Os descartados
Não há nada mais deplorável dos que os ex da política, retirados em saídas de leão para disfarçar as andanças de sendeiro, e sempre à coca de qualquer oportunidade, pífia que seja, para aquecer vaidades à luz efémera da ribalta.
O caso é particularmente confrangedor no que toca aos ditos renovadores, vulgo ex-comunistas, que esgotados os escassos momentos da fama – o tempo exacto de cumprir o papel que lhes está reservado pelos serventuários do capitalismo e logo descartados quando mirrado o filão virtual que é suposto representarem – são as mais das vezes votados ao esquecimento ou, na melhor das hipóteses, remetidos ao papel decorativo de tertúlias mais ou menos selectas, mais ou menos restritas, de pseudo intelectuais serôdios que têm o horizonte no umbigo.
Vem isto a propósito de uma recente entrevista de Carlos Brito, em que o antigo dirigente político debita sobre o estado do País em geral e – surpresa! – do PCP em particular, aproveitando o ensejo – surpresa! surpresa! – para criticar o desempenho de Jerónimo de Sousa e do Partido.
Que a intervenção do PCP, «animosa e combativa», parece muitas vezes a de uma central sindical, sempre a «reivindicar e a protestar», mas sem uma «solução de governação» – diz Brito, deixando adivinhar o desalento de tanto protesto rimar mal com as cadeiras de S. Bento.
Que o secretário-geral, «animoso e combativo», fica «aquém daquilo que se pede a um líder» – diz Brito, lamentando que as sortes tenham saído furadas.
Que Jerónimo de Sousa não dá a ideia de que «o partido tem respostas credíveis e aceitáveis para a governação» – diz Brito, a dar a ideia como o poder pode não só ser sedutor como seduz mesmo.
Que a Jerónimo de Sousa falta «uma chama ideológica, uma aspiração grande em relação ao futuro e um grande ideal» – diz Brito, esquecido já das gavetas onde o marxismo-leninismo devia ter sido discretamente enterrado, a troco de um ou outro ministério e de uma ou outra secretaria de Estado.
Do alto do seu reduto de Alcoutim, Brito considera que «não há à esquerda e á direita nenhuma perspectiva de governação que seja credível para um futuro melhor», entende que «Cavaco Silva não é um inimigo da democracia», apoia o MIC e diz sentir-se «amargurado por não ter sido compreendido» pelo PCP.
Do seu retiro de Alcoutim, Brito não achou outra tribuna para debitar os seus pontos de vista a não ser O Diabo, onde teve direito a chamada de primeira página, a par de Guilherme Silva e Alberto João Jardim. Pois é, ser ex já deu o que tinha a dar.
O caso é particularmente confrangedor no que toca aos ditos renovadores, vulgo ex-comunistas, que esgotados os escassos momentos da fama – o tempo exacto de cumprir o papel que lhes está reservado pelos serventuários do capitalismo e logo descartados quando mirrado o filão virtual que é suposto representarem – são as mais das vezes votados ao esquecimento ou, na melhor das hipóteses, remetidos ao papel decorativo de tertúlias mais ou menos selectas, mais ou menos restritas, de pseudo intelectuais serôdios que têm o horizonte no umbigo.
Vem isto a propósito de uma recente entrevista de Carlos Brito, em que o antigo dirigente político debita sobre o estado do País em geral e – surpresa! – do PCP em particular, aproveitando o ensejo – surpresa! surpresa! – para criticar o desempenho de Jerónimo de Sousa e do Partido.
Que a intervenção do PCP, «animosa e combativa», parece muitas vezes a de uma central sindical, sempre a «reivindicar e a protestar», mas sem uma «solução de governação» – diz Brito, deixando adivinhar o desalento de tanto protesto rimar mal com as cadeiras de S. Bento.
Que o secretário-geral, «animoso e combativo», fica «aquém daquilo que se pede a um líder» – diz Brito, lamentando que as sortes tenham saído furadas.
Que Jerónimo de Sousa não dá a ideia de que «o partido tem respostas credíveis e aceitáveis para a governação» – diz Brito, a dar a ideia como o poder pode não só ser sedutor como seduz mesmo.
Que a Jerónimo de Sousa falta «uma chama ideológica, uma aspiração grande em relação ao futuro e um grande ideal» – diz Brito, esquecido já das gavetas onde o marxismo-leninismo devia ter sido discretamente enterrado, a troco de um ou outro ministério e de uma ou outra secretaria de Estado.
Do alto do seu reduto de Alcoutim, Brito considera que «não há à esquerda e á direita nenhuma perspectiva de governação que seja credível para um futuro melhor», entende que «Cavaco Silva não é um inimigo da democracia», apoia o MIC e diz sentir-se «amargurado por não ter sido compreendido» pelo PCP.
Do seu retiro de Alcoutim, Brito não achou outra tribuna para debitar os seus pontos de vista a não ser O Diabo, onde teve direito a chamada de primeira página, a par de Guilherme Silva e Alberto João Jardim. Pois é, ser ex já deu o que tinha a dar.