Futuro incerto
Os sindicatos calculam que a reestruturação da Airbus> custará entre cinco e oito mil empregos na Alemanha. Na sexta-feira, 2, cerca de 25 mil trabalhadores do consórcio aeronáutico saíram à rua em protesto.
Reestruturação da Airbus ameaça milhares de postos trabalho
A administração chamou-lhe «Power 8», designação que para os trabalhadores da Airbus é sinónimo de insegurança e risco de despedimento. De concreto apenas se sabe que o consórcio aeronáutico europeu pretende reduzir despesas em cinco mil milhões de euros até 2010 e, a partir daí, dois mil milhões de euros por ano.
A divulgação dos pormenores do plano de reestruturação foi prometida pela empresa para o próximo dia 20. Contudo, o anúncio dos objectivos gerais criou um clima de instabilidade e de indignação nas fábricas germânicas do grupo, que tem sido agravado por constantes «fugas» sobre as intenções do grupo.
Na semana passada, o diário regional alemão Nordwest Zeitung, noticiava que Thomas Enders, co-presidente da EADS (sociedade europeia de aeronáutica e de defesa), a casa-mãe da Airbus s, havia afirmado pretender reduzir 10 mil empregos na Alemanha.
Dias depois, outro diário, o Die Welt, publicou um documento interno da sede francesa em Toulouse, segundo o qual a administração pretende subordinar as fábricas alemãs às suas homólogas gaulesas, passando estas a assegurar todas as tecnologias de ponta.
Em resposta ao «Power 8», a federação sindical IG Metall convocou uma jornada de luta, no final da passada semana, trazendo à rua cerca de 25 mil trabalhadores das sete fábricas da Airbus na Alemanha.
Só na cidade de Hamburgo, onde se situa a maior unidade do grupo, 12 mil trabalhadores paralisaram a laboração para se manifestar em defesa dos seus empregos. Este exemplo foi seguido por três mil outros em Bremen, a que se somaram 1500 manifestantes em Laupheim (Baden Wurttemberg). Na Baixa Saxónia realizaram-se igualmente importantes concentrações em Varel (oito mil trabalhadores), bem como acções de menor dimensão em Stade, Buxtehude e Nordenham.
Ministro solidário
Claramente a reboque dos acontecimentos, e já sob pressão da luta dos trabalhadores, o ministro alemão da Economía e Tecnología, Michael Glos, expressou apoio aos trabalhadores, depois de ter recordado na véspera, no Parlamento, que «parte significativa do plano de investimentos do Ministério de Defesa vão para a EADS», sublinhando assim o direito que assiste ao governo de se pronunciar sobre o plano de encerramento das fábricas alemãs da Airbus.
O ministro reforçou esta posição, no domingo, em artigo no Bild am Sonntag, frisando que o governo «não tolerará os cortes de pessoal previstos» e que a «Alemanha deve continuar a ser base de tecnologia avançada da Airbus, em especial no que respeita ao fabrico de fuselagens», ameaçando cancelar as encomendas do governo à EADS, caso esta deslocalize para França parte da produção aeronáutica.
A crise na Airbus surge num momento em que está em curso uma reorganização do capital da EADS motivada pela redução das participações de dois dos principais accionistas privados: o grupo francês Lagardere ( detentor de 15%) e o alemão DaimlerChrysler (22,5%).
Embora o privado gaulês pretenda vender metade do capital, a França tem assegurada a sua influência no consórcio através da quota de 15 por cento detida pelo Estado. Por seu lado, a posição da Alemanha está dependente da formação de um núcleo de investidores capaz de retomar a parcela que a DaimlerChrysler quer alienar (7,5%), no qual deverão participar, para além do banco público KfW, as regiões federadas de Hamburgo, Bremen e Baixa Saxónia.
A divulgação dos pormenores do plano de reestruturação foi prometida pela empresa para o próximo dia 20. Contudo, o anúncio dos objectivos gerais criou um clima de instabilidade e de indignação nas fábricas germânicas do grupo, que tem sido agravado por constantes «fugas» sobre as intenções do grupo.
Na semana passada, o diário regional alemão Nordwest Zeitung, noticiava que Thomas Enders, co-presidente da EADS (sociedade europeia de aeronáutica e de defesa), a casa-mãe da Airbus s, havia afirmado pretender reduzir 10 mil empregos na Alemanha.
Dias depois, outro diário, o Die Welt, publicou um documento interno da sede francesa em Toulouse, segundo o qual a administração pretende subordinar as fábricas alemãs às suas homólogas gaulesas, passando estas a assegurar todas as tecnologias de ponta.
Em resposta ao «Power 8», a federação sindical IG Metall convocou uma jornada de luta, no final da passada semana, trazendo à rua cerca de 25 mil trabalhadores das sete fábricas da Airbus na Alemanha.
Só na cidade de Hamburgo, onde se situa a maior unidade do grupo, 12 mil trabalhadores paralisaram a laboração para se manifestar em defesa dos seus empregos. Este exemplo foi seguido por três mil outros em Bremen, a que se somaram 1500 manifestantes em Laupheim (Baden Wurttemberg). Na Baixa Saxónia realizaram-se igualmente importantes concentrações em Varel (oito mil trabalhadores), bem como acções de menor dimensão em Stade, Buxtehude e Nordenham.
Ministro solidário
Claramente a reboque dos acontecimentos, e já sob pressão da luta dos trabalhadores, o ministro alemão da Economía e Tecnología, Michael Glos, expressou apoio aos trabalhadores, depois de ter recordado na véspera, no Parlamento, que «parte significativa do plano de investimentos do Ministério de Defesa vão para a EADS», sublinhando assim o direito que assiste ao governo de se pronunciar sobre o plano de encerramento das fábricas alemãs da Airbus.
O ministro reforçou esta posição, no domingo, em artigo no Bild am Sonntag, frisando que o governo «não tolerará os cortes de pessoal previstos» e que a «Alemanha deve continuar a ser base de tecnologia avançada da Airbus, em especial no que respeita ao fabrico de fuselagens», ameaçando cancelar as encomendas do governo à EADS, caso esta deslocalize para França parte da produção aeronáutica.
A crise na Airbus surge num momento em que está em curso uma reorganização do capital da EADS motivada pela redução das participações de dois dos principais accionistas privados: o grupo francês Lagardere ( detentor de 15%) e o alemão DaimlerChrysler (22,5%).
Embora o privado gaulês pretenda vender metade do capital, a França tem assegurada a sua influência no consórcio através da quota de 15 por cento detida pelo Estado. Por seu lado, a posição da Alemanha está dependente da formação de um núcleo de investidores capaz de retomar a parcela que a DaimlerChrysler quer alienar (7,5%), no qual deverão participar, para além do banco público KfW, as regiões federadas de Hamburgo, Bremen e Baixa Saxónia.