Governo faz o mal e a caramunha
Devem ou não ser divulgados os cursos e escolas superiores que conferem licenciaturas com reduzida saída profissional?
A política de direita é a responsável pelo desemprego de licenciados
A esta questão respondem que sim tanto o PS como o PSD e o CDS/PP. Todos, aliás, disputam a paternidade da ideia de publicitar obrigatoriamente tal lista onde constam os cursos e estabelecimentos de onde saem licenciados actualmente no desemprego. O ministro da Ciência e Ensino Superior considerou mesmo em recente entrevista a um matutino ser esta uma medida «útil». E no debate sobre o tema, na passada semana, no Parlamento, suscitado por um projecto de resolução do PSD, em que este advoga o carácter obrigatório da medida, o deputado socialista Manuel Mota assegurou que o Governo procede a diligências para que sejam divulgadas as listas de cursos e universidades no primeiro trimestre de cada ano, a primeira das quais, disse, ocorrerá em Junho de 2007.
«O Governo tem calendarizados os passos para a implementação desta medida, não fazendo este projecto do PSD qualquer sentido», disse o deputado do PS. A mostrar, pois, que a divergência que separa a sua bancada da bancada social-democrata não é de princípio ou de fundo mas sim, e apenas, de calendário e oportunidade.
Posição diametralmente oposta foi a assumida pela bancada comunista, para quem esta publicitação dos licenciados no desemprego é «uma espécie de ranking do avesso». Nestes termos a classificou o deputado comunista Miguel Tiago, que acusou o PSD de avançar com um plano «que vai ao encontro de medidas anunciadas pelo Governo PS».
«O PSD opta por fazer suas as piores políticas do PS», que, por sua vez, «mais não faz senão intensificar as políticas» daquele, observou o deputado do PCP, que acusou ambos de fingirem ignorar as causas do desemprego e os desequilíbrios na formação de quadros superiores, pelas quais são responsáveis.
Lembrados, a este propósito, entre outros factores, foram os anos a fio de «más políticas de ingresso no Ensino Superior», a «proliferação de currículos de formação desajustados da realidade», a «limitação de entrada em determinados cursos, sobrelotando outros», a «política de numerus clausus e de desinvestimento no Ensino Superior».
Por isso a discordância total de Miguel Tiago com a posição quer do PSD quer do PS, que considera estarem irmanados nos mesmos objectivos de «desinvestimento» do Superior e de «destruição do sector produtivo».
«Ao invés de indicar as formas de adaptar os estabelecimentos de ensino às reais necessidades do País e de cuidar o tecido empresarial e produtivo, o PSD propõe exactamente o contrário: não o aproveitamento e maximização do capital humano mas sim o seu total ajustamento às regras do mercado de trabalho», afirmou o parlamentar comunista, que recusou identificar-se com esta visão inteiramente subordinada às «vontades do mercado» sem atender ao desenvolvimento do País.
«O mercado de trabalho não acolhe filósofos, historiadores, geólogos, físicos, químicos, pintores, escultores e professores e ninguém pode dizer que deles o País não necessita quando o nosso défice cultural é acentuado, os nossos recursos geológicos estão ao abandono, a nossa indústria está aquém dos avanços tecnológicos de outros países e o insucesso escolar entre os jovens é flagrante e o maior da União Europeia», sustentou Miguel Tiago.
Caminhos opostos
Foi uma perspectiva da soberania nacional «radicalmente diferente» a que o PCP, em matéria de formação dos quadros superiores, contrapôs à de sujeição às leis do mercado partilhada pelo PS e PSD.
Para Miguel Tiago, a divulgação obrigatória da listagem dos cursos e dos estabelecimentos de ensino de onde provêm os licenciados no desemprego apenas conduz à degradação do Ensino Superior, «intensificando as assimetrias que já hoje se verificam entre instituições, sejam públicas ou privadas».
«O Ensino Superior não é um mero estágio para o trabalho e a escolha do acesso e frequência a um curso não deve ser simplesmente condicionada pelo acolhimento que essa formação tem no mercado de trabalho», afirmou o parlamentar comunista, sustentando que também o «gosto e a opção» são factores que não devem ser ignorados no acesso ao Superior.
Dito foi ainda que «não cabe exclusivamente ao estudante a procura de um curso para garantir emprego», o que significa, do ponto de vista do PCP, que ao Estado cabe também o papel de «intervir na regulação do mercado de trabalho e na criação de alternativas para o emprego».
«O Governo tem calendarizados os passos para a implementação desta medida, não fazendo este projecto do PSD qualquer sentido», disse o deputado do PS. A mostrar, pois, que a divergência que separa a sua bancada da bancada social-democrata não é de princípio ou de fundo mas sim, e apenas, de calendário e oportunidade.
Posição diametralmente oposta foi a assumida pela bancada comunista, para quem esta publicitação dos licenciados no desemprego é «uma espécie de ranking do avesso». Nestes termos a classificou o deputado comunista Miguel Tiago, que acusou o PSD de avançar com um plano «que vai ao encontro de medidas anunciadas pelo Governo PS».
«O PSD opta por fazer suas as piores políticas do PS», que, por sua vez, «mais não faz senão intensificar as políticas» daquele, observou o deputado do PCP, que acusou ambos de fingirem ignorar as causas do desemprego e os desequilíbrios na formação de quadros superiores, pelas quais são responsáveis.
Lembrados, a este propósito, entre outros factores, foram os anos a fio de «más políticas de ingresso no Ensino Superior», a «proliferação de currículos de formação desajustados da realidade», a «limitação de entrada em determinados cursos, sobrelotando outros», a «política de numerus clausus e de desinvestimento no Ensino Superior».
Por isso a discordância total de Miguel Tiago com a posição quer do PSD quer do PS, que considera estarem irmanados nos mesmos objectivos de «desinvestimento» do Superior e de «destruição do sector produtivo».
«Ao invés de indicar as formas de adaptar os estabelecimentos de ensino às reais necessidades do País e de cuidar o tecido empresarial e produtivo, o PSD propõe exactamente o contrário: não o aproveitamento e maximização do capital humano mas sim o seu total ajustamento às regras do mercado de trabalho», afirmou o parlamentar comunista, que recusou identificar-se com esta visão inteiramente subordinada às «vontades do mercado» sem atender ao desenvolvimento do País.
«O mercado de trabalho não acolhe filósofos, historiadores, geólogos, físicos, químicos, pintores, escultores e professores e ninguém pode dizer que deles o País não necessita quando o nosso défice cultural é acentuado, os nossos recursos geológicos estão ao abandono, a nossa indústria está aquém dos avanços tecnológicos de outros países e o insucesso escolar entre os jovens é flagrante e o maior da União Europeia», sustentou Miguel Tiago.
Caminhos opostos
Foi uma perspectiva da soberania nacional «radicalmente diferente» a que o PCP, em matéria de formação dos quadros superiores, contrapôs à de sujeição às leis do mercado partilhada pelo PS e PSD.
Para Miguel Tiago, a divulgação obrigatória da listagem dos cursos e dos estabelecimentos de ensino de onde provêm os licenciados no desemprego apenas conduz à degradação do Ensino Superior, «intensificando as assimetrias que já hoje se verificam entre instituições, sejam públicas ou privadas».
«O Ensino Superior não é um mero estágio para o trabalho e a escolha do acesso e frequência a um curso não deve ser simplesmente condicionada pelo acolhimento que essa formação tem no mercado de trabalho», afirmou o parlamentar comunista, sustentando que também o «gosto e a opção» são factores que não devem ser ignorados no acesso ao Superior.
Dito foi ainda que «não cabe exclusivamente ao estudante a procura de um curso para garantir emprego», o que significa, do ponto de vista do PCP, que ao Estado cabe também o papel de «intervir na regulação do mercado de trabalho e na criação de alternativas para o emprego».