhos de Espinho, Ovar, Murtosa, Aveiro, Ílhavo e Vagos, uma das regiões mais afectadas, pelo avanço do mar.
Há elementos naturais a condicionar a evolução desta situação. Mas a mãe que põe o seu filho a dormir no porta bagagens de um carro, poderia dormir ela mais sossegada se os que hoje choram lágrimas de crocodilo, tivessem apoiado as medidas para evitar a desgraça.