EUA bombardeiam Sul da Somália
A aviação norte-americana realizou, segunda-feira, dois ataques aéreos no Sul da Somália. Washington mandou reforçar a presença militar na região do Corno de África.
«Centenas de pessoas saíram à rua para contestar o governo de Ali Gedi»
Um avião de combate e um helicóptero norte-americanos bombardearam, ao final da tarde de segunda-feira, duas localidades no Sul da Somália. A justificação oficial da Casa Branca para ambos os raides aéreos é a necessidade de fustigar alegados grupos da rede terrorista Al- Qaeda supostamente fixados naquele território e a operarem livremente no país.
Rãs Kamboni e Badel foram as cidades fustigadas pelas bombas. Testemunhas oculares citadas por agências internacionais dizem que, na sequência das operações, diversas casas ficaram destruídas e que nas zonas alvo dos ataques são visíveis vários cadáveres. Apesar dos relatos prontamente divulgados, ainda não foi possível apurar o número de vítimas mortais, a existência de feridos e respectivas identidades.
Ao lado da agressão norte-americana contra eventuais membros dos grupos islâmicos somalis, está o presidente do país, Abdullahi Yusuf, o qual manifestou fervoroso apoio à acção.
Em declarações à comunicação social na capital, Mogadiscio, Yusuf afirmou que «os Estados Unidos têm o direito de bombardear suspeitos de terrorismo que atacaram as suas embaixadas no Quénia e Tanzânia», mas esqueceu-se de precisar se os indivíduos castigados pela campanha militar são os responsáveis pelos referidos atentados ocorridos em 1998. Na altura, o então presidente Bill Clinton ordenou semelhante acção assegurando que os responsáveis se encontravam no Sudão.
Porta-aviões reforça contingente
Paralelamente, Washington já começou a mobilizar tropas para reforçar a presença militar na região conhecida como o Corno de África, donde, no final dos anos 90, os soldados yankees tiveram que fugir à pressa corridos pelos autoproclamados senhores da guerra.
No final da semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean Mcormack, confirmou o envio de um porta-aviões para a costa da Somália, unidade que se junta a outros três vasos de guerra fundeados ao largo do país. O objectivo, esclareceu Mcormack, é impedir a fuga por via marítima dos operacionais da Al-Qaeda, mas os apelos constantes ao envio de uma força multinacional de «estabilização» para a Somália podem encontrar nos EUA total disponibilidade.
Quinta-feira da semana passada, em Nairobi, no Quénia, o chamado Grupo Internacional para a Somália, que integra representantes dos Estados Unidos, União Europeia, União Africana, Liga Árabe e Nações Unidas estiveram reunidos para avaliar a situação, mas tardam a apresentar medidas.
Nos últimos dias, também um ministro do executivo somali propôs a unificação do país com a vizinha Etiópia, mas a celeuma levantada pelas declarações parece ter inviabilizado a solução. A Etiópia invadiu a Somália com uma força de cerca de 10 mil homens em apoio ao governo de Mohamed Ali Geli e contra o poder constituído, em Junho, pelas Cortes Islâmicas. A manutenção do contingente etíope parecia ser uma das hipóteses para pôr fim ao conflito no país- porventura menos dispendiosa para norte-americanos e europeus e envolvendo seguramente menos riscos – mas a contestação popular à presença estrangeira obrigou o imperialismo a rever a táctica.
Governo à força
Entretanto, o presidente da Somália, Abdullahi Yusuf, pisou pela primeira vez Mogadiscio desde a sua tomada de posse, em 2004.
No Aeroporto Internacional tinha a recebê-lo o chefe do executivo, Ali Gedi, cabeça de turco do governo, anteriormente sediado em Baidoa, na capital da Somália.
Ali Gedi ainda não foi capaz de esmagar totalmente os grupos fiéis às cortes islâmicas em Mogadiscio. Na capital, continuam os combates entre apoiantes de ambas as facções.
Informações veiculadas sábado dão ainda conta de confrontos entre tropas etíopes e soldados das milícias das Cortes Islâmicas junto à fronteira com o Quénia, nação que encerrou as suas fronteiras temendo a chegada de pelo menos 30 mil refugiados resultantes da violência crescente.
No dia anterior, em Mogadiscio, centenas de pessoas saíram à rua para contestar o governo de Ali Gedi, repudiar a presença estrangeira e exigir que a entrega de armas decretada dias antes seja aplicada em todo o país e não vigore apenas na capital.
A manifestação terminou em confrontos e ao hospital de Mogadiscio chegaram 17 pessoas feridas e dois mortos. Uma das vítimas era um soldado fiel ao governo que morreu quando a granada que se preparava para usar explodiu antes do tempo. A outra vítima foi um jovem de 13 anos baleado durante o protesto.
Rãs Kamboni e Badel foram as cidades fustigadas pelas bombas. Testemunhas oculares citadas por agências internacionais dizem que, na sequência das operações, diversas casas ficaram destruídas e que nas zonas alvo dos ataques são visíveis vários cadáveres. Apesar dos relatos prontamente divulgados, ainda não foi possível apurar o número de vítimas mortais, a existência de feridos e respectivas identidades.
Ao lado da agressão norte-americana contra eventuais membros dos grupos islâmicos somalis, está o presidente do país, Abdullahi Yusuf, o qual manifestou fervoroso apoio à acção.
Em declarações à comunicação social na capital, Mogadiscio, Yusuf afirmou que «os Estados Unidos têm o direito de bombardear suspeitos de terrorismo que atacaram as suas embaixadas no Quénia e Tanzânia», mas esqueceu-se de precisar se os indivíduos castigados pela campanha militar são os responsáveis pelos referidos atentados ocorridos em 1998. Na altura, o então presidente Bill Clinton ordenou semelhante acção assegurando que os responsáveis se encontravam no Sudão.
Porta-aviões reforça contingente
Paralelamente, Washington já começou a mobilizar tropas para reforçar a presença militar na região conhecida como o Corno de África, donde, no final dos anos 90, os soldados yankees tiveram que fugir à pressa corridos pelos autoproclamados senhores da guerra.
No final da semana passada, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean Mcormack, confirmou o envio de um porta-aviões para a costa da Somália, unidade que se junta a outros três vasos de guerra fundeados ao largo do país. O objectivo, esclareceu Mcormack, é impedir a fuga por via marítima dos operacionais da Al-Qaeda, mas os apelos constantes ao envio de uma força multinacional de «estabilização» para a Somália podem encontrar nos EUA total disponibilidade.
Quinta-feira da semana passada, em Nairobi, no Quénia, o chamado Grupo Internacional para a Somália, que integra representantes dos Estados Unidos, União Europeia, União Africana, Liga Árabe e Nações Unidas estiveram reunidos para avaliar a situação, mas tardam a apresentar medidas.
Nos últimos dias, também um ministro do executivo somali propôs a unificação do país com a vizinha Etiópia, mas a celeuma levantada pelas declarações parece ter inviabilizado a solução. A Etiópia invadiu a Somália com uma força de cerca de 10 mil homens em apoio ao governo de Mohamed Ali Geli e contra o poder constituído, em Junho, pelas Cortes Islâmicas. A manutenção do contingente etíope parecia ser uma das hipóteses para pôr fim ao conflito no país- porventura menos dispendiosa para norte-americanos e europeus e envolvendo seguramente menos riscos – mas a contestação popular à presença estrangeira obrigou o imperialismo a rever a táctica.
Governo à força
Entretanto, o presidente da Somália, Abdullahi Yusuf, pisou pela primeira vez Mogadiscio desde a sua tomada de posse, em 2004.
No Aeroporto Internacional tinha a recebê-lo o chefe do executivo, Ali Gedi, cabeça de turco do governo, anteriormente sediado em Baidoa, na capital da Somália.
Ali Gedi ainda não foi capaz de esmagar totalmente os grupos fiéis às cortes islâmicas em Mogadiscio. Na capital, continuam os combates entre apoiantes de ambas as facções.
Informações veiculadas sábado dão ainda conta de confrontos entre tropas etíopes e soldados das milícias das Cortes Islâmicas junto à fronteira com o Quénia, nação que encerrou as suas fronteiras temendo a chegada de pelo menos 30 mil refugiados resultantes da violência crescente.
No dia anterior, em Mogadiscio, centenas de pessoas saíram à rua para contestar o governo de Ali Gedi, repudiar a presença estrangeira e exigir que a entrega de armas decretada dias antes seja aplicada em todo o país e não vigore apenas na capital.
A manifestação terminou em confrontos e ao hospital de Mogadiscio chegaram 17 pessoas feridas e dois mortos. Uma das vítimas era um soldado fiel ao governo que morreu quando a granada que se preparava para usar explodiu antes do tempo. A outra vítima foi um jovem de 13 anos baleado durante o protesto.