À mesa
Os jantares de homenagem, em versão regresso ao passado a caminho do futuro, estão na moda. Os comensais tendem agora a ser mais dos mesmos, já que as mesas, de preferência redondas, acolhem de bom grado à esquerda e à direita quem se achega com provas dadas de não cuspir no prato.
Se tudo correu como estava previsto, o Europarque de Santa Maria da Feira, nos arredores do Porto, acolheu ontem uma boa parte «dos maiores empresários e gestores do país» num jantar de homenagem a Mira Amaral – antigo ministro de Cavaco Silva –, que estará a ponderar o seu regresso à actividade política.
A hipótese, é uma maneira de dizer, desse retorno às lides parece entusiasmar sobremaneira os próceres do capital nacional, o que não deixa de ser interessante, sobretudo tendo em conta que o desejado impõe condições para regressar, a saber, que o
próximo líder do PSD seja alguém «em quem acredite» e que faça parte do seu «círculo mais próximo». A não ser assim, Mira Amaral prefere «continuar no sector privado», onde se sente «compensado».
Desconhecendo-se, na altura deste escrito, se a ementa do jantar estimulou o apetite político de Mira Amaral, nada melhor do que passar em revista os pratos que o homenageado já deglutiu desde que em 1975 se iniciou como engenheiro na EDP. O currículo oficial, disponível na Internet, fala por si: técnico no Banco de Fomento Nacional (1979-84); presidente do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (1984-85); responsável da Banca de Investimentos do Grupo BFE (1996); administrador do Banco Português de Investimento, S.A. (Grupo BPI) (1998-2002); presidente da Comissão Executiva do Banco de Fomento, SARL (Maputo); presidente da Comissão Executiva do Banco de Fomento (Luanda) e administrador não executivo do Banco Post (Roménia) (1998-2002); administrador não executivo da CIMPOR - Cimentos de Portugal, SGPS, SA, da UNICER, SA, da VISTA ALEGRE - ATLANTIS, SA, da REPSOL PORTUGAL - Petróleos e Derivados, SA , da TVTEL - Grande Porto, Lda. (1997-2002), da ELECTRICIDADE DE PORTUGAL (2004); administrador da Sociedade Portuguesa de Inovação, AS; membro do “Supervisory Board” da”Lankhorst – Euronete” (Holanda); vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (Nov.2002-Abril 2004); presidente Executivo da Caixa Geral de Depósitos (Abril 2004-Outubro 2004).
Como se isto fora pouco, Mira Amaral, para além de desenvolver actividade académica, foi ainda ministro do Trabalho e Segurança Social (1985-1987), ministro da Indústria e Energia (1987-1995) e deputado à Assembleia da República (1995).
É sabido que para o comum dos mortais os dias têm apenas 24 horas e o corpo não dispensa o sono, por curto que seja. Sabe-se ainda que o dom da ubiquidade não consta do cardápio da humana condição, pelo que estar em mais do que um sítio ao mesmo tempo continua fora do alcance, mesmo com as novas tecnologia. Daí que as datas sejam importantes para perceber o tamanho do gula de Mira Amaral e o desejo de voltar às lides políticas, numa altura em que o próprio diz que «depois do professor Cavaco Silva, José Sócrates aparece claramente como o melhor primeiro-ministro», citando como exemplo das «coisas importantes» feitas pelo actual executivo as investidas na Segurança Social e na Administração Pública.
É por este e por outros vorazes apetites, sempre em nome do progresso, que a fome se senta cada vez mais à mesa dos portugueses.
Se tudo correu como estava previsto, o Europarque de Santa Maria da Feira, nos arredores do Porto, acolheu ontem uma boa parte «dos maiores empresários e gestores do país» num jantar de homenagem a Mira Amaral – antigo ministro de Cavaco Silva –, que estará a ponderar o seu regresso à actividade política.
A hipótese, é uma maneira de dizer, desse retorno às lides parece entusiasmar sobremaneira os próceres do capital nacional, o que não deixa de ser interessante, sobretudo tendo em conta que o desejado impõe condições para regressar, a saber, que o
próximo líder do PSD seja alguém «em quem acredite» e que faça parte do seu «círculo mais próximo». A não ser assim, Mira Amaral prefere «continuar no sector privado», onde se sente «compensado».
Desconhecendo-se, na altura deste escrito, se a ementa do jantar estimulou o apetite político de Mira Amaral, nada melhor do que passar em revista os pratos que o homenageado já deglutiu desde que em 1975 se iniciou como engenheiro na EDP. O currículo oficial, disponível na Internet, fala por si: técnico no Banco de Fomento Nacional (1979-84); presidente do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (1984-85); responsável da Banca de Investimentos do Grupo BFE (1996); administrador do Banco Português de Investimento, S.A. (Grupo BPI) (1998-2002); presidente da Comissão Executiva do Banco de Fomento, SARL (Maputo); presidente da Comissão Executiva do Banco de Fomento (Luanda) e administrador não executivo do Banco Post (Roménia) (1998-2002); administrador não executivo da CIMPOR - Cimentos de Portugal, SGPS, SA, da UNICER, SA, da VISTA ALEGRE - ATLANTIS, SA, da REPSOL PORTUGAL - Petróleos e Derivados, SA , da TVTEL - Grande Porto, Lda. (1997-2002), da ELECTRICIDADE DE PORTUGAL (2004); administrador da Sociedade Portuguesa de Inovação, AS; membro do “Supervisory Board” da”Lankhorst – Euronete” (Holanda); vice-presidente da Caixa Geral de Depósitos (Nov.2002-Abril 2004); presidente Executivo da Caixa Geral de Depósitos (Abril 2004-Outubro 2004).
Como se isto fora pouco, Mira Amaral, para além de desenvolver actividade académica, foi ainda ministro do Trabalho e Segurança Social (1985-1987), ministro da Indústria e Energia (1987-1995) e deputado à Assembleia da República (1995).
É sabido que para o comum dos mortais os dias têm apenas 24 horas e o corpo não dispensa o sono, por curto que seja. Sabe-se ainda que o dom da ubiquidade não consta do cardápio da humana condição, pelo que estar em mais do que um sítio ao mesmo tempo continua fora do alcance, mesmo com as novas tecnologia. Daí que as datas sejam importantes para perceber o tamanho do gula de Mira Amaral e o desejo de voltar às lides políticas, numa altura em que o próprio diz que «depois do professor Cavaco Silva, José Sócrates aparece claramente como o melhor primeiro-ministro», citando como exemplo das «coisas importantes» feitas pelo actual executivo as investidas na Segurança Social e na Administração Pública.
É por este e por outros vorazes apetites, sempre em nome do progresso, que a fome se senta cada vez mais à mesa dos portugueses.