Solidários, sempre!

Vasco Cardoso
Dez meses depois, o governo da República Checa - RCH, confirmou aquilo que já havia anunciado no início do ano e informou a KSM – Juventude Comunista da República Checa – da sua ilegalização. O «democrático» governo deste país, que é membro da não menos «democrática» União Europeia e da NATO, invocou na sua decisão, o carácter anticonstitucional de um dos objectivos dos jovens comunistas – a substituição da propriedade privada dos meios de produção pela propriedade colectiva dos mesmos.
O facto de não se tratar de uma surpresa, não diminui em nada a gravidade e os perigos desta decisão, o seu carácter anti-comunista e anti-democrático, os seus contornos fascistas, a sua natureza de classe – aliás bem patente no principal motivo invocado.
Nesta Europa do Capital, onde a concentração da riqueza atinge dimensões obscenas arrastando milhões de trabalhadores para o desemprego, a precariedade e a miséria, onde de forma acelarada, se procuram liquidar direitos humanos privatizando os sistemas públicos de educação, saúde e segurança social, onde a crescente escalada militarista envolve os povos da Europa nas agressões imperialistas, ganham cada vez maior significado as crescentes medidas de criminalização e perseguição das forças democráticas e revolucionárias.
Esta medida, quer na RCH quer na Europa, está longe de ser uma atitude isolada, representa antes, um ensaio concreto - num dos países onde a recuperação capitalista e contra-revolucionária foi mais profunda - para a aplicação futura de medidas semelhantes, a começar pelo Partido Comunista da Boémia-Morávia. Para os Comunistas e Democratas, para os povos, aqui está um sinal bem claro, para perceber até onde o Capital está disposto a ir neste momento.
Portugal não é excessão. O PCP combate hoje uma Lei dos Partidos e uma Lei do Financiamento dos Partidos, feitas à medida do PCP para criar dificuldades à sua intervenção. Nos locais de trabalho, aumenta a repressão e perseguição dos membros dos sindicatos. Nas ruas, crescem as limitações à liberdade de expressão e propaganda. Nos tribunais, multiplicam-se processos tentando criminalizar a luta. Nos bastidores, PS e PSD – num projecto que visa liquidar a Constituição- cozinham alterações às leis eleitorais para diminuir a representação e acção institucional do PCP. Na comunicação social, acusa-se o Partido de ter relações com organizações que o imperialismo alcunha de «terroristas» – como aconteceu com as FARC.
Ganha pois, redobrada actualidade, a solidariedade internacionalista com todos os povos em luta e com as organizações e Partidos de todo o mundo, que se afirmam comunistas, revolucionários e patrióticos. Nunca como agora, se torna tão urgente a defesa do regime democrático e da Constituição de Abril.
Por fim, esta escalada repressiva demonstra também, quão necessário é, termos um Partido marxista-leninista, que não abdica nem da sua prática revolucionária nem do seu projecto transformador da sociedade – incluindo a natureza da propriedade dos principais meios de produção- rumo ao socialismo. Um Partido organizado, disposto a lutar, sejam quais forem as circunstâncias que os seus inimigos lhe imponham.


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